Com a curadoria de Desirée Monjardim, a Prefeitura de Niterói, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Arte de Niterói (FAN), convida para a exposição "A Busca em Aberto", de Claudio Gabriel, na Sala José Cândido de Carvalho, que fica na sede da Secretaria, no Ingá.

A exposição, que reúne 15 telas em acrílico do artista e pode ser visitada até o dia 26 de agosto, de segunda a sexta, das 09h às 17h, procura demonstrar a construção desenvolvida ao longo da carreira de Claudio, que vai migrando paulatinamente da abstração para uma pintura figurativo-objetal, que se ancora, definitivamente, nas figuras humanas.

A Vernissage será na terça-feira, 30 de julho, às 19h.

    "Muito distante dos objetos minimalistas cujo conceito se ancora em predicados do slogan: 'What you see, is what you see', a obra de Claudio Gabriel tem a intenção de nos remeter a um estado associado de compreensão da existência. A presença de fragmentos do mundo, somados às expressões psicológicas e à intensidade das cores, fornece-nos a certeza de habitarmos um mundo plural, absolutamente adverso. As lacunas de silêncio, expressas nas suas pinturas, não são suficientes para descontinuar nossa visão, para ignorar as áreas de preenchimento. As pausam estendem a dor do que já foi visto intensificando-as, como nas composições musicais de John Cage. É a “busca em aberto”, cujo princípio é definido na justaposição dos processos artísticos existentes em consonância com as ações do corpo."

    José Bosco Millen


A busca em aberto

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As primeiras reflexões sobre o processo de pintura do artista multimídia Claudio Gabriel datam do ano de 2010. A imersão intensa e as experiências sucessivas com o fazer pictórico, incentivadas pelo professor João Magalhães e desenvolvidas sob a supervisão dos artistas Bruno Miguel e Luiz Ernesto na Escola de Artes Visuais, no Parque Lage, do Rio de janeiro, fizeram com que suas pontuações no campo das Artes Plásticas fossem aprimoradas nos últimos três anos. Evidentemente que o senso estético intrínseco à personalidade do ator, seguido do aprimoramento técnico no campo das Artes Visuais, são levados em conta no trabalho ininterrupto de Claudio.

A produção do artista, no entanto, está nitidamente desenvolvida em três tempos distintos até os trabalhos atuais. Os primeiros quadros evidenciam camadas generosas de tintas sobrepostas que resultam em densas composições de volume e materialidade. No campo pictórico, a cor acentuada é posta sem nenhuma preocupação com forma e resultado, mas sugere ao nosso imaginário um pintor, em formação, em processo de amadurecimento. São pinturas cujos princípios devem-se ao domínio técnico, aos estudos, se couber classificação. As necessidades da experiência nessa etapa imperam sobre todas as outras. Trata-se de um primeiro contato entre criatura e criação, cuja etapa é imperativa no processo do fazer artístico, a necessidade recai sobre qualquer outra possibilidade, visto que inexiste a preocupação formal.





A segunda sequência de quadros caracteriza-se pelas substituições das abstrações por objetos variados, não seriados. Essa etapa do pensamento do artista ancora-se na produção de pinturas figurativas, passível de se observar um olhar sequenciado, ininterrupto. As figuras seguem o processo de desenvolvimento e povoam os quadros, que são ocupados por inteiro: aviões, hélices, memórias de personagens do teatro, dispostos nas telas, evidenciando-se sem adereços. Um expectador atento nessa fase pode observar nas obras de Cláudio fenômenos que permearão as obras de produções posteriores, visto que surgem elementos de ligação entre as primeiras e as últimas produções do artista, muito embora surjam elementos figurativos dispostos na tela de formas aparentemente aleatórias, mas que nos fornecem a possibilidade de construirmos nossas próprias histórias.

As últimas e mais elaboradas pinturas constituem-se como a terceira etapa do artista. Os seres humanos apresentam-se concretamente ou subjetivamente encapsulados em capacetes que sugerem umas espécies de êmbolos, objetos asfixiantes, os quais provocam sensação de clausura dos seres representados, naturalizando estados de silêncio sepulcrais. Mas, é claro, que esse estado angustiante é uma resultante final dos personagens desenvolvidos por Cláudio, representam projeções e identificações na maneira particular de como o artista compreende o mundo, as coisas, as formas de vida existentes na terra. A própria práxis das Artes Cênicas possibilita ao ator mostrar-nos um determinado "outro" que, aparentemente, se isenta da exposição de um "eu" particular.

Muito distante dos objetos minimalistas cujo conceito se ancora em predicados do slogan: "What you see, is what you see', a obra de Claudio Gabriel tem a intenção de nos remeter a um estado associado de compreensão da existência. A presença de fragmentos do mundo, somados às expressões psicológicas e à intensidade das cores, fornece-nos a certeza de habitarmos um mundo plural, absolutamente adverso. As lacunas de silêncio, expressas nas suas pinturas, não são suficientes para descontinuar nossa visão, para ignorar as áreas de preenchimento. As pausam estendem a dor do que já foi visto intensificando-as, como nas composições musicais de John Cage. É a "busca em aberto", cujo princípio é definido na justaposição dos processos artísticos existentes em consonância com as ações do corpo.


Fotos de Luiz Ferreira. Clique pra ampliar




"A Busca em Aberto" de Claudio Gabriel
Curadoria: Desirée Monjardim
Vernissage: 30 de julho de 2013, às 19h
Visitação: de 30 de julho a 26 de agosto de 2013
Horários: de 2ª a 6ª, de 9 às 17h

Local: Sala José Cândido de Carvalho
Rua Presidente Pedreira, 98 - Ingá, Niterói - RJ - Tel.: (21) 2719-9639

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Publicado em 02/06/2013

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