A história dos teatros em nosso município não retrocede para além de 1827, data em que se inaugura, na então Vila Real de Praia Grande, numa casa da rua do Theatro/Imperatriz, nº 11, hoje XV de novembro, 35, a
Sociedade do Theatrinho da Praia Grande, uma iniciativa de Joaquim Antônio Carreira Bacellar, Alexandre Pinto de Carvalho e André de Moura Velho.
Ali, em 1831, trabalhou
João Caetano dos Santos, ator na companhia organizada pelo português Victor Porfirio de Borja, e onde dois anos depois, estreou com a primeira companhia genuinamente brasileira. Incomodado com os pequenos papeis que lhe eram oferecidos nas companhias comandadas por artistas lusitanos, João Caetano inaugura a
Companhia Brasileira de Theatro com o drama "O príncipe Amante da Liberdade ou A Independência da Escócia", em 2 de dezembro de 1832.
O desenvolvimento da arte dramática cresceu tanto entre nós nesta época, que o
Theatro Nictheroyense, como passou a ser denominado a partir de 1835, não conseguia comportar o número de espectadores e atrair outras companhias da Corte. O teatrinho era de acanhadas proporções, não tinha camarotes, sendo substituídos estes por uma galeria, e João Caetano, que pretendia pôr em execução um largo programa de espetáculos, propõe construir outro, com adequadas acomodações.
Em 1939, consegue, do governo da província de então, o benefício de 12 loterias para a edificação deste novo teatro. O primitivo local escolhido para sua construção foi um terreno na rua da Imperatriz esquina D'El-Rey (no trecho hoje denominado Almirante Teffé), na atualidade ocupado pela Receita Federal. Mas como as obras ficaram apenas nos alicerces, o ator-empresário voltou-se novamente para o Nictheroyense, já então pertencente à
Sociedade Philodramatica.
Com a representação da peça "Hamlet", fechou-se a 29 de agosto de 1842 o antigo teatrinho e anunciava-se o alicerce do novo edifício. A velha casa de espetáculos mudava de dono e seria enfim demolida. João Caetano contrata então com o carpinteiro Albino Joaquim da Silva sua reconstrução, e com o ator Antônio José Areias, de sua própria companhia, os trabalhos de pintura e decoração, inclusive confecção de cenários e pano de boca.
Em três meses foi levantado "em pedra, cal e boas madeiras" o novo teatro, que contava com camarotes de 1ª e 2ª ordem, plateia e galeria. Foi festivamente inaugurado, já com o nome de
Theatro Dramático de Santa Thereza no dia 25 de dezembro, com a peça
As Memórias do Diabo, com a ilustre presença da família Imperial (D. Theresa Cristina, a homenageada, ainda não chegara ao Brasil) e altas autoridades da província. As obras, entretanto, só foram totalmente concluídas no ano seguinte, com a aquisição de terrenos vizinhos.
Naquele ano, em relatório enviado à Assembleia, o governo da Província discorreu sobre as negociações levadas a cabo com João Caetano:
"O Theatro Provincial, cuja construção fora contratada com o artista João Caetano, por virtude da lei de Abril de 1839 sob o nº 7, depois de ter absorvido 37:440$, não pôde ir avante. Talhada em dimensões demasiadamente grande para uma cidade de ordem desta, com pouca população e parte desta apenas temporaria, demandava despezas avultadas para ser ultimada. Nestas condições, querendo o governo dotar a Capital da Provincia com um teatro proporcional à sua população, fez com João Caetano a renovação de seu contrato, cedendo este artista, desde logo, a obra começada e obrigando-se por meio de produtos de loterias a comprar o theatrinho Nictheroyense reedificá-lo e usufruí-lo por espaço de 12 anos, findos os quais passaria à Provincia."
Foi no velho Santa Thereza que o nosso Talma Brasileiro, título conferido a João Caetano, representou pela última vez, levando à cena o drama
Os Íntimos, de Victorien Sardou, depois do quê adoeceu vindo a falecer em agosto de 1863.
Com o passar dos anos e sem uma manutenção periódica, foi o teatro se deteriorando. Com efeito, em janeiro de 1862, o próprio João Caetano comunicava ao então presidente da província ter desabado a parte posterior do edifício.
Diante dessa realidade, aproveitou-se o comendador Joaquim Norberto de Sousa Silva, abrindo em 1865 o teatro
Elyseu, na rua de El-Rey, nº 33. Nele representava em sua maioria artistas vindos do Rio de Janeiro, como os da Companhia do teatro Gymnasio, "a melhor que possui a capital do Império", além do renomado ator Francisco Corrêa Vasques. Foi ali que a atriz Ismênia dos Santos, que anos depois adota Niterói, começa a ganhar nome; passaram também Francisca Monclar, Manoel Fradellos, o prestigitador Gaetano, a portuguesa Família Martins, além dos amadores do
Gymnasio Dramatico Nictheroyense.
Concorrente do Elyseu foi o Salão de bailes de Alexandre Lavignasse, muito procurado no carnaval, à rua Del Rei, nº 115. Neste teatrinho improvisado, desde 1865 se apresentava a Associação
Recreio Familiar e a Sociedade Dramática
Nova Flor de Nictheroy, e onde a própria Ismênia dos Santos se apresenta em 5 de abril de 1866, com o drama "O Fidalgo e o Artista".
Os Clubes Dramáticos
Antes do Elyseu, no início dos anos 1850, o Clube Dramático
Caliope, composto por funcionários públicos, teve um teatrinho na rua de São Pedro, nº 16. Segundo a revista teatral 'O Montanista', em 1851 levaram à cena as peças 'Jacques Clemente', 'Lourencino', 'Bravo de Veneza' e 'Dous Renegados'. A atriz italiana
Jesuína Montani começou neste teatro a sua carreira artística, e ali J. Bernardo de Figueiredo, Lage e outros representaram muitas vezes de dama.
Deste clube formou-se o
Concórdia, que tempos depois mudou-se para a rua Aureliana, atual Cel. Gomes Machado, esquina com Rainha, hoje Visconde de Itaboraí. Representaram no Concórdia, entre outros, o ator Marcolino Leite, conhecido como Lopequim.
Entre 1852 a 1854 foram criados mais dois clubes dramáticos na cidade. O primeiro por
Sebastião Lisboa e o segundo por três estudantes de medicina:
José Martins Rocha, depois fundador do primeiro hospital em Niterói;
José Vitorino Costa, mais tarde vereador e inspetor de exames do Liceu; e
Manoel Pereira da Silva Continentino Júnior, que durante 33 anos dirigiu o antigo Hospital São João Baptista. Ambos representavam num pequeno teatro à rua Nova de São Domingos, hoje Andrade Neves. O clube dos futuros médicos tornou-se o primeiro grupo de amadores a se apresentar, em 1952, no Theatro Santa Thereza. Diz a crônica da época que o dr. José Victorino era a alma da trupe nos papeis principais, mas Continentino seria o único a persistir no amadorismo teatral, como veremos adiante.
Nos anos seguintes, diversos clubes em teatros particulares foram criados em Niterói. É uma tarefa quase impossível identificar a origem e o tempo de vida de muitos delas. Muitos eram antes sociedades sociais que aproveitavam seus salões de baile para improvisar um palco, uma plateia. Alguns se sucediam a reboque das movimentações de seus membros; outros se fundiam e desapareciam precocemente. Esses clubes dependiam unicamente das mensalidades cobradas de seus sócios e, na maioria das vezes, não contava com um necessário espírito empreendedor.
Em dezembro de 1855 estreia em teatro próprio uma Sociedade Dramática chamada
Feliz União dos Artistas, que tinha como ensaiador J.J. Silva Junior. Em setembro de 1856 surge o
Cassino Nictheroyense, que também chega a promover récitas no Santa Thereza. Nos primeiros meses de 1857, Francisco Prudêncio Masson cria a Sociedade
Aurora Nictheroyense. Em 1859 surge a
Sete de Setembro, que, assim como a Aurora, tinha J. A. A. Lisboa como ensaiador. A Sete de Setembro comemorou os 37 anos da independência do Brasil com uma concorrida récita no Santa Thereza.
Logo após a morte de João Caetano, os atores Galvão, Leal,
Alberto Victor e Sebastião Lisboa fundam o
Clube Talma. Em janeiro de 1864, já com o nome de
Sociedade Dramática João Caetano, sube ao palco de seu teatro, à rua São João, nº 85, com a peça "O Borboletismo", de Victorien Sardou. No mesmo teatro, estreia à 27 de fevereiro do mesmo ano, a Sociedade Dramática
Gil Vicente.
Também em com teatro próprio, à rua da Rainha nº 55, no Largo de São João, nasce o Clube
Dramático Nictheroyense em outubro de 1874, sob o comando dos já renomados amadores
Francisca Monclar,
João de Oliveira Castro Vianna,
Demithildes,
Alberto Victor e
Sebastião Lisboa. Criado por uma dissidência do Nictheroyense, o Clube
São João Baptista ensaiava no recém inaugurado teatro Santo Antônio.
Theatro Santo Antônio
Neste teatro, localizado à rua São João nº 52, trabalharam diversas companhias nacionais e estrangeiras. Foi construído por
Raphael José de Mattos, "a expensas suas para receitas anuais das obras da capela da Irmandade de Santo Antônio de Lisboa, localizada no bairro de São Lourenço". Inaugurado em 8 setembro de 1875 com a peça "Trabalho e Honra", de Augusto César de Lacerda, com os amadores
Pedrosa, Alencastre e grande elenco; um mês depois estreia uma companhia contratada, sob a liderança dos atores Peixoto e
Joaquim da Costa Maia.
Foi nele que pela primeira vez viu-se em cena o amador
José Carlos da Costa Velho, um dos mais festejados artistas de Niterói, também conhecido leiloeiro da cidade, que estreou com "Seu Domingos Fora do Sério".
Deu sua primeira récita no Santo Antonio, à 14 de junho de 1876, o Clube Dramático
Commercio e Artes, representando o drama em 3 atos "Luiz ou a Cruz do Juramento".
Organizado pelo amador Gregório Dutra, o
Grupo Guanabarense, fundado em julho de 1880, também ensaiava no Santo Antônio. Em sua récita de inauguração, leva à cena "Magdalena", de Pinheiro Chagas. No recém-inaugurado Theatro Phenix Nictheroyense, representa, no ano seguinte, "A Morgadinha de Val-Flor", drama em 5 atos também de Pinheiro Chagas.
Fundado em 1880, o Clube Dramático
Luva Preta Nictheroyense era composto unicamente de cocheiros de bondes. Em 11 de agosto de 1887, no Santo Antônio, representa o drama em 5 atos "Um Quadro da Vida", de Ernesto Biester.
Já o Clube Dramático
Cruz de Ouro, fundado por Alfredo Menezes, estreia em 1º de novembro de 1880, no Santo Antônio, com o drama "Dalila" e a comédia "O Sr. Domingos Fora do Sério", com Costa Velho no papel principal. Sob a presidência de Alfredo Júlio Dias da Silva, em 1882, o Cruz de Ouro vira Grêmio Dramático
José Alencar, funcionando em uma casa de cenas à rua da Rainha, nº 153. Este teatrinho é depois vendido a Costa Velho por 100$000. O José de Alencar, ensaiado por Antônio Francisco Guimarães e Tertuliano de Vasconcellos, estreia no Phenix com a peça "O Mistério de Família", drama de Franklin Távora.
Theatro Phenix Nictheroyense
Com a ruína e fechamento dos teatros Santa Thereza, Elyseu e Santo Antônio, abre à rua d'El-Rei, esquina com Imperador, hoje Marechal Deodoro, onde funcionava um antigo rink de patinação, uma nova casa de cenas, batizada de Phenix Nictheroyense. Inaugurado a 16 de dezembro de 1880, com a companhia de Guilherme da Silveira, e com capacidade para 500 pessoas, para o Phenix converge todo o movimento dramático niteroiense, até a reconstrução do Santa Thereza.
Os irmãos Augusto e Joaquim Lacerda criam, em 1882, o Grêmio
Dramático Familiar, com teatrinho próprio, à rua Visconde de Itaboraí, nº 123. Nesse Grêmio, impôs-se a inovação de só se levar à cena peças dos próprios amadores. Para ele, Joaquim escreve o drama "Oscar" e a comédia "O Dote de Cecília", ambos bastante elogiados pela crítica especializada. No mesmo ano, o GDF se funde com o
José de Alencar, dirigido artisticamente por
Alfredo Fernandes,
Guilherme Ewbank e
Gregório Dutra.
Em 29 de julho do mesmo ano, estreia com a peça "Descoberta de mel de pão", o Clube
Primavera Dramática. Presidido por Joaquim Josa e formado apenas por estudantes, prioriza em suas representações mensais, peças de escritores nacionais.
Ainda em 1882, no dia 3 de maio, estreia no Phenix Nictheroyense, com o drama "Modesta", o Clube Dramático
Kean, grêmio fundado por
Julio Klier de Mendonça e
Alberto Victor com o intuito de angariar donativos para a construção de um monumento em homenagem ao poeta Fagundes Varella. Sob o comando de Gregório Dutra, o clube esteve ativo até pelo menos 1892. No Kean, se destacou
Castro Vianna em memoráveis papeis, como o de um abade na peça "Magdalenna".
O Clube Dramático
Cavalheiros de Caravellas realiza sua récita inaugural no dia 15 de novembro de 1884, com o drama "Os Vampiros Sociais" e a comédia "A Ordem é Resomnar". Em 1886 muda-se para um salão à rua Visconde de Uruguay, antiga d’El-Rey, nº 225.
Fundado por Castro Vianna, Osório da Silveira e Benevenuto Cellini, o Grêmio Dramático
João Caetano realiza sua récita de inauguração em 16 de julho de 1887, no Phenix Nictheroyense, com a peça "Filho Bastardo". Subiram ao palco, ainda, os amadores
Francisco de Moura,
José Torquato,
Irineo Portugal e
Horácio Siqueira. Mais tarde este Clube passa a funcionar no Santa Thereza, já então reconstruído.
No dia 13 de julho de 1899, estreia no Phenix Nictheroyense o Grêmio Dramático
Homenagem ao Ator Vasques, com o espetáculo "A Maldição Paterna", sob direção de Costa Velho e José Joaquim Torquato. Dois anos mais tarde, o Grêmio é rebatizado
Clube Vasques tendo em seu corpo cênico, além de Torquato e Costa Velho, Alberto Victor, Castro Vianna, Gregorio Dutra, Benevenuto Cellini, Machadinho e Julio Picotes.
Em 20 de setembro do mesmo ano, acontece a récita inaugural do Grupo Dramático
Cosmopolita, com o drama "Jocelyn ou o Marinheiro da Martinica", tendo na direção, Alvaro Menezes. No corpo cênico foram muito aplaudidos os artistas Julia Luzes, Leitão, Monteiro e Apool Martins.
Fundado por Tertuliano de Vasconcellos, Costa Velho e Ernesto Vabo, o
Eden Clube funcionou por pouco tempo no novo Santa Thereza. Ensaiado pelo amador Andrade, realiza sua segunda récita a 24 de agosto de 1892, com o drama "Morgadinha de Val-Flor". Após 2 anos de inatividade, o clube é reinaugurado em 1897, mas não faz mais do que uma apresentação. Em 1905, outro Eden Clube é criado por João Pinto, mas este não está na abrangência desse artigo.
Com teatro próprio localizado à rua Nova de São Domingos, nº 48, o Clube Dramático
27 de Julho foi um dos mais longevos grêmios dramáticos do período. Sua estreia acontece no dia 27 de julho de 1892, data do aniversário de seu proprietário, o já citado médico
Manoel Continentino, tendo na direção de cena Serafim Botelho e Sebastião Lisboa. O clube, que contou durante muitos anos com a direção musical dos renomados maestros
Assis Pacheco e
Brito Fernandes, teve em seu corpo cênico amadores como
Annibal Furtado,
Irênio Coelho,
Francisco Bastos,
Tertuliano de Vasconcelos,
Osório Silveira,
Costa Velho,
Francisco Valente,
Martins Teixeira Junior,
Mario Continentino e
Ismael Maia.
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Prédio da Assembleia Provincial Fluminense, na Rua da Praia, esquina com Rua São João, onde funcionou o Clube Fluminense |
Dirigido por Costa Velho, é fundado, em 12 de outubro de 1895, o teatro do
Clube Fluminense, num sobrado da rua da Praia (Visconde de Rio Branco), esquina com São João, no prédio onde funcionou, por muitos anos, a Assembleia Provincial. O espetáculo de estreia, "Macaco Azul", do dramaturgo parisiense Eugène Labiche, teve no elenco Ursulina Bernardina Temporal, Margarida Borges, Castro Vianna, Paiva Junior, Annibal Furtado, Martins Teixeira, além do próprio Costa Velho.
Muito sucesso fez a trupe de crianças do clube
Chateau Dezireux, que estreia a 21 de dezembro de 1895, num pequeno teatro localizado à rua Visconde Itaboraí, nº 60, com o espetáculo "A Conquista de um trono", em 3 atos. De um bando de crianças de 10 a 12 anos, o maestro Brito Fernandes formou cantores com vozes harmoniosas e sonoras subdivididas em coros, trios e duetos, alcançando brilhante resultado. A companhia infantil, que chega a se apresentar no Capital Federal, se desfaz em 1897, pouco depois de estrear no Theatro Municipal, antigo Santa Thereza. No Chateau, estreou como ator, aos 12 anos de idade, no papel de Satanás,
João Pinto, o "maior de nossos amadores" no século XX.
Por fim, o Clube Dramático
Assis Pacheco, que fundado em 1898, por dissidentes do 27 de julho, tinha como sede o Theatro Municipal. Em sua récita de estreia, a 6 de agosto, leva à cena o
vaudeville em 4 atos "O Lobo e o Cordeiro", de ator-dramaturgo Pedro Augusto, com direção de Irênio Coelho e tendo no corpo cênico o próprio Pedro Augusto, Thereza Pereira da Costa, Martins Teixeira, Júlio Picotes, Francisco Bastos e Izabel da Costa. No Assis Pacheco passaram ainda nomes como João Pinto e o adolescente Leopoldo Fróes, que estreia no Municipal em 06 de outubro de 1898, interpretando o personagem 'Brécio', na peça "Mister Forceps", de Assis Pacheco.
E o Theatro Santa Thereza, depois Municipal?
Morto João Caetano em 1863 e voltando o Santa Thereza, por virtude do contrato de renovação de 1842, a posse da Província, fica ele em abandono. Como já dissemos anteriormente, ainda em janeiro de 1862 desaba os fundos do edifício, ficando o mesmo 6 meses fechado; em 1866 a Câmara Municipal noticia a Província sobre o estado de ruína do prédio, que ameaçava os transeuntes. Por iniciativa do maestro italiano, radicado em Niterói, Felício Tati, o Santa Thereza é reconstruído mediante cessão do terreno e uma subvenção trimestral. No contrato assinado em 1875, Tati se compromete a construir o novo teatro em 5 anos, mas só conseguiu constituir a empresa responsável 2 anos mais tarde. As obras se iniciam em 1879, mas a inauguração, com a presença do imperador Dom Pedro II, só aconteceu em 8 de agosto de 1884. Para essa noite de gala, foi escolhido o espetáculo "Gram Galeoto", levado à cena pela companhia estreante de
Dias Braga.
A nova empresa acaba por encontrar dificuldades em manter o negócio, e por conta de uma
letra de 10 contos de reis não renovada com o governo da província, o edifício é, sob protestos, devolvido ao governo.
Por lei, com a mudança da capital da província de Niterói para Petrópolis, em 1884, o patrimônio da província deveria passar ao município. Todavia, o Santa Thereza fez-se exceção, pois passa, de fato, ao município de Niterói, somente em 1896, por compra em
hasta pública. Serviria até de cocheira fúnebre se a Câmara do triênio de 1895-97, por iniciativa do vereador Manoel Benício, não o tivesse arrematado por 48 contos de réis.
O estado geral do prédio carecia de reparo. Cerca de 22 contos despende a Câmara para reformá-lo, reconstruindo uma parede fendida, o compartimento das cenas, as escadas e vestindo-o com novos cenários, ficando, a partir daquela data, o teatro denominado
Municipal.
Não existindo mais o Phenix Nictheroyense - transformado que foi em padaria, depois cocheira, nem outra casa de espetáculos particular, era de pensar que afluíssem ao Theatro Municipal muitas companhias e mais espectadores. De fato, aconteceu, mas o Municipal, que virou João Caetano logo na virada do século, era uma casa de manutenção cara para um município economicamente esvaziado, e muitas vezes se viu abandonado.
Por Alexandre Porto
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Na foto de capa, o Theatro Municipal João Caetano (Revista 'O Malho', junho de 1924)
Nome das Ruas
Da Praia - Avenida Rio Branco
D'El-Rey - Visconde do Uruguay e Amirante Tefé
Rainha - Visconde Itaborai e Maestro José Felício Toledo
Príncipe - Barão do Amazonas
Princesa - Visconde de Sepetiba
Aureliana - Cel. Gomes Machado
Imperador - Marechal Deodoro
Não é possível comparar o número das casas de espetáculos citadas no texto com os atuais, pois pelo menos por duas vezes, desde então, a numeração das ruas foi alterada.
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