A mostra é uma homenagem à atriz Léa Garcia que desempenhou um papel fundamental no rompimento de barreiras para atrizes negras nas telas e no teatro.
O Museu Janete Costa de Arte Popular convida para a abertura da exposição 'Léa: Negra Atriz da Liberdade', na terça-feira, 12 de março, às 18h. Para homenagear a trajetória artística da consagrada atriz, serão colocados à disposição do público, colagens, textos originais, fotografias, desenhos, objetos cênicos, figurinos, jornais e revistas, e muito do que é o Teatro Experimental do Negro e da Grande artista e ativista Negra, Léa Garcia. A mostra fica aberta à visitação até 12 de maio.
"Nesse mês de março, no qual os holofotes estão direcionados a todas as mulheres, para mim, enquanto mulher negra, é uma grande honra receber e abrir ao público essa exposição, que expressa movimentos que visam romper com o sistema patriarcal e com a barreira histórica cultural de mulheres negras nas artes" comemora Juli Costa, diretora do Museu Janete Costa.
Micaela Costa, presidente da Fundação de Arte de Niterói (FAN), destaca a importância e o protagonismo da homenageada. "Falar de Léa Garcia é uma honra e um dever para nós que temos a tarefa de fomentar a cultura da nossa cidade. Léa, uma atriz negra de primeira categoria, teve imensa contribuição no enfrentamento ao racismo, abrindo caminhos para tantos outros artistas negros no teatro, na TV e no cinema brasileiros", conclui.
Léa Lucas Garcia de Aguiar nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 11 de março de 1933. Tornou-se atriz quando esse não era um ofício comum para mulheres negras. Filha de Stela Lucas Garcia e José dos Santos Garcia, passou a morar com sua avó aos 11 anos, quando sua mãe morreu. Desde jovem, demonstrou o desejo de se envolver com o universo artístico, mas em outro campo. Queria cursar Letras para ser escritora.
A poesia do escritor negro João da Cruz e Sousa (1861-1898) teve grande influência nas reflexões de Léa sobre a negritude no Brasil. Aos 16 anos, conheceu o TEN - Teatro Experimental do Negro e ingressou na companhia liderada por Abdias do Nascimento, com quem se casou e teve dois filhos.
Léa estreou como atriz em 1952 em um espetáculo de Abdias, 'Rapsódia Negra'. Primeira aparição em público, com o grupo do Teatro Experimental do Negro, ela interpretava poesia de Castro Alves. A partir de então, a paixão pelas artes cênicas se impôs. Ainda no teatro, se destacou na peça 'Orfeu da Conceição' (1956), de Vinicius de Moraes. Cotada primeiro para ser Eurídice, Léa Garcia se encantou com a personagem Mira e conseguiu o papel.
Trabalhando em teatro, TV e cinema, Léa Garcia consolidou uma carreira de papéis marcantes como a Rosa, de 'Escrava Isaura', novela que a tornou conhecida do público, e venceu a barreira dos personagens tradicionalmente destinados a atrizes negras. Tornou-se, assim, uma referência para jovens atores e admirada pela qualidade de suas atuações.
Léa morreu em 15 de agosto de 2023, aos 90 anos, na cidade de Gramado, onde estava para receber o Troféu Oscarito no Festival de Gramado.
Com curadoria de Joel Vieira, a exposição 'Léa: Negra Atriz da Liberdade' vem homenagear a premiada artista e trazer aos olhos e olhares muito de sua obra, suas fontes inspiradoras, seus textos e roteiros, sua forma única na construção de seus personagens e muito do imaginário do TEN, Teatro Experimental do Negro.
Serviço
Evento: Léa: Negra Atriz da Liberdade
Abertura: Terça-feira, 12 de março, às 18h
Período: De 12 de março a 12 de maio de 2024
Horário: De terça a domingo, das 10h às 17h
Entrada franca
Classificação indicativa: livre
Local: Museu Janete Costa de Arte Popular
Endereço: Rua Presidente Domiciano, 178 - São Domingos, Niterói
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