Até quando uma construção do início do século poderá resistir à ação do tempo, sem receber cuidados especiais que a tenham erguida por mais alguns anos? Quantos governos ainda passarão para que a Casa de Norival de Freitas, único exemplo arquitetônico do estilo "art noveau" na cidade mereça um real e concreto interesse das autoridades municipais?
Perguntas assim são formuladas há anos e anos. Como não poderia deixar de ser, promessas para sua recuperação não faltaram, mas, de definitivo, só existe mesmo a certeza de que o prédio continua em ruínas, abandonado e triste.
Antes abrigo de mendigos e camelôs que se revezavam nas dependências do imenso casarão da Rua Maestro Felício Toledo no centro, a Casa de Norival de Freitas, hoje, deixou de acolher esses "moradores" que, até quase chegaram a colocá-la abaixo, com a fatalidade de um incêndio em 1984. Os quartos e salas de casa guardam um aspecto lúgubre e solitário, conservando as marcas dos maus tratos.
Quando tomou posse como Secretario Municipal de Cultura, o professor e ex-reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), José Raymundo Martins Roméo, declarou o interesse em expandir os pontos culturais da cidade, aproveitando as áreas ociosas do município do Estado, citando como exemplo, a Casa de Norival de Freitas. Esta semana o presidente da Fundação Niteroiense de Arte (Funiarte), Odilon Martins Roméo, ratificou o pensamento do Secretário de Cultura, seu irmão, informando que já está sendo elaborado um projeto que vai recuperar totalmente o prédio, mantendo a fidelidade à construção original de 1921, obra do arquiteto francês Berrari.
Segundo o presidente da Funiarte, a Casa tem para Niterói, a mesma importância cultural do Paço Imperial para a cidade do Rio. Odilon Martins Roméo destaca que, dentre as várias linhas de atividade da Secretaria Municipal de Cultura, através da Funiarte, existe um programa que visa a recuperação e restauração de monumentos e edificações de valor cultural.
Ainda sem precisar quando o projeto de restauração do casarão vai se iniciar, Odilon informou, no entanto, que a obra será feita com base em levantamentos e estudos realizados pela Companhia de Desenvolvimento de Niterói (Codesan), já extinta, e pelo Instituto de Desenvolvimento Urbano de Niterói (Idurb), com ajuda do arquiteto Wagner Morgan, da Universidade Federal Fluminense.
Ele disse, ainda, que a Secretaria Municipal de Cultura pedirá o apoio da Secretaria de Estado da Cultura e da Secretaria do Patrimônio histórico e Artístico Nacional (Sphan), além de buscar a colaboração da iniciativa privada, dentro das objetivos da Lei Sarney de Incentivo à Cultura - A Casa de Norival de Freitas vai demandar, no decorrer deste ano, no mínimo Cz$ 5 milhões - estimou o presidente da Funiarte, se referindo à pintura, recuperação e restauração do prédio.
Depois de pronta, a Casa de Norival de Freitas vai funcionar como polo de cultura, desenvolvendo atividades variadas como exposições de artes plásticas, exibições de vídeo, galerias de artes, cursos, seminários e outros serviços dirigidos ao público e, mais especificamente, às pessoas que trabalham no Centro da cidade.
Terceira Idade luta para restaurar a Casa
Continua a luta que o presidente da Abrasti - Associação Brasileira da Terceira Idade - José Raimundo de Carvalho, vem travando há mais de três anos para a restauração da Casa Norival de Freitas junto às autoridades municipais, estaduais e federais, com a finalidade especifica de servir de um centro de convivência e de cultura para a terceira idade. Até agora, José Raimundo só conseguiu o apoio do Secretário de Estado e Cultura, Eduardo Portela, que ofereceu assessoramento técnico para o acompanhamento das obras que vierem a ser realizadas.
O palacete pertence à Prefeitura de Niterói desde a época em que o atual Governador Moreira Franco era prefeito da nossa cidade. Moreira desapropriou o imóvel em março de 1979, dando uma grande alegria às herdeiras do renomado político Norival de Freitas que viviam sob a ameaça de sua demolição. José Raimundo conta que naquela época foi feita uma reforma no imóvel sem os cuidados necessários à sua antiga arquitetura e, por esta razão na madrugada de primeiro de dezembro de 1984, a casa incendiou.
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