Mostra pode ser visitada na Sala que leva o nome do escritor

Há dez anos morria o escritor José Cândido de Carvalho. Membro da Academia Brasileira de Letras, Carvalho era o único imortal que havia nascido no Rio de Janeiro. Autor de "O Coronel e o Lobisomem", o escritor recebeu diversas homenagens em vida, mas uma das que mais o agradou foi a da cidade que escolheu, para viver. Em maio de 1988, um ano e meio antes de sua morte, a prefeitura de Niterói criou a Sala José Cândido de Carvalho, no andar térreo da Fundação de Arte de Niterói.

Para mais uma vez homenagear o escritor, o espaço que tem seu nome abre suas portas, a partir de quinta-feira, 12 de agosto de 1999, para a exposição "José Cândido de Carvalho", uma reunião de fotografias que formam um panorama sobre sua vida e sua obra. São imagens que passeiam pela sua infância até o convívio com personalidades como o ex-presidente Getúlio Vargas e o poeta Carlos Drummond de Andrade.

Com a ajuda da viúva do intelectual, Amélia Bezerra de Menezes, a curadora Desirée Monjardim selecionou 20 fotos - coloridas e em preto e branco, que revelam o cotidiano de um homem simples, apaixonado pelas histórias de Eça de Queiroz, por cães da raça pastor alemão e por longas conversas com seus amigos. Um retrato do escritor em aquarela feito pela viúva Amélia Bezerra de Menezes também está na mostra.

"Quero que esta reunião seja simples e informal, como JCC gostaria que fosse, pois ele era uma pessoa simples e que dava muito valor a companhia dos amigos", disse Amélia, que acrescentou sobre a curadoria: "Queria imagens onde ele está em forma, antes da doença. Um escritor que tem permanência, não deve ser mostrado velho e cansado".

Na abertura da mostra, às 20h, a viúva lerá para os visitantes três textos, dois deles de autoria do próprio José Cândido. "A primeira carta que recebi de JCC, como gostava de ser chamado, é uma verdadeira crônica; a outra é um cartão-postal que escreveu para si mesmo - assinando como coronel Ponciano, personagem de "O coronel e o Lobisomem - quando soube que sofria de uma insuficiência cardíaca grave; e por fim lerei um texto do saudoso escritor Otto Lara Resende, de quem meu marido se considerava um irmão", adianta Amélia.

Amigo responsável pelo texto do convite da exposição, o prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira, visitará a mostra. Acompanhado de sua mãe, Ismelia Saad Silveira, Jorge Roberto lembra do tempo em que frequentava a casa de Jose Cândido e do enorme carinho que tinha pelo escritor. Entre os muitos amigos de JCC, que confirmaram presença na abertura da exposição, está o livreiro Carlos Mônaco. Ele contribuiu muito para minha carreira e merece essa homenagem", disse Mônaco.

Irônico, sutil e muito espirituoso, José Cândido era também o típico intelectual distraído. "Certa vez caminhando pela Rua do Ouvidor, ele sentiu seus pés e pernas frios e ouviu um alarido a sua volta sem se interessar muito. Quando percebeu tinha caído dentro de uma caixa de gordura. Teve que entrar numa loja e enquanto limpavam seu terno, ainda achou uns livros por perto e ficou lendo", relembra a viúva.

O escritor foi responsável também por obras como "Olha Para o Céu Frederico", "Os Mágicos Municipais" e "O Rei Baltazar" além de ter ocupado durante 15 anos a cadeira número 31 da Academia Brasileira de Letras (ABL). O escritor morreu dia 1 de agosto de 1989, vitima de insuficiência cardíaca.

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Publicado em 12/05/2023

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