Neste Encontro com Portugal, nada mais apropriado do que iniciar as atividades relacionadas às artes plásticas, abrindo à visitação pública a obra de um artista como Joaquim Tenreira, que tão simboliza e encarna o encontro entre a cultura portuguesa e a brasileira. A exposição, curada por Janete Costa, ocupa todos os espaços do MAC e apresenta, de 4 de abril a 26 de julho de 1998, esculturas, treliças, relevos policromados e alguns móveis que formam um belo contraponto à arquitetura modernista de Oscar Niemeyer.
A mostra é composta de trabalhos garimpados no acervo do MAC/Coleção João Sattamini e em coleções particulares como a de Jones Bergamin, Benjamin Steiner e Elenir Fonseca, entre outros, além de um sofá de jacarandá e palhinha emprestado por Marieta Severo e Chico Buarque.
Joaquim Albuquerque Tenreiro foi um marceneiro, projetista de mobiliário, pintor e escultor moderno do Brasil. Nasceu em Melo, norte de Portugal, no dia 18 de abril de 1906, mas antes de se radicar definitivamente no Rio de Janeiro, em 1928, o filho de marceneiro viveu no Brasil dos 3 aos 7 anos e dos 19 aos 20 anos. Em 1931, matriculou-se simultaneamente nas aulas de desenho do Liceu Literário Português e do recém-criado Núcleo Bernadelli, ao mesmo tempo em que trabalhava como desenhista de móveis nas firmas Laubisch & Hirth e Leandro Marting.
No ano de 1942, projetou seu primeiro móvel moderno, para uma residência de Francisco Inácio Peixoto, abandonando as práticas de então de copiar móveis em estilo clássico europeu e dando uma nova visão moderna ao mobiliário.
Tenreiro foi o grande responsável pela transformação do mobiliário brasileiro, criando móveis, relevos e esculturas durante seis décadas. Tenreiro projetou, desde 1935, móveis de grande originalidade, que representaram um avanço sobre o tímido design na época, que insistia em seguir as tendências europeias e americanas. "Como pintor, Tenreiro serviu-se de um desenho extremamente sensível e de um colorido expressivo", avalia José Roberto Teixeira Leite. Janete Costa engrossa o coro: "Ele sempre foi um homem além de seu tempo. Tenreiro utilizava técnicas muito avançadas para a sua época. Os móveis dele são finos, leves e duráveis. Isso é coisa rara", comenta.
A Exposição
A exposição da obra de Joaquim Tenreiro, como atividade inaugural do Encontro com Portugal - Brasil 500 anos, reveste-se de um significado especial na configuração do perfil cultural deste projeto. Poucas e preciosas são as promoções culturais capazes de uma combinação harmoniosa de beleza, funcionalidade e importância como esta de Joaquim Tenreiro no MAC.
Somente um espaço privilegiado como o MAC seria capaz de compor um cenário digno da excelência do trabalho deste grande realizador luso-brasileiro. E, por outro lado, sem dúvida, a obra de Tenreiro valoriza o currículo de exposições do nosso Museu.
Assim, ganhamos todos: a obra do artista, o museu, o projeto e, principalmente, o público que a partir de agora tem a possibilidade de conhecer de perto a obra deste grande artista/designer/artesão, tão fundamental para a fixação de um mobiliário brasileiro.
Marcos Gomes, Secretário da Cultura
Acesse o catálogo da exposição
Serviço
"Joaquim Tenreiro", Encontro com Portugal
Curadoria: Janete Costa
Local: Salão, Varanda e Mezanino
Abertura: 4 de abril de 1998, às 11h
Visitação: 4 de abril a 26 de julho de 1998
Horário de visitação:
De terça a domingo, das 11 às 19 horas; sábado, das 13 às 21 horas;
Segunda: fechado
Museu de Arte Contemporânea - MAC
Endereço: Mirante da Boa Viagem, s/n – Niterói RJ
Informações: 21 2620 2400 / 2620 2481
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