O Museu de Arte Contemporânea de Niterói vai receber, de 18 de dezembro a 9 de março de 2025, a exposição "Arroboboi, Dangbé", uma homenagem ao mais recente título da Unidos do Viradouro.
Além de 200 fotografias do desfile que arrebatou público e jurados na Sapucaí este ano, a mostra vai reunir 20 fantasias, entre elas três de destaques, criadas pelo carnavalesco
Tarcísio Zanon para ilustrar o enredo Arroboboi, Dangbé que deu terceiro campeonato do Grupo Especial à escola de Niterói. Outro ponto que promete encantar os visitantes é a serpente de 9m de comprimento que abriu o desfile da vermelho e branco levando o público da Sapucaí ao delírio.
A curadoria da exposição é da consagrada fotógrafa
Renata Xavier e os textos são do jornalista e doutor em artes
João Gustavo Melo, enredista da Viradouro. As fotos que serão expostas têm crédito de Renata Xavier, Leandro Lucas, Keila Ribeiro, Leandro Joras e Rodrigo Palma.
Um dos pontos de grande impacto no desfile também terá destaque na mostra, como explica Renata Xavier: "No desfile deste ano, uma das novidades foi o uso criativo da iluminação cênica e a Viradouro surpreendeu e encantou o Brasil com um arco-íris de luz que clareou o céu do Sambódromo. As fantasias que brilham no escuro estarão na exposição que revive esta experiência através da ambientação e da montagem circular que evoca a serpente que engole a própria cauda, simbolizando o eterno recomeço!, afirma a fotógrafa, que é diretora do Centro Carioca de Fotografia.
A exposição imersiva "Arroboboi, Dangbé", será aberta na próxima quarta-feira e promete uma viagem pelo universo de cores, sons e ancestralidade que marcou a Sapucaí. Será uma grande celebração do tricampeonato da escola de samba de Niterói e, ao mesmo tempo, um chamado para o próximo Carnaval.
O Carnavalesco Tarcisio Zanon comemora a presença da Viradouro num dos principais cartões postais de Niterói. "É emocionante ver a Viradouro ocupando um espaço tão importante para a cultura nacional e niteroiense que é o MAC. A nossa presença terá fantasias e partes de alegorias que fizeram parte de um desfile campeão que significou pra Niterói um motivo de grande orgulho".
No dia 18, a abertura da exposição será às 17h, com show da Viradouro. A visitação será de terça a domingo, das 10 às 18h. A entrada custa R$ 16 (inteira), R$ 8 (meia); morador de Niterói tem entrada franca e toda quarta-feira a entrada é gratuita para o público em geral.
Este projeto é uma realização da Prefeitura de Niterói, Secretaria Municipal das Culturas, Governo Federal e Ministério da Cultura, através da Lei Paulo Gustavo.
Serviço
Exposição "Arroboboi, Dangbé"
Data: De 18 de dezembro de 2024 a 9 de março de 2025
Horário: Terça a domingo, das 10h às 18h.
Entrada: Inteira R$ 16,00 | Meia R$ 8,00 | Entrada Gratuita nas Quartas e para moradores da cidade de Niterói.
Local: Museu de Arte Contemporânea de Niterói
Abertura da Exposição
Alafiou!
Caminhos abertos!
Todo Carnaval tem seu recomeço.
Nada se encerra em definitivo, tudo segue. É o ciclo universal, materializado na imagem de uma cobra engolindo a própria cauda.
Após o carnaval de 2023, todo o envolvimento místico e afetivo com a pesquisa daquele ano sobre Rosa Maria Egipcíaca, a menina da região da Costa da Mina que veio traficada ao Brasil colonial para trabalhos forçados na mineração e que virou santa no coração do povo, resultou em um crescente interesse do carnavalesco Tarcísio Zanon sobre os Voduns.
"Arroboboi, Dangbé", título do enredo apresentado pela Unidos do Viradouro no Carnaval 2024, buscou uma conexão histórica e ao mesmo tempo intuitiva com um conjunto de práticas de magia que compõem um legado ancestral conduzido ao Brasil por personagens cujo apagamento faz parte do projeto colonialista de morte dolosa do pensamento afrodiaspórico. Assim, os tambores da agremiação dobraram mais alto para despertar outras memórias de povos cujas areias são unidas por um mesmo oceano de crenças e saberes.
Em quase um século de existência, as escolas de samba vêm se consolidando como linguagem artística que alcança imensa repercussão, desdobrando-se em vestígios a serem apreciados e vividos em outros contextos além da Avenida, fundada sob a regência do fugaz.
Nos registros fotográficos captados por Renata Xavier, a busca aplicada pela apreensão do momento que só vai acontecer uma única vez traduz-se em imagens de grande impacto e sensibilidade, tornando-se o que todo desfile, em sua fundante contradição, nasce para ser: eterno, embora efêmero. Assim, estão aqui reunidos fragmentos da experiência estética multissensorial que a Sapucaí vivenciou em uma madrugada/manhã carnavalesca de fevereiro.
Neste espaço circular, a distribuição dos elementos se apresenta como a forma mística da cabeça que engole a própria cauda, o constante movimento em que nada acaba, tudo recomeça. É o ciclo que sustenta o grande terreiro cósmico chamado universo.
Arroboboi, Dangbé! Salve o espírito infinito da serpente!
Alafiou! Caminhos abertos!
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