De estimável valor histórico, cultural e arquitetônico, a casa do Político Norival de Freitas, na Rua Mastro José Felício, 474, Centro, Niterói, foi parcialmente destruída por um incêndio na noite de sexta-feira, 30 de novembro de 1984, que atingiu o teto, janelas e parte do segundo pavimento. A causa ainda é desconhecida, mas sabe-se que o imóvel, que hoje pertence à Prefeitura esta abandonado, servindo de moradia a mendigos e deposito para as mercadorias de camelôs.
Construída em 1921 em estilo art nouveau, a casa foi uma espécie de quartel general de políticos fluminenses ligados Norival de Freitas, cuja liderança se assemelhava à hoje exercida pelo senador Amaral Peixoto. Em 1979, o ex-prefeito Moreira Franco adquiriu o imóvel, cedendo-o anos depois para a União dos Vereadores do Estado do Rio, que pretendia ali instalar sua sede.
Nada disso aconteceu e quando Moreira Franco deixou a prefeitura para concorrer à sucessão estadual, o vice-prefeito Armando Barcelos, determinou a execução de obras no prédio, que feitas sem acompanhamento de técnicos serviram apenas para descaracterizar parte do imóvel.
Ao assumir o cargo, o prefeito Waldenir de Bragança mostrou-se interessado em recuperar o imóvel obtendo promessa do secretário de Cultura do MEC, Marcos Vinícius Villaça, de aporte de verbas para a execução de obras. A intenção do prefeito era recuperar o imóvel até o próximo mês de março de 1985, quando será comemorado o sesquicentenário da elevação de Niterói à condição de cidade e entregá-lo à Fundação de Atividades Culturais - FAC -, Presidida pelo acadêmico José Cândido de Carvalho.
Quem foi Norival Soares de Freitas?
A resposta é do historiador e membro do Conselho Municipal de Cultura, Luís Antônio Pimentel:
Nasceu em 29 de julho de 1883, em Niterói, e morreu a 22 de fevereiro de 1969. Era bacharel em Direito, professor, jornalista, historiador, deputado e vereador em várias legislaturas, além de membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Em 1918, ingressou na politica. Foi eleito deputado federal, pelo 1º Distrito do Estado do Rio de Janeiro, fazendo oposição a Nilo Peçanha. Foi reeleito duas vezes consecutivas tendo por correligionários nomes de projeção no Estado, como Acúrcio Torres, Luís Gastão Guaraná, Mozart Lago e muitos outros. Sempre foi deputado oposicionista. Só não fez oposição ao governo de Artur Bernardes, de quem era amigo pessoal. O então presidente muitas vezes chegou a ser recebido em seu palacete, construído em 1921, em estilo "art nouveau", na Rua Visconde de Itaboraí, 474, no trecho hoje denominado Maestro Felício Toledo.
Líder politico estadual aglutinava vereadores, prefeitos e deputados que ouviam e respeitavam suas campanhas. Seu prestígio só terminou com a queda de Washington Luís e a implantação da ditadura de Getúlio Vargas. Foi tão perseguido pela ditadura que teve de se mudar para o interior do estado.
Acobertado por vários amigos políticos, inclusive por elementos da Revolução de Trinta, manteve, por longo tempo, uma coluna politica no diário "A Batalha”.
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