Ator talentoso, tendo feito parte de vários clubes dramáticos de Niterói e de diversas companhias nacionais do Rio, Irênio Coelho cedo se revelou artista, chegando mesmo, em Companhia de Moreira Sampaio e Dias Braga, a arcar com a responsabilidade dos mais difíceis papéis. Teve noites de glórias e seu nome, sucesso garantido de qualquer récita, foi aclamado à ribalta.

Nascido em 1878 e filho de Rita Ferreira Coelho, Irênio estreia nos palcos quase criança, na peça 'As Maçãs de Ouro', exibida com sucesso no Theatro Variedade, do Rio de Janeiro, pela companhia da aclamada atriz Ismênia dos Santos.

Em agosto de 1896, subiu ao palco do teatro, no bairro de São Domingos, do Clube 27 de Julho, com a peça 'Empresta-me Sua Mulher', ao lado de amadores como Osório Silveira, Antônio Bentes, Annibal Furtado, José Continentino, Martins Teixeira Júnior, Estelina Leitão e Júlia Leal, reconhecidos nomes da cena teatral da cidade.

Em 1887 pisa no palco do Theatro Municipal de Niterói com a Companhia profissional de Carlos Pestana, com a peça 'Tio Padre'. Dois anos depois passa a integrar, como ator e ensaiador, o Clube Assis Pacheco, estreando, também no Municipal, com a peça "A Família Sarmento", de Teixeira Júnior.

Convidado pelo Maestro Assis Pacheco, com quem já havia trabalhado em Niterói, em abril de 1900 passa a integrar a Companhia do Theatro Recreio Dramático, do Rio de Janeiro, estreando na peça "Besouro Encantado".

O colunista Armando Sacramento, da Revista Rio-Nu, assim comentou sua atuação: "Irênio Coelho, o estreante, tem habilidade em penca e deu sorte a valer no Grão Duque Paquiderme, um tipo malcriado e terno ao mesmo tempo. O Irênio, estamos certos, para o futuro será um verdadeiro artista." Antes de uma turnê ao nordeste, com a Cia. do Recreio Dramático, Irênio promoveu em junho um concorrido espetáculo no Theatro Municipal, "Mulher para Dois", de Georges Feydeau.

No ano seguinte, ao lado de Leopoldo Fróes, Teixeira Júnior e Armando Milano, antigos colegas do Assis Pacheco, cria o Centro Artístico Fluminense, que estreia no Municipal com a opereta "O Botafogo", de Teixeira Júnior.

No mesmo ano, novamente com Companhia do ator Carlos Pestana, sobe o palco do Theatro Municipal com "A Tomada da Bastilha". A companhia faz uma série de espetáculos em Niterói. Em novembro, cria a Associação Artística Teatral, um grupo de amadores do Rio e de Niterói, e do qual também faz parte Leopoldo Fróes.

Com a Companhia do ator e empresário português Jacinto Heller, estreia em junho de 1905 no Teatro Lucinda, com 'A Mulher de Guarda Sol', vaudeville de Delacour e Hannequin. Com antigos colegas, Ismael Maia, Costa Velho, entre outros, participa no mesmo ano, como diretor artístico e ator, da recriação do Clube 27 de Julho, estreando com a mágica em 3 atos, 'Diamantina', de A. de Nogueira, com músicas do maestro Francisco Assis Pacheco.

No ano seguinte, a mesma trupe funda o Clube Alberto Victor, tendo como presidente Otávio Kelly. Na récita inaugural, levam à cena "A Túnica de Nessus". Em março de 1907 estreia no Grêmio Dramático como ator e ensaiador na peça 'As Mãos Aristocráticas', de Eugène Labache, no Theatro Municipal de Niterói.

Em setembro de 1910, após se recuperar de uma enfermidade, volta ao Theatro Municipal, desta vez pelo Casino Fluminenses na peça Jorge, 'O Grande', de Maurício Helmond, com músicas do maestro Eduardo Souto.

Vitimado pela tuberculose, faleceu Irênio Coelho na sexta-feira, 14 de abril de 1911, muito moço ainda, apenas com 33 anos, em sua modesta casinha da rua Riodades, no bairro do Fonseca.

Bom, de alma simples, coração de ouro, não havia na então capital do Estado do Rio quem não o houvesse conhecido, sempre de bom humor alegre e amável, conquistando simpatias que, sob todos os pontos de vista, merecia.


Pesquisa: Alexandre Porto


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Publicado em 05/12/2024

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