Quem circula ou já circulou pelas rodas de Samba do eixo Rio/Niterói, com certeza já cruzou com Chico Alves em uma ou várias delas, às vezes, em um mesmo dia. Compositor de mão cheia, é um nome cada vez mais conhecido em sua carreira solo, depois de, por anos, participar de grupos como o 'Unha de Gato' e o 'Sambanlangandã'.

Batizado Regeilton Costa Alves, Chico Alves nasceu em Fundão, Espírito Santo, em 25 de maio de 1968. A vida de trabalhador começou aos nove anos, depois da morte do pai, Aílton. A família então se mudou para Vila Velha e o garoto assumiu tarefas como vender picolés e pão com carne nos vagões de trem ou capinar quintal dos vizinhos, sempre para ajudar a mãe nas despesas da casa.

Comunicativo, encontrou sua vocação no comércio onde primeiro trabalhou como vendedor numa ótica, foi promovido a gerente e depois saiu para montar seu próprio negócio. No contato com as fabricantes de óculos, fechou sua loja e virou representante comercial de uma delas.

Com 30 anos, em 1998, mudou-se para Niterói. Foi executivo de marketing do Madureira Shopping, gerente comercial da Barcas S/A e, por 17 anos, gerente comercial do Terminal Menezes Cortes, na cidade do Rio de Janeiro. Nesse período também se formou em administração, pela Universidade Cândido Mendes, e fez um MBA em marketing pela ESPM.




E o Regeilton virou Chico

Em Niterói, o ainda Regeilton foi morar em Icaraí, próximo a um bar, chamado "Campeão", onde nos finais de semana se reuniam, entre outros, mestres como Délcio Carvalho, Walter Alfaiate, Camunguelo, Ilton do Candongueiro e Ivor Lancelotti. Mas quando tocava apenas um grupo mais jovem, cantava e tinha um repertório predileto baseado em Chico Buarque de Holanda. Então, sempre que queriam chamá-lo, diziam "chama o cara do Chico" ou, quando o viam chegando, já diziam "Chegou o do Chico", daí para incorporar o novo nome foi um pulo. Em pouco tempo passou a ser conhecido como "Chico" e, hoje é Chico Alves.

E foi como Chico que abriu espaços na música. Começou a cantar profissionalmente no grupo 'Unha de Gato', que reunia os jovens músicos da roda do 'Campeão'. Com eles fez o acompanhamento para o CD "Entidades" de Wilson Moreira, excursionou pela Europa e gravou o CD "Festa pro povo", em 2008.

Na sequência passou a comandar a roda 'Sambanlangandã' que por sete anos aconteceu no Mercado das Pulgas, em Santa Teresa. Com o grupo gravou o CD "Fuzuê", em 2012. Aos poucos intensificou também a presença nas rodas do lado carioca da Baía de Guanabara e ampliou o rol de parceiros e cantores que cantam suas músicas. Chico já foi gravado, entre outros, por Áurea Martins, Leila Pinheiro, Simone Lial, Fagner, Guinga e Quarteto em Cy.

O cantor já se apresentou em praticamente todas as casas de samba do Rio de Janeiro, incluindo Rio 'Scenarium', 'Carioca da Gema', 'Trapiche Gamboa' e 'Semente', além de ser um dos grandes incentivadores dos movimentos de Samba na Rua, apresentando-se no Restaurante e Livraria 'Al Farabi', 'Livraria Folha Seca', 'Samba da Rua do Ouvidor' e 'Samba do Castelo'. Com o melodista e violonista Marco Pinheiro lançou o álbum 'Amigos e Parceiros' (2009).

CDs

Chico Alves lançou, em 2017, seu primeiro trabalho solo e autoral, o CD "Pra Yayá Rodar a Saia", de forma independente, com recursos próprios e através de uma plataforma de financiamento coletivo. O álbum foi composto por 13 músicas, incluindo composições suas já gravadas por grandes nomes da Música Popular Brasileira, assim como novas parcerias com artistas como Moyséis Marques, Toninho Nascimento, Ivor Lancelloti, Zorba Devagar e Marco Pinheiro.

O disco foi produzido por Fernando Brandão, Felipe Tauil e Daniel Karin, que dividiram os arranjos com o violonista Rogério Souza, integrante do Grupo 'Nó em Pingo D'Água', e contou com a participação de Carlinhos 7 Cordas, Marcio Hulk, Dirceu Leite, Dudu Oliveira, Sidão Santo, Eron Lima, dentre outros.

Em 2020 gravou "Paranauê", seu segundo solo, que, assim como o primeiro, foi distribuído pela Biscoito Fino. Por conta da pandemia do Coronavírus naquele ano, a apresentação do CD foi virtual. As 13 canções do trabalho foram compostas por Chico com diferentes parceiros, como Toninho Nascimento, Toninho Geraes, Moacyr Luz e Pedro Messina. Além deles, há participações de Zé Renato, Alice Passos, Moyseis Marques e Marcelle Motta, entre outros.

Também em 2020 compôs, em parceria com Cláudio Russo e Júlio Alves, "Gigante pela própria natureza: Jaçanã e um índio chamado Brasil", samba enredo da Unidos de Vila Isabel.


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Publicado em 05/08/2017

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