Ele fazia parte dos 3 Amigos da época: ao lado de Raul Pederneiras e J. Carlos, K. Lixto foi um dos mais importantes caricaturistas da primeira metade do Século XX, com uma prolífica obra (calcula-se que tenha feito cerca de 150 mil desenhos). Sua carreira foi paralela aos outros dois, e a trinca era presença constante em todas as publicações de humor da época.

K. Lixto por Alvarus
Niteroiense nascido em 14 de outubro de 1877, Calixto Cordeiro ou K. Lixto foi caricaturista, desenhista, ilustrador, litógrafo, pintor e professor. Iniciou suas atividades artísticas em 1890 na Casa da Moeda, onde estudou modelagem com Artur Lucas, além de gravura, xilogravura e química com o mestre português José Vilas Boas.

Em 1893, assumiu o cargo de professor assistente de gravura na instituição. Dois anos depois, matriculou-se na Escola Nacional de Belas Artes - Enba e trabalhou como litógrafo na Imprensa Nacional.

Surgiu como caricaturista num período revolucionário em nossa imprensa ilustrada, quando começava-se a abandonar a pedra litográfica, de que fizeram uso nossos primeiros caricaturistas.

Autocaricatura
Em 1898 começou a colaborar com a revista "O Mercúrio", quando criou o pseudônimo K. Lixto, utilizado a partir de então na assinatura de todos os seus trabalhos. Seus dois primeiros desenhos foram publicados nesta revista, em 30 de julho de 1898, sendo um deles, na capa.

Na década seguinte, colaborou com um sem número de publicações que nasciam dedicadas à ilustração, entre elas: "A Máscara" (1899); "O Malho" e "Tagarela" (1902); "A Avenida" (1903); "O Avança" (1904); "O Tico-Tico" (1905); "Século XX" (1903); "Diabo" (1907); "Careta" (1908); e "Ilustração Brasileira" (1909).

Na revista "Tagarela", iniciou, em 1904, uma série de charges questionando a campanha de vacinação obrigatória contra a varíola, instituída por Oswaldo Cruz. Para a revista "Kosmos", realizou, a partir de 1906, ilustrações para as crônicas de João do Rio, Olavo Bilac e Gonzaga Duque. Em 1907 assumiu, junto a Raul Pederneiras, a direção artística da revista "Fon-Fon". Nesse semanário, além de publicar suas caricaturas, foi responsável pela ilustração de um sem número de capas.

Ilustrando crônicas de João do Rio, Revista Kosmos, 1906
Em agosto de 1908 lançou a revista "O Degas", que apesar de ter durado menos de um ano é considerada uma das graficamente mais belas do gênero, no Brasil.

Em 1911, faz charges políticas para a Gazeta de Notícias, nas quais enfocava principalmente os políticos Hermes da Fonseca e Pinheiro Machado. No mesmo ano, fez sua primeira exposição de quadros e caricaturas, alcançando enorme êxito, e em 1916, com Raul Pederneiras, J. Carlos, Fritz, Belmiro de Almeida, Helios, Julião Machado, Storni, Luiz, Ariosto, Vasco Lima, Seth Amaro e Nery, inaugurou o Salão de Humoristas, no Liceu de Artes e Ofícios.


Série "Perigo do Trocadilho", em D. Quixote, 1917


A partir de 1917, começou a trabalhar na revista "D. Quixote", onde permaneceu até 1928. Lá, criou seu mais importante personagem, na série "O perigo do trocadilho", depois mantida durante anos na "Fon-Fon" e na "Gazeta de Notícias". Nela, K. Lixto apresentava, em meio a tremendas confusões provocadas por trocadilhos, um garoto que tentava explicar os conflitos políticos e sociais da época.

Em 1924, foi nomeado professor da cadeira de desenho da Escola Visconde de Mauá, no bairro carioca de Marechal Hermes, onde leciona por cerca de 20 anos.

Revista O Malho, 1902
Colaborou ainda na revista "O Cruzeiro" e no jornal "Última Hora", antes de abandonar o jornalismo em 1930. Passou então a criar os cartazes da Loteria Federal com slogans famosos como "O seu dia chegará" e "Insista, não desista", e também a lecionar desenho. Realizou também cartazes de produtos como o Bromil, Lugolina e Saúde da Mulher, que se tornam muito populares na época.

K. Lixto conquistou duas medalhas como expositor do Salão Nacional de Belas Artes, uma de bronze, em 1916 com o quadro "Cansou de Esperar" e outra de prata, em 1954 com "Vigília". Em 1944, fundou, com outros artistas, a Associação Brasileira de Desenho.

Sinhô, por K. Lixto. O Cruzeiro, 1956
No Museu Nacional de Belas Artes entre 3 e 17 de setembro de 1956, esteve aberta ao público a exposição retrospectiva de sua obra. Cerca de 150 trabalhos entre pinturas, caricaturas e esculturas, além de alguns escritos, fizeram parte da mostra constituindo as caricaturas, na sua quase totalidade da série "O Perigo do Trocadilho", o ponto alto da mostra.

Mestre do trocadilho, figura das mais populares do Rio, sendo reconhecido à primeira vista pelo seu singularíssimo traje - fraque, plastron, sapato fino, duas caveiras nas abotoaduras dos punhos e uma coruja no alfinete da gravata -, à beira dos oitenta anos faleceu na cidade do Rio de Janeiro, em 11 de fevereiro de 1957.

"Capoeira", por K. Lixto. Revista Fon-Fon, 1917
Um dos nomes mais importante no desenvolvimento da caricatura moderna no Brasil, juntamente com Raul Pederneiras e J. Carlos, tinha como característica o grande dinamismo das figuras. Essa capacidade de fixar o movimento permitia-lhe mostrar com grande habilidade cenas muito complexas. Espelhando fielmente uma época, seus personagens nos levam a uma viagem divertida ao passado, mostrando a moda, os hábitos e a política do Rio de nossos avós e bisavós.

O busto em bronze do pintor e caricaturista Calixto Cordeiro passa despercebido pela maioria dos que circulam pelo Campo de São Bento. Localizado na lateral com a Rua Domingues de Sá, o monumento foi concebido pelo escultor Modestino Kanto e inaugurado em 1960.

Com informações de Jotacê, da revista Fon-Fon (1956); Enciclopédia Itaú Cultural; Revista D. Quixote; e jornais de época (Hemeroteca da Biblioteca Nacional).







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Publicado em 21/06/2021

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