O Museu de Arte Contemporânea recebe de 8 de dezembro de 2001 a 3 de março de 2002, a exposição "Raymundo Colares", com curadoria do próprio MAC. Essa mostra revela ao público um grupo de obras do artista, precocemente falecido aos 42 anos. Suas pinturas com tinta esmalte sobre chapas de alumínio e também seus gibis, um importante grupo de trabalhos pertencente à Coleção João Sattamini, revelam a intensa atividade do artista no final dos anos 60.
Os anos 1960 caracterizam um período de intensa e marcante agitação na arte brasileira. É o momento em que se desenrola, em escala internacional, a movimentação genericamente referida como Nova Figuração, quando artistas de toda parte convergem para a tônica de romper com os postulados da abstração,
nos diversos registros que esta apresentava até finais da década anterior (geométrica-construtiva, informal,lírica, expressionismo abstrato), quando se impunha como tendência dominante.
No caso brasileiro, tal corrente apresentou características bem próprias, pautada pelo interesse em acompanhar o que se passava no mundo associado ao dado imperativo de responder às demandas que o contexto sociopolítico, com a instauração da ditadura militar, passava a impor. Um período também marcado, entre nós, pela reassimilação e problematização do legado construtivo que vigorava localmente até a década anterior, e que tem na ênfase da experimentação com a linguagem da vanguarda neoconcreta sua expressão mais incisiva.
nesse contexto, Raymundo Colares surge como um discreto bólide no meio artístico brasileiro, promovendo com sua produção singular um verdadeiro
curto-circuito de influências e filiações estilísticas pouco ortodoxas, aliadas a um apurado senso compositivo e a uma extrema originalidade. O modo único como sua obra emerge e se instala no âmbito da nova figuração brasileira inscreve Raymundo Colares na historia da arte nacional.
A coleção MAC de Niterói/Sattamini possui um conjunto consistente de obras de Raymundo Colares, dos mais significativos do país. O que, no caso de um artista com uma produção rarefeita como este, representa uma oportunidade de contato privilegiado com uma trajetória artística fundamental. O recorte presente na coleção compreende sete peças emblemáticas e altamente representativas do melhor de Colarestodas produzidas no período áureo do artista, entre os anos 1968-70. Trata-se de cinco pinturas da conhecida série inspirada nos ônibus, realizadas sempre diretamente sobre madeira ou eucatex, além de duas peças
exemplares da incursão do artista no terreno do tridimensional, expandindo sua pintura para o espaço (ambas sem título, e produzidas em 1969). E há ainda outra obra, Orgia, pintura sobre madeira realizada em 1983. Um trabalho que se dissocia das demais por se tratar de uma peça tardia e por apresentar características mais eminentemente restritas a um vocabulário
concreto-construtivo rigoroso, de geometrização pura e um esquema cromático contido; e, sobretudo, sem quaisquer concessões à figuração sempre presente na faceta mais conhecida do artista.
BIOGRAFIA
Raymundo Felicíssimo Colares (Grão Mongol MG 1944 - Montes Claros MG 1986). Pintor, desenhista. Estuda, em 1966, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro - EBA/UFRJ, no Rio de Janeiro. Nessa época, torna-se amigo dos artistas Antonio Manuel (1947) e Hélio Oiticica (1937 - 1980). No ano seguinte, deixa a EBA e passa a freqüentar o ateliê livre de Ivan Serpa (1923 - 1973), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ. No mesmo ano, a convite de Antonio Dias (1944), participa da exposição Nova Objetividade Brasileira, no MAM/RJ. A partir de 1968, passa a produzir os "gibis" - livros-objeto, nos quais explora as dobras e cores do papel, cujas folhas devem ser manuseadas pelo espectador. Apresenta, em 1969, os primeiros trabalhos tridimensionais, nos quais utiliza alumínio pintado. No mesmo ano, leciona no Ateliêr Livre do MAM/RJ. Recebe o prêmio de viagem ao exterior, do Salão Nacional de Arte Moderna - SNAM, em 1970. Viaja para Nova York, Trento e Milão, em 1972. Quando volta ao Brasil, passa a residir em Montes Claros, Minas Gerais, onde permanece até 1981. Nesse ano, muda-se para Teresópolis, Rio de Janeiro. Em 1983, as galerias Saramenha e Paulo Klabin, no Rio de Janeiro, reúnem-se para realizar uma mostra-resumo de sua produção. Nessa data, volta a lecionar no atelier do MAM/RJ.Raymundo falece no dia 28 de março 1986, em Montes Claros - Minas Gerais.
Serviço:
"Raymundo Colares"
Curadoria: MAC
Local: Salão Principal
Abertura: 8 de dezembro de 2001
Visitação: 8 de dezembro de 2001 a 3 de março de 2002
Museu de Arte Contemporânea - MAC
Endereço: Mirante da Boa Viagem, s/n – Niterói RJ
Informações: 21 2620 2400 / 2620 2481
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