O artista plástico e fotógrafo Antonio Gonzaga Amador lança a mostra "Açúcar", com curadoria de Desirée Monjardim, no próximo dia 19 de julho, às 19h, na Sala José Cândido de Carvalho, onde fica em cartaz até o dia 15 de agosto de 2016.

Composta por cerca de 20 fotografias, como representações e estimativas relacionadas ao açúcar, que se amalgamam ao performático, ao desenho de matriz conceitual e à abstração geométrica, a exposição leva a um diálogo crítico sobre produções cientificas modernas e contemporâneas relacionadas ao açúcar e a diabetes. Por viver à espreita da glicose em seu sangue, o artista parece consubstancial ao próprio açúcar e às dinâmicas sociais que o possibilitam amplamente.


Máquina de movimento perpétuo, a diabetes e a produção do açúcar. Não quero comprovar a linha que inicia estas poucas palavras aqui. Desejaria escapar a essa responsabilidade; são esses trabalhos de Antonio que me trouxeram até ela. Só se fosse o caso de medir o açúcar pelo gosto que deixa na minha língua. Mas convivo com Antonio e já o vi de três em três horas se alimentar e medir seu índice glicêmico. Me parece impossível não associar, num contínuo, o consumo do açúcar e sua distribuição quando se tem de medir-se afim de encontrá-lo em si.

Por viver à espreita da glicose em seu sangue, Antonio me parece consubstancial ao próprio açúcar e às dinâmicas sociais que o possibilitam amplamente. Só assim sua figura recorrente em fotografias e sangue sobre papéis me oferece leitura. Antonio é um só com os cortadores de cana em condições análogas à escravidão, que, por sua vez, são um só com o rótulo que vejo ensacar as quantidades refinadas que uso como adoçante mensalmente. Mas essa coligação vai além e, em seu procedimento artístico, em claro diálogo crítico com certas produções modernas e contemporâneas, representações científicas e estimativas relacionadas ao açúcar se amalgamam ao performático, ao desenho de matriz conceitual, à abstração geométrica. Consubstancial às dinâmicas sociais mais doces se coloca então este artístico que, já não mais seguramente distante em etnia e sujeição como nos momentos de impulso etnográfico, hoje se encontra em união irrevogável com aquele que poderia ser seu outro, mas que agora é seu agente ou saqueador.

Jandir Jir.
Artista Visual, Graduado em Artes Visuais/Escultura na EBA/UFRJ e na
Universidade das Quebradas pelo PACC/UFRJ






Serviço

Exposição "Açúcar", de Antônio Gonzaga Amador
Curadoria: Desireé Monjardim
Abertura: 19 de julho, terça-feira, às 19h
Visitação: Até 15 de agosto, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h
Entrada Franca

Local: Sala José Candido de Carvalho
Endereço: Rua Presidente Pedreira, 98, Ingá-Niterói
Informações: 2719-9639


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Publicado em 12/07/2016

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