O "Portal da Cantareira" é a denominação usada para designar as fachadas remanescentes do antigo Estaleiro da Companhia Cantareira e Viação Fluminense, denominado Oficinas Rodrigues Alves, em terreno fronteiro ao Campus da Universidade Federal Fluminense, no bairro de São Domingos.

A história do Estaleiro da Cantareira começa ao final do século XIX. A partir de 1890, por uma década, a Companhia Cantareira obteve o monopólio da travessia marítima. Contudo, a Revolta da Armada trouxe grandes prejuízos, resultando na falência da empresa. A situação foi resolvida quando seu maior acionista, o Visconde de Moraes, foi escolhido presidente e deu início a uma fase de inovações e melhoramentos.

Foi neste contexto de "modernizações" que, em 1906, inaugurou-se o "Estaleiro e Officina da Cia. da Cantareira". Ele serviu, durante muitos anos, para fazer consertos e reparos das embarcações, até que, em 1954, o monopólio de transporte passou às mãos do Grupo Carreteiro. A empresa mantinha baixo padrão de serviços oferecidos ao mesmo tempo que as tarifas não cessavam de subir. A insatisfação popular aumentava a cada dia, até que, em 22 de maio de 1959, houve uma grande revolta popular, a Revolta das Barcas, incendiando-se a Estação Cantareira e seus anexos.

Diante desses distúrbios, o Governo Federal decretou a desapropriação dos bens da empresa responsável e as edificações da Estação da Cantareira passaram a fazer parte do Serviço de Transporte da Baía da Guanabara (STBG). Contudo, as constantes crises econômicas fizeram que, em 1977, os encargos desta atividade fossem transferidos, definitivamente, à administração estadual.

Em 1979, a Estação da Cantareira passou a ser administrada pela Conerj-Companhia de Navegação do Estado do Rio de Janeiro, que, em 1994, cedeu o imóvel à Prefeitura de Niterói, sob forma de comodato, com a finalidade de ser instalado um centro de atividades culturais permanentes e eventos programados. o prédio passou por intensa restauração para reconstituir o edifício e adaptá-lo, passando a abrigar um espaço cultural improvisado, a Estação Livre Cantareira, que viu surgir movimentos culturais importantes na cidade como Movimento Pop Goiaba e Arariboia Rock, gerando uma forte vida cultural e boêmia que reforçou a revitalização do bairro de São Domingos. O prédio passou depois a peretencer à empresa concessionária Barcas S/A, embora não tivesse sido originalmente arrolado nos bens transferidos na privatização da Conerj, que a sublocou a uma boate.

Em 2022, a prefeitura de Niterói desapropriou a Estação Cantareira com o objetivo de sediar um Distrito Criativo, que irá promover o desenvolvimento de atividades de Economia Criativa, e terá uma Escola para formação e capacitação com destaque para o audiovisual e a gastronomia. O Decreto Nº 14.645/22 declarou o imóvel como de utilidade pública.

Arquitetura

O Portal da Cantareira é composto por três fachadas em alvenaria de tijolo maciço com revestimento de argamassa à maneira estereotômica - corte para encaixe de pedra. Seu frontispício é fortemente marcado pela simetria - um corpo central de dois andares encimado por um frontão de inspiração livre, com escultura alegórica em concreto armado. Neste corpo central abrem-se dois vãos de janelas no piso superior e um vão mais amplo no térreo. Esta parte central é destacada do restante da composição linear - dois lados dotados de tramos com janela em arco pleno no primeiro andar e de janela retangular no segundo andar.

A Prefeitura Municipal de Niterói tombou o bem, situado à Rua Alexandre Moura, 2 - São Domingos, através da Lei nº 1.063/92, em 6 de maio de 1992.


Fotos recentes de Leo Zulluh



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Publicado em 15/03/2013

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