"Quero transformar esse novo teatro num laboratório experimental"
Dois dias antes da inauguração do Teatro Popular Oscar Niemeyer, a diretora Marilda Ormy deu à jornalista Thaís Dias, do Jornal O Fluminense, a entrevista que reproduzimos aqui.
O desafio de uma potência nas mãos. É assim que a nova diretora do Teatro Popular, Marilda Ormy, define sua atual função. O Centro Cultural, que será inaugurado nesta quinta-feira, será um espaço para "o novo". Atrações experimentais e artistas niteroienses terão as portas e os palcos da nova casa de espetáculos da cidade sempre abertos. A programação está em fase de elaboração e será concluída com a participação de entidades ligadas aos mais variados tipos de artes.
Segundo Marilda, o convite para assumir a direção do Teatro Popular, no Centro da cidade, surgiu como um desafio, mas ela ressalta que tem experiência profissional para aceitar a responsabilidade. Para garantir que o trabalho tenha como lema a motivação, Marilda optou por manter pessoas que já atuam no Caminho Niemeyer e trouxe parte de sua equipe da Fundação de Arte de Niterói (FAN).
"Tenho bagagem para assumir essa função e estou pronta para todas as responsabilidades do cargo. É um grande desafio, que vejo como um grande estimulo. É bom sair do zero e construir algo novo. Fiz um trabalho semelhante nos meus oito anos à frente do Teatro Municipal e quero inovar novamente Fico feliz por poder participar desse momento histórico", disse ela.
Para criar a programação do novo espaço de artes. Marilda realiza reuniões semanais com representantes das classes artísticas da cidade, que dão sugestões para a agenda cultural do espaço. Já foram ouvidos representantes do teatro e dança. No dia 12 deste mês é a vez da música. Posteriormente serão ouvidos escritores, artistas circenses e plásticos e, por fim, fotógrafos e cineastas.
"Niterói ê rica em opções de grandes casas de espetáculo e teatros capazes de receber grandes companhias. Logo, quero transformar o Teatro Popular em um laboratório experimental. A ideia é abrir as portas para ensaios de músicos, atores e bailarinos, além de realizar palestras com escritores e exposições de artes plásticas. Os artistas niteroienses vão ter um espaço para desenvolver seus trabalhos", ressaltou ela.
Apoio - Considerado por Marilda Ormy como uma "potência assustadora", só perdendo em espaço e público para o Rio Centro, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, ela pretende firmar patrocínios para o Teatro Popular. A busca por investimentos será iniciada logo após a inauguração.
"Temos capacidade para atender um público de 10 mil pessoas na área externa e com isso, criamos um potencial absurdo para a realização de feiras, exposições e grandes espetáculos. Acredito que não teremos problemas em conseguir verbas", contou ela.
Parceria - Para potencializar o uso do Teatro Popular estão sendo firmados convênios com todas as secretarias do governo municipal. Um acordo já definido é com a Fundação de Educação de Niterói. Espetáculos serão realizados durante o dia para crianças da rede municipal de ensino. A integração com as escolas particulares também está sendo delineada.
Comemoração - Na próxima quinta-feira, às 17h, o Teatro Popular será inaugurado e marcará o inicio das comemorações pelo centenário do arquiteto Oscar Niemeyer, autor do projeto. A comemoração terá como atração principal o projeto "Aprendiz", integrado por crianças e adolescentes de comunidades carentes de Niterói.
No repertório, sob regência de Márcio Carvalho, estão oito músicas de obras clássicas e grandes sucessos da Música Popular Brasileira, como canções de Vinícius de Moraes e de Dorival Caymmi. As crianças do "Cateretê nas Artes", grupo formado por estudantes de rede municipal de ensino, abrem e encerram a solenidade com shows de dança, música e teatro.
São esperadas as presenças de Oscar Niemeyer, do ministro da Cultura, Gilberto Gil; da ministra do Turismo, Marta Suplicy, e do secretário nacional, de Relações Institucionais ex-ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, que, quando estava à frente da pasta, liberou RS 5 milhões para obra do empreendimento, que custou, ao todo, RS 14 milhões.
Foto de Beatriz Cunha - O Flu
Espaço tem capacidade para 350 pessoas
Uma das mais importantes e aguardadas intervenções do Caminho Niemeyer, em Niterói, o Teatro Popular será finalmente inaugurado nesta quinta-feira. Com capacidade para 350 pessoas, a estrutura vem recebendo os acabamentos finais e já conta com os sistemas de ar-condicionado, elétrico e de esgoto prontos. Para a abertura do novo espaço de shows e apresentações teatrais foi concluída nesta semana os projetos de mecânica cênica e iluminação. Após ter a abertura ao público - marcada para setembro do ano passada - adiada, o centro de artes promete dar fôlego à cultura niteroiense.
Com o objetivo de alavancar o turismo e garantir o acesso de todos os públicos á cultura, o Teatro Popular - que custou ao todo R$ 14 milhões, sendo RS 9 milhões financiados pela Prefeitura e R$ 5 milhões do Ministério do Turismo - promete atrair os investimentos privados necessários para a conclusão de todo o megaprojeto em homenagem ao mais famoso arquiteto brasileiro.
Em princípio, o gênio da arquitetura nacional, Oscar Niemeyer, pensou em um teatro aberto para o mar, mas o projeto sofreu alterações e o espaço ganhou um moderno vitral que impede a entrada de água. A mudança na estrutura permitiu a instalação de um sistema de refrigeração, orçado em R$ 700 mil. Entre os diferenciais da casa de espetáculos estão a rampa de acesso em formato helicoidal e a área do palco com 260 metros quadrados, rente ao solo. Um painel desenhado por Niemeyer dá um toque único de beleza ao espaço. Meninos soltando pipas foram a inspiração do artista.
Parada - Para abrigar o público do Teatro Popular será criado um estacionamento junto ao futuro prédio da estação das Barcas. O local contará com mil vagas. Enquanto a integração com a Barcas S/A não sai do papel, os terrenos do Caminho Niemeyer, no Centro da cidade, já estão sendo preparados para receber a mesma quantidade de automóveis, como forma paliativa de solucionar o problema.
Plantas esquemáticas de Oscar Niemeyer.
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