O arquiteto Oscar Niemeyer inaugurou numa quinta-feira, 05 de abril de 2007, o Teatro Popular de Niterói, uma obra que precisou de um considerável esforço financeiro e que o artista considerou como a mais difícil de sua longa carreira.
"Tudo o que posso dizer (sobre a obra) não tem nada a ver com a arquitetura", disse Niemeyer ao dedicar essa construção ao Brasil, simbolizado nas cores verde, amarela, azul e branca do auditório, que ele mesmo destacou em seu breve discurso.
O público que lotava a sala cumprimentou de pé com uma longa salva de palmas o arquiteto de 99 anos, que compareceu à inauguração acompanhado de sua mulher e de uma filha. A inauguração foi o primeiro ato realizado em Niterói para comemorar o centenário do nascimento do arquiteto, no dia 15 de dezembro.
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O mais famoso arquiteto brasileiro foi acompanhado no ato pelos ministros de Cultura, Gilberto Gil; de Turismo, Marta Suplicy, pelo secretário nacional de Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, e por autoridades regionais e locais.
Gil destacou a afinidade entre a política cultural da cidade e a do Governo Federal, já que procura a "democratização" e o acesso de todos à cultura. O ministro ressaltou que a abertura do Teatro contribuiria para essa promoção e para o respeito à diversidade cultural do Brasil.
O ministro não poupou elogios ao à genialidade de Oscar Niemeyer, e aos projetos desenvolvidos em Niterói. "Se minha música fosse arquitetura, certamente ia querer que fosse assinada por ele. Estou muito feliz como músico e como ministro", disse Gil.
Leia o discurso do ministro da Cultura, Gilberto Gil
Representando o presidente Lula, Marta Suplicy parabenizou o prefeito Godofredo Pinto pela iniciativa. A ministra ressaltou que para se conseguir inaugurar mais uma obra do Caminho Niemeyer, Godofredo teve de superar muitas dificuldades. Segundo ela, Niterói passa definitivamente a fazer parte do 'Roteiro Niemeyer - Cidades Patrimônio', um dos roteiros trabalhados pelo Programa de Regionalização do do Ministério do Turismo.
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O Secretário Municipal de Cultura, André Diniz, não escondia o orgulho por estar inaugurando mais uma obra de Niemeyer na cidade. Diniz também destacou a importância da consolidação da parceria entre a prefeitura de Niterói e o governo federal. O secretário também não poupou elogios ao grande homenageado.
Estou muito feliz por estar inaugurando esse magnífico teatro. A presença dos ministro Gilberto Gil e Marta Suplicy mostra claramente a sólida parceria com o governo federal. E o que falar desse gênio que é Oscar Niemeyer? Só citando outro brilhante, que foi Darcy Ribeiro, que dizia que o único brasileiro a ser lembrado daqui a 100 ou 300 anos seria Niemeyer", afirmou Diniz.
O teatro foi a sétima obra de Niemeyer em Niterói, cidade que também acolhe o famoso Museu de Arte Contemporânea.
Com a inauguração do Teatro, Niterói se transformou na segunda cidade brasileira com maior número de trabalhos do arquiteto, após Brasília, cujo projeto urbanístico - de Lúcio Costa - é repleto de edificações assinadas por Niemeyer.
O Projeto
Com uma capacidade para 10 mil espectadores - palco externo, o teatro possui as curvas em concreto que constituíram a assinatura de Niemeyer. Além disso, foram construídos dois painéis gigantes de azulejos com bosquejos de figuras humanas em movimento.
Uma inovação é um camarote reversível que pode servir para espetáculos privados, com capacidade para 350 pessoas, mas que também pode se abrir para a parte principal do teatro, com capacidade para 10 mil pessoas.
Uma parede de vidro permite ao público ver a baía de Guanabara do interior do teatro, que conta ainda com uma rampa e uma escada em espiral, elementos frequentes nas obras de Niemeyer.
O projeto, o "mais demorado e difícil de realizar", segundo o arquiteto, teve um custo de R$ 14 milhões, dos quais R$ 9 milhões foram provenientes da Prefeitura de Niterói e os R$ 5 milhões restantes foram doados pelo Ministério do Turismo.
"Durante anos, a obra foi infelizmente afetada pelos diferentes problemas que a falta de recursos gerava", disse Niemeyer, que, em artigo publicado esta semana, admitiu que os problemas orçamentários não só atrasaram a construção em cerca de seis anos, mas o obrigaram a realizar diversas modificações no projeto. No interior do prédio, em vez de cadeiras, seriam utilizados, numa previsão inicial, bancos de concreto e os acabamentos mais simples; com o prosseguimento das obras, chegamos à conclusão de que as cadeiras eram indispensáveis, e, pouco a pouco, o teatro foi se transformando numa obra mais requintada, onde a integração entre as artes acabou se destacando", disse o arquiteto.
O arquiteto afirmou que durante todo esse tempo se absteve de criticar os responsáveis pelos problemas, porque reconheceu que "todos tentavam encontrar uma solução, qualquer que fosse".
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Fotos da fanpage do Caminho Niemeyer
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