O MAC de Niterói inaugura o processo de ocupação da varanda com a exposição "A felicidade, às vezes, mora aqui...", com curadoria de Edmilson Nunes. A mostra é uma coletiva de oito artistas (Abel Duarte, Alê Souto, Bernardo Ramalho, Bob N, Ivar Rocha, Maria Mattos, Mariane Monteiro e Sérgio Torres), com curadoria de Edmilson Nunes, cuja abertura será na segunda-feira, 02 de setembro, às 17h, no MAC.

A varanda é o lugar especialmente projetado por Niemeyer como um misto entre repouso e fuga para a contemplação da paisagem. Por isto mesmo, de todos os espaços expositivo do MAC, é o mais desafiante para os artistas.

Além de instalações específicas, haverá pinturas, desenhos, gravuras, objetos e performances. Esta exposição se refere aos cinco anos em que Edmilson Nunes coordenou a oficina de pintura do Museu do Ingá e todos os oito artistas e ex-alunos de Edmilson – que já participaram de diversas exposições individuais e coletivas, com forte presença no mercado artístico atual – estão neste contexto.

"A felicidade às vezes mora aqui, mora em cada um de nós, mora em cada uns de mim. Mora em Alê, em Bernardo, em Bob, em Ivar, em Mariane, em Abel, em Sérgio, em Maria... Cada qual com sua singularidade e poética subjetiva", afirma Edmilson.

A mostra acontecerá na varanda do museu, onde o percurso circular é o território de fronteiras e desafios para os projetos especiais e ocupações artísticas ambientais. Neste espaço, o museu está completamente aberto para a paisagem, convidando os artistas para um diálogo inspirado entre arquitetura e beleza natural.  É nesta zona de fronteiras de encantamentos com a paisagem que o MAC oferece aos artistas este espaço como laboratório para experimentações, envolvendo o visitante em um jogo poético de leituras encarnadas no caminhar entre arte, arquitetura e paisagem. Os projetos especiais da varanda tomam a arquitetura do MAC como uma escultura viva que se realiza como lugar de criação.

"O museu adota como política curatorial o interesse por uma zona híbrida entre práticas artísticas, pedagógicas e poéticas experimentais. Desta forma, convidamos o artista e professor Edmilson Nunes para preencher o local com um percurso de ocupação coletiva entre artistas e jovens artistas", explica Luiz Guilherme Vergara, Diretor do MAC de Niterói.

O MAC abre os espaços da varanda para esse grupo de artistas, que inaugura, no momento da montagem, um processo criativo compartilhado e aberto ao público, inspirado pelo desafio poético da paisagem que adentra o museu e se torna parte de uma única escultura, caminho transpassada por múltiplos olhares.

"Interessa a nós investir em artistas como Edmilson Nunes que soube inspirar e estimular uma geração de artistas para o desenvolvimento livre de práticas experimentais que marcam os horizontes da arte contemporânea.  Ele realizou uma oficina de pintura no Museu do Ingá e, nessa trajetória, teve a oportunidade de compartilhar com seus alunos não apenas conhecimentos teóricos e práticos do universo da arte, mas principalmente o 'devir' criativo que possibilita a transição de 'ser aluno' para o 'ser artista'", diz Vergara. 

Sobre o ofício de dar aula e sobre o que o público vai poder ver na mostra, referência à subjetividade da felicidade, Edmilson Nunes sintetiza bem: "há algum tempo, ouvi no rádio alguém dizer que gostava muito de dar aula, porque adorava ver os jovens se divertindo. Falo de uma tal felicidade. Felicidade que sem querer atingir tópicos hollywoodianos, possa ser talvez Marilyns ou diabólicos deuses na terra do sol. O confronto com o inesperado, veio vivo do sangue correndo nas veias.

Água límpida correndo em direção ao nascer do sol. Sol que pode ser vermelho, preto e branco, azul da cor anil ou lindo como o Brasil. Sem ser de cunho ou caráter regionalistas, cada um destes artistas, fala de modo próprio e original destes nosso contexto físico e político, que pode ser galáctico, universal ou absolutamente íntimo, mas sempre sob a batuta de uma certa Felicidade Carioca", filosofa Nunes.

Biografia e mais sob artistas (entre aspas, na visão de Edmilson Nunes):

Abel Duarte – Nasceu em 1992. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Cursou por três semestres Escultura na EBA da UFRJ. Atualmente é aluno do curso de Estudos de Mídia da UFF. Seu trabalho acontece na fronteira entre as artes visuais e a música experimental e desde 2008 realiza performances e trabalhos de áudio e vídeo. Entre os projetos e exposições que participou destacam se: residência no projeto ON/OFF (Guimarães, Portugal, 2012); Abre Alas 7 (A Gentil Carioca, RJ, 2011); Noise Meeting #1 (Marseille, França, 2011); Transitividade (Sesc Ramos, RJ, 2011); Live Cinema (Oi Futuro Ipanema, RJ, 2010) e Olheiro da Arte (Centro Cultural da Justiça Federal, RJ, 2010). Apresentou diversos trabalhos no Plano B Live Sessions, Rio de Janeiro, espaço focado em experimentação sonora.

"Certa atitude minimalista se junta à outra terrorista nas propostas deste artista. Algo como o som e o silêncio. Sopas que ao alimentar os famintos são de pedra, Afagos que são de fogo e explosivamente carinhosos. Seus meios vão de uma arcaica tecnologia, como um desenho a grafite na parede de seu quarto ou um radinho de pilha dos anos 50 com som amplificado, até a mais avançada tecnologia que é ter 20 anos."

Alê Souto – nasceu no Rio de Janeiro, em 1973. A partir de 2003, fez curso de arte na Universidade do Estado do Rio de Janeiro com Anna Bella Geiger e Luiz Ernesto, e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, com Chico Cunha, David Cury e Franz Manata. Em 2007, ganhou bolsa da Incubadora de Furnas Sociocultural para Talentos Artísticos e realizou a exposição Desmanche, sua primeira individual, no Espaço Furnas Cultural do Rio de Janeiro. Em 2009, abriu a individual Tumulto, na Amarelonegro Arte Contemporânea, e participou da residência artística do Taller Gráfica Actual, em Oaxaca, no México. Depois disso, fez diversas outras exposições, no exterior e no Brasil, como GramáticaUrbana, com curadoria de Vanda Klabin.

"Navega com precisão e domínio por diversos meios, atitude típica de sua geração, que rejeita a imposição mercadológica de uma única técnica para traçar a carreira de um artista. Seja em suas inscrições que dialogam com o neoconcretismo carioca, ou em suas performances e objetos o lugar e o sentido do outro é sempre questão central de seu trabalho, transformando a paisagem urbana com seus grafites ou perguntado diretamente ao outro 'o que você quer para ser feliz?'" e pintando seus sonhos.

Bob N – Nasceu no Rio de Janeiro, em 1967. Estudou com Ivan Serpa, Orlando Mollica, João Magalhães, Anna Bella Geiger e Jan van Eyck. Participou de exposições em galerias e museus, sendo algumas das principais: Bienal de São Paulo SP; Bienal de Liverpool Contemplation Room Overgaden Gallery – Copenhagen, Dinamarca; Bienal VentoSul; MAC – Curitiba, PR; Um Século de Arte Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM – RJ; Pinacoteca – SP; Pindorama Lounge individual MAM-RJ Visões do Paraíso, MAC – Niterói; Fuit Hic, individual Museu da República – Rio de Janeiro, RJ; Salão da Bahia, MAM – BA; Abre Alas, A Gentil Carioca – Rio de Janeiro, RJ; Ncruzilounge, A Gentil Carioca – Rio de Janeiro, RJ; VERBO, Galeria Vermelho – São Paulo, SP; Desde Rio, Galeria Belleza Y Felicidad - Buenos Aires, Argentina; NANO, Galeria Studio 44 – Estocolmo, Suécia; Ciclope, Centro Cultural Chacao – Caracas, Venezuela.

Bernardo Ramalho – Nasceu no Rio de Janeiro, em 1982. Realizou diversas exposições, entre individuais e coletivas. Atualmente, trabalha com a Galeria A Gentil Carioca.

"As tintas carregadas do artista reclamam um mundo justo. Justiça interior como a alegria de nossos anjos da guarda, ou como a alegria de um rosa, que pode ser leite e que pode ser água. Mergulho na fonte que esguicha o sangue da vida. Usando a arte com alegria e vitalidade, Bernardo, artista que possui uma forte espontaneidade, transforma esta espontaneidade em atração para o espectador que se vê rapidamente capturado por suas ações e são convidados à possibilidade de um mundo pleno".

Ivar Rocha – No ano de 2008 encontra com Edmilson Nunes, na oficina de pintura do Museu do Ingá. Neste tempo, cabe destacar como elementos primordiais em sua formação cinco anos de carnaval pela ONG Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Mirim Pimpolhos da Grande Rio, produzindo casais de mestre-sala e porta-bandeira, destaque para alegoria, protótipo de alas entre outras. Dois anos como integrante da Galeria Caza Arte Contemporânea, Assistência de Atelier para artistas como o próprio Edmilson Nunes e também Marcos Cardoso, atividade que se estende até os dias atuais. Participou de outras exposições coletivas, tais como: Contemporâneo popular, no SESC de São Gonçalo -2010; Ser ou não ser, semelhanças e diferenças, na Galeria Meninos de Luz – 2011; Deseinho na Fábrica ERA – 2012, tendo participado também da ARTIGO RIO – Feira de Arte Contemporânea pela Caza Arte Contemporânea. Fez a individual, Deustecrie – 2011 – Caza Arte Contemporânea e atualmente em Grave, por ocasião da convocatória para exposições 2013 do Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, Niterói – RJ.

"Desfolha diante de nós, suas agendas memorialistas. Antigas, muito antigas e novas, muito novas, como as colunas e os corações de padre Antônio Vieira. Técnicas e proposições que estão lá atrás, carnes e prazeres que estão lá na frente. Como o eterno tempo entre a vida e a morte. Podem ser fetos desenhados sobre ordinárias madeiras ou cassetetes que se insinuam em cruzes o discurso estético de Ivar nos leva ao conhecido caminho do desconhecido".

Maria Mattos – nasceu no Rio de Janeiro, em 1968. Frequentou cursos em Nova York,na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, e orientação com Ivair Reinaldim, Daniela Labra e Grupo Alice, com Pedro Varela e Brígida Baltar. Participou de individuais como E se a gente subir na laje?, em 2009, na Sala José Candido de Carvalho, Niterói, RJ. Entre as coletivas, estão: Our Backyard, Roos Arts Gallery, NY; Siga o Coelho Branco, Espaço Cultural Galeria ICG; Toybox at TROVE, Birmingham, Inglaterra, 2012; 48º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, Prêmio, Recife, 2012; Abre-Alas 8, Galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, 2012; Mostra Comemorativa 20 Anos do MARP, Ribeirão Preto, 2011; Novíssimos 2010, Galeria do Ibeu, Rio de Janeiro, 2010; entre outras.

"Lembra a emocionante história de Maria. Porque Maria conta histórias, e são histórias belas, como só Maria sabe contar. Podem ser mais belas as histórias ou Maria. Um acontecimento muito profícuo da arte que agora acontece, a comunicação afetuosa. E a artista nisso é mestra, saber contar belezas, mesmo que sejam doloridas ou estranhas, saborosamente panfletárias. Objetos-esculturas, vídeos e performances a serviço de uma delicadeza cortante que fere e dá prazer".

Mariane Monteiro – trabalha com pintura. Está há cinco anos está na G.R.C.E.S.M Pimpolhos da Grande Rio. Após fazer aulas no Museu do Ingá, participou de algumas exposições coletivas e individuais, uma delas vai acontecer em dezembro deste ano na aprovação do edital do CCPCM. Passou algumas experiências na EAV do Parque Lage, nas oficinas de serigrafia e pintura II. Também possui trabalho como arte educadora.

"Pinta e borda nas bordas de um tempo colorido, tropicalista. Uma cor expandida que ora sai da tela e contamina o ambiente de carinho e ternura, ora está pelos cantos escuros e sujos da cidade para torná-los oxigênio. O que se respira é afeto. Tendo como base o desenho Mariane o usa como estrutura física e espacial para um colorido contundente e crítico que provoca leveza e estranhamento, como um bando de borboletas voando sobre a existência humana."

Sérgio Torres – Nasceu no Rio de Janeiro, em 1963. Fez curso de pintura com Luiz Ernesto, em 1991, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde iniciou seus estudos. Em 1993, estudou desenho com Orlando Mollica, também na EAV, e gravura com José Igino e Ricardo Queiroz, no Museu do Ingá (Niterói), onde permanece até os dias atuais. Em 2007, retornou à EAV Parque Lage, onde cursou Arte hoje, com Bob N e Marcio Botner. Neste mesmo ano, estudou pintura com Edmilson Nunes, no Museu do Ingá. Em 1998, fez sua primeira individual de gravura, intitulada Este lugar é o bicho, na Fundação de Arte de Niterói. Sua última individual, Risco, foi este ano, uma mostra de gravura, no Barracão Maravilha, na Lapa, RJ. Já participou também de diversas coletivas, no Brasil e no exterior.

"Cria um ambiente de absoluta força expressiva com seus desenhos. O suporte pode ser papel, tela ou até mesmo um saco de lixo perdido nas ruas. O que importa é a fé. Fé num mundo onde o processo criativo pode ser cura e ensinamento. A veia expressionista de seu trabalho, é aspecto relevante, que o aproxima de artistas como Goeldi e Iberê Camargo, porém dando a esta escola uma nova estrutura estética, mesclando-se ao pop, através de interferências urbanas e de suportes não convencionais, como filipetas ou convites de exposições".


Serviço:

"A felicidade, às vezes, mora aqui..."
Coletiva de oito artistas, com curadoria de Edmilson Nunes
Abertura: Segunda-feira, 02 de setembro de 2013, às 17h
Em cartaz até 27 de outubro de 2013
Visitação: MAC de Niterói - Varanda
Endereço: Mirante da Boa Viagem, sem número
Horário de visitação: de terça a domingo, das 10h às 18h vIngressos a R$6,00

Estudantes, professores e pessoas acima de 60 anos pagam meia (R$3,00)
Entrada gratuita para estudantes da rede pública (ensino médio), crianças abaixo de 7 anos e portadores de necessidades especiais.
Entrada gratuita também às quartas-feiras

Obs.: a bilheteria encerra suas atividades 15 minutos antes do horário de fechamento do museu.
Informações: 2620-2400 ou 2620-2481

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Publicado em 03/08/2013

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