Apresentando quatro exposições a de "Dom Pedro II - Homem"; a de Arte Sacra; a da Mostra Fotográfica do Concurso "Passado/Presente na Imagem de Hoje"; e a de objetos de repartições públicas municipais, será inaugurado hoje, domingo, 30 de janeiro de 1977, às 18 horas, no antigo prédio da Câmara de Vereadores, o Museu da Cidade de Niterói.

Criado por Decreto municipal. de n° 2749. de 10/12/76, e localizado na rua Visconde do Uruguai, em frente ao Jardim de São João, o Museu da Cidade de Niterói encontra-se sob a ministração do Instituto Niteroiense de Desenvolvimento Cultural (INDC). integrando a Secretaria de Educação e Cultura.

Um poema de Alfredo Motta, exibido no Salão Térreo, caracteriza bem o objetivo do Museu da Cidade, ao salientar que "Você é o Museu / Olhar (mas não apenas olhar) / Conhecer (mas não apenas conhecer) / Estar presente (mas não como quem está apenas presente) / Mas olhar / Mas conhecer / Mas estar presente".

"Já se foi o tempo dos museus fartos de antiguidades importadas e desvinculadas do público, sendo este, então, um simples espectador", disse Ulianov Pedrosa. "Diante da questão de conservar bens culturais, e de evoluir através deles, é que surge o Museu. Seu propósito principal, hoje é o de preservar a identidade do público que o cerca. O cotidiano da comunidade local é, portanto, o objetivo do Museu contemporâneo. A Museologia visa, por conseguinte, a criar instituições dinâmicas, participantes, que atuem como centros de referência cultural, vale dizer, abordando, por meio de mostras temporárias, os diversos aspectos que personalizam cada comunidade", completa o professor.

Na verdade, o Museu da Cidade de Niterói, já está, antes de mesmo de sua inauguração, correspondendo às aspirações que orientaram seus idealizadores .

As primeiras peças recebidas, como doações, para a constituição do acervo, e que estarão em exibição no Museu, foram remetidas pelas próprias repartições municipais, entre elas: um sino de bronze, doado pelo Imperador Pedro I, com o Brasão da Coroa nele esculpido; um relógio de parede antiquíssimo, de marca 'Regulator A.' fabricado pela 'Ansonio Clock Co.' de Nova York; além de um óleo de Bráulio Poiava, chamado "Velhos Barcos - Ilha da Conceição".

Ocupando quatro salas, a exposição "D. Pedro II - Homem", de responsabilidade do Museu Imperial de Petrópolis, apresenta o trono do Imperador e uma réplica de sua coroa. Ali vê-se, ainda, pratos, retratos, leques da Princesa Isabel e D. Leopoldina, a espada de bronze dourado, além de objetos de uso pessoal da família imperial.

Duas salas são ocupadas pela exposição "Arte Sacra", cujas peças foram emprestadas pela Mitra Arquidiocesana de Niterói. Entre as peças se encontra um oratório do século XVIII, onde se pode apreciar uma Nossa Senhora do Bom Parto, esculpida em madeira, do século XIX. Consta desta exposição, ainda, alfaias portuguesas, coroas e utensílios sacros, além de um São Pedro do século XVII.

Na solenidade de inauguração, no Salão do antigo Plenário da Câmara Municipal, serão entregues os prêmios em dinheiro, oferecido pelo INDC, aos vencedores do Concurso "Niterói Passado e Presente, Através da Imagem", e as medalhas, ofertadas pela Sociedade Fluminense de Fotografia. Na categoria Profissional, venceu Paulo Mattos Faber e na amador, Célia Maria Arogon Marinho. Os trabalhos estão expostos no próprio museu. A mostra fotográfica, em exibição no Museu, contará com 50 trabalhos enviados pelos concorrentes.

Objetivo

Segundo a Professora Jamile Esper Saud, Diretora do Centro de Documentação Histórico-Cultural do INDC, o Museu da Cidade "destina-se a preservar o patrimônio cultural da comunidade de Niterói; para tanto, além das mostras e exposições que fará realizar, praticamente sem solução de continuidade, o Museu pretende, ainda, promover cursos, palestras e seminários, utilizando-se, inclusive, do próprio Jardim de São João e demais áreas de lazer. Além disso prossegue a Professora Jamile Saud Museu da Cidade de Niterói procurará manter estreito relacionamento e intercâmbio com outros museus".

E prossegue a Professora Jamile Saud: "Está totalmente ultrapassada a ideia de que Museu é coisa do passado, sem utilidade; muito pelo contrário, o Museu constitui-se num dos mais vivos testemunhos da vida comunitária".

Acervo

Os objetos e temas de levantamento, coleta, estudo, pesquisa e conservação do Museu da Cidade de Niterói serão; de acordo com a Professora Jamile Saud, os mais diversos possíveis: monumentos, história, cultura, personalidades, artesanato, ciências, tipos populares, educação, imprensa, tradições populares, artes, urbanização, flora, fauna, indústria, esportes, administração, transportes, enfim, tudo quanto sirva de documento, de testemunho da vida do Município.

Organização

A organização do Museu da Cidade de Niterói compreenderá, futuramente, um Centro de Documentação e Preservação da Memória de Niterói; um Centro de Estudo e Pesquisa; um Setor de Comunicação, abrangendo as Seções de Exposições com Atividades Educativo-Culturais; um Setor Técnico, reunindo as Seções de Administração, Arquivo Museológico, Depósito e Manutenção; um Setor de Publicações; e, ainda, Fototeca, Mapoteca, Hemeroteca e Arquivo Audiovisual.

Significado

Acerca da inauguração dos Museu da Cidade de Niterói, assim se expressou a Professora Lecyr Lessa, Presidente do INDC: "A inauguração do Museu da Cidade de Niterói não se constitui um evento isolado, mas, sim, representa o resultado de um trabalho que, na medida do possível, tem procurado, sempre, abranger todas as expressões através das quais se realize o fazer artístico e cultural".

Conjunto Cultural

No mesmo prédio onde está instalado o Museu da Cidade de Niterói funcionarão igualmente, o Instituto Histórico de Niterói, presidido pelo Dr. Edmo Rodrigues Lutterbach; a Academia Niteroiense de Letras, que tem a presidi-la o Professor Horácio Pacheco; o Arquivo Histórico; e a Biblioteca Municipal Central de Niterói.

Com informações de O Fluminense (28 e 30/01/1977 e 4/03/1977)
Pesquisa e Edição: Alexandre Porto



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Publicado em 10/09/2021

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