Leilão marcado para 30 de maio de 1896 |
Theatro Santa Thereza
Vamos fazer um apelo à digna Assembleia Municipal, ora reunida em trabalhos referentes ao progresso do município.
Dentro em pouco o martelo do leiloeiro abafará o lance de quem mais der e talvez que desse momento em diante fiquemos privados do único teatro que possuímos, porque é mais prático, é mais positivo transformar o edifício em fábrica ou estalagem, de que conservá-lo como um centro de diversões útil, indispensável entre os povos civilizados.
Todas as cidades do interior mantêm teatros; em Nova Friburgo constantemente funcionam companhias de diversos gêneros; Campos possui um excelente teatro.
Nictheroy tem o "Santa Thereza", fechado há muito tempo, divertindo-se a população apenas quando aparece alguma companhia de cavalinhos, quermesse ou fogos de artifício.
Muitas e muitas vezes temos abordado esta questão. Agora que o teatro vai ser vendido em hasta pública, apresente-se a Câmara como licitante; adquira o edifício e entre em acordo com o Governo sobre o pagamento em prestações.
O prédio não ameaça ruína como se propala; precisa ser reparado convenientemente e não será grande o dispêndio com as obras.
Ficará sendo um excelente ponto de renda e dentro em pouco o capital estará amortizado.
Não faltarão companhias que venham dar espetáculos; existem os clubes dramáticos que estão encostados à falta de teatro conveniente.
O edifício tem um belo salão apropriado para concertos e bailes. A aquisição, pois, desse próprio estadual, traduz-se em benefício real para o município e constitui fonte de receita.
Confessamos com franqueza: é lamentável, é tristíssimo, uma cidade como Nictheroy não ter um teatro.
Não confiamos absolutamente que seja ele comprado por particulares para o mesmo fim.
Se se perder esta ocasião quando teremos outro teatro?
Confiar na iniciativa para a construção de edifício apropriado não podemos fazê-lo, porque hoje os capitais estão retraídos e dificilmente eles serão embarcados para empresas deste gênero.
O nosso apelo é à Municipalidade.
Não se perca a ocasião que é excelente e essa medida terá aplausos.
Nem só de pão vive o homem.
O Fluminense, 1º de março de 1896