(Memória, 09 de outubro de 1988)

O Solar do Jambeiro reabre em novembro para pequenos eventos

Em novembro, o Solar do Jambeiro reabre os seus pesados portões para o público. Está não é uma noticia qualquer. Com ele, Niterói volta a contar com um espaço cultural importante e, acima de tudo, especial. O lugar é uma antiga residência que conserva-se como era quando foi construída em 1872.

Ao atravessar seus portões, o niteroiense mergulhará no sonho de sentir-se em pleno século XX, como um morador de uma típica casa brasileira do século passado. Na reabertura, o centenário casarão abrigará apenas pequenos eventos culturais e visitas previamente marcadas. Dona Lúcia Falkenberg, herdeira e administradora do Solar, não quer se surpreender com gastos extras, além do Ca$ 1 milhão destinados mensalmente à manutenção da casa. "Está cada vez mais difícil mantê-lo. A tendência é o governo assumir o Solar e transformá-lo numa fundação", prevê Dona Lúcia.

Dona Lúcia luta contra os custos de manutenção cada vez mais elevados
O Solar foi erguido por um rico comerciante português que nem chegou a concluir a construção e o vendeu para o adido cultural da Dinamarca, George Bartholdy. O adido dinamarquês soube preservar o estilo português do ambiente, com seus móveis à Dona Maria I e à Dom João VI. Mas também deu toques próprios, importando móveis ingleses, franceses e dinamarqueses. O mobiliário se configurou um tanto eclético, mas isto não impediu que relógios franceses e poltronas inglesas convivessem harmonicamente com um roupeiro dinamarquês do século 17 e peças genuinamente brasileiras.

O médico brasileiro Egon Falkenberg, neto de George Bartholdy, herdou de sua mãe o Solar, mas como morador de São Paulo, limitou-se a utilizá-lo como residência nas esporádicas viagens que fazia a Niterói. Sua esposa, Lúcia Falkenberg, não se conformava em ver 8.000 metros quadrados de história entregues às moscas. Assim, em 1984 decidiu transformar o Solar do Jambeiro numa morada permanente da arte.

"A cidade carece de espaços como este e não é justo mantê-lo privativo da minha família", diz Dona Lúcia. Decidida, aliou-se a pessoas preocupadas com a cultura de Niterói, como a diretora do Museu da Imagem e do Som, Maria Eugênia Stein, e João Luís Vieira, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Juntos fundaram o Colégio Fluminense de Cultura e Património - Pró-Niterói -, com o objetivo de promover eventos culturais no Solar. O dormitório transformou-se na Sala Antonio Parreira, em homenagem ao pintor que, em 1887, hospedou-se ali. A sala é destinada às exposições de quadros e de artesanato que enfoquem exclusivamente a arte brasileira.


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Publicado em 04/05/2021