Tombamento federal em 20/05/1938
Processo nº 162-T-38, inscrição nº 73 no Livro das Belas Artes, fl.37 e inscrição nº 247 no Livro Histórico, fl. 14

Avenida Quintino Bocaiúva, s/nº - São Francisco

Em 1659, quando foi feita a medição das terras dos índios da aldeia de São Lourenço, constava nas "terras do Saco" uma fazenda do Capitão Mateus Antunes. Seu sobrinho e herdeiro teria doado ou vendido, no período de 1659 a 1696, parte ou toda a fazenda aos jesuítas, que implantaram uma fazenda de gado e construíram uma ermida. Em 1730, o Ouvidor Manuel da Costa Mimoso realizou o tombamento das terras da Fazenda do Saco, a pedido do padre-reitor Antônio Cardoso, do Colégio dos Jesuítas. Feitas as medições, fincou o peão de terras, próximo à subida do outeiro.

Com a expulsão dos jesuítas de Portugal e de suas colônias, em 1759, os bens da Ordem foram confiscados e vendidos em leilão público. Com a lei provincial de janeiro de 1869, o templo e as terras adjacentes foram desapropriados, destinando parte da área para a construção de uma praça pública e do cemitério local. Por ocasião da Proclamação da República, o governador do Rio de Janeiro, através da Portaria de 08/05/1891, entregou a capela e seu patrimônio às autoridades eclesiásticas.

Construída entre os anos de 1662 e 1696, seu projeto tem autoria atribuída ao jesuíta Irmão Lourenço Gonçalves, tendo em vista as similaridades encontradas nas características arquitetônicas da ermida com outras obras de autoria comprovada daquele construtor que, neste período, se encontrava no Rio de Janeiro.


Revista 'Vida Doméstica', abril 1925


A Igreja de São Francisco é um interessante exemplar da arquitetura jesuítica. O templo traz características da arquitetura religiosa rural, empregada pelos jesuítas que, tão logo aportaram no Brasil, trataram de fundar aldeamentos nos lugares mais longínquos deste país. Construído em alvenaria de pedra e cal, o templo possui uma nave única com púlpito lateral, hoje destituído de acesso, e capela-mor ao fundo, na qual se encontra o altar de madeira contendo uma pintura alegórica.

Sua fachada principal apresenta uma única porta de verga reta, ladeada por duas pequenas janelas e encimada por outra de igual proporção ao nível do coro. Uma torre sineira, de pequena altura, encontra-se disposta entre o corpo da nave e a casa dos padres, a qual envolve toda a edificação religiosa. Seu coroamento se faz por uma simplificação de frontão triangular, guarnecido por telhas capa-e-canal. Essa fachada foi amplamente alterada no final do século XIX, tendo sido restaurada a sua fisionomia original, em 1937, pelo IPHAN.

Na fachada dos fundos, voltado para o nascente, e na lateral, ao norte, a igreja possui dois relógios de sol, com as insígnias da Companhia de Jesus. O templo guarda ainda objetos raros tais como: a pia batismal feita por índios - de forte influência da cerâmica tamoia - o púlpito, composto por grossos balaústres de madeira torneada e um armário de jacarandá, esculpido com a data de 1696. Completando o conjunto de relíquias existentes, pode-se ressaltar o marco de pedra da medição das terras, fincado em 1730, à subida do outeiro, e hoje parcialmente danificado.

Tendo em vista o seu valor histórico e arquitetônico para a preservação da memória da história colonial, o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, tombou a Igreja de São Francisco Xavier, incluindo o outeiro onde a ermida está situada e o antigo marco jesuítico localizado em seu sopé, através do processo n°. 162-T-38, inscrição 73, Livro das Belas Artes, Vol.1, fl.14, em 20/05/1938.


Fonte: "Niterói Patrimônio Cultural", editado pela SMC/Niterói Livros em 2000.

Leia mais:
Paróquia de São Francisco Xavier, por Monsenhor Antônio Macedo (1977)
Igreja de São Francisco Xavier de Niterói, por Noronha Santos (1937)


Fotos recentes de Leo Zulluh









Publicado em 12/11/2013

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