Conforme já mencionado, o Solar do Jambeiro sofreu várias intervenções quando, no início do século XX, tornou-se a residência fixa da família Bartholdy. No âmbito dessas modificações, as mais significativas ocorreram no interior do solar, tais como os tetos em estuque ricamente decorados, exibindo excelente qualidade profissional dos artífices; os pisos de madeira do pavimento térreo, igualmente um trabalho complexo e bem realizado; as bífores que ligam o vestíbulo social ao salão principal, conferindo um sentido de grandiosidade aos ambientes; delicados trabalhos de entalhe nas madeiras que suportam as duas pias de louça decorada em policromia, também recuperadas, entre outros. Todo esse conjunto foi restaurado conforme as intervenções realizadas pela família Bartholdy, conservando-se, assim, a marca e o gosto de uma época.

A documentação iconográfica revelou que a maioria das paredes internas do solar era revestida com papel decorativo. O projeto restaurativo decidiu resgatar esses elementos, com a aplicação de tecidos decorados sobre as paredes dos cômodos principais do pavimento térreo, todos de mesma padronagem, porém diferenciados pela cor, restituindo às paredes o aspecto de vibração ótica necessário à integração do conjunto ambiental. Assim, além de se recuperar um importante e típico elemento decorativo da residência, os ambientes dessa área foram dotados de um adequado fundo de parede para abrigar as exposições de arte brasileira do século XIX, de acordo com a previsão de utilização do prédio. O mesmo tecido foi utilizado no salão principal do pavimento superior. Nas demais paredes, o acabamento aplicado foi o de pintura polivinílica, na tonalidade palha, sobre massa com textura fina.



As antigas estantes do vestíbulo social foram readaptadas com prateleiras de vidro e iluminação do tipo linha de luz (line light).

Para a complementação dos interiores, foi instalado um moderno sistema de iluminação museológica a fim de servir às novas atividades do prédio, bem como foram conservadas, nos salões principais, fontes de luz com grandes lustres de cristal Baccarat, recuperando, assim, as características decorativas dos interiores de um palacete de época. Nos demais cômodos, além da iluminação museológica, foram utilizadas lanternas de bronze e vidro, de desenho simplificado. Foram instaladas cortinas que, além de vestirem os ambientes, possuem a função de adequar o prédio às exigências museográficas, no que diz respeito à filtragem de excesso de luz.



Os sanitários – um em cada pavimento – encontravam-se inteiramente descaracterizados e degradados. O do pavimento superior teve sua localização remanejada para permitir a construção do vão do elevador. Nesses dois sanitários, foram construídos lambris almofadados (boiserie), a exemplo dos existentes em outros cômodos da casa, obtendo-se, desta forma, uma solução de continuidade nos interiores. Os demais elementos foram intencionalmente desenhados com características contemporâneas, com destaque para a utilização do vidro, e tendo por objetivo a funcionalidade necessária a um sanitário público moderno. No sanitário do pavimento superior, o piso foi revestido com mármore de Carrara, e no do pavimento térreo, foram reaproveitados os antigos pisos de mármore e granito, anteriormente presentes na área da cozinha.

As esquadrias receberam dois tipos distintos de acabamento: no pavimento térreo, procedeu-se à aplicação de verniz, com o objetivo de destacar a beleza da madeira aparente e os métodos de construção e de restauração; no pavimento superior, optou-se pela pintura, respeitando-se os mesmos critérios adotados na época da construção do solar.

Quanto à climatização, o impacto que provocaria a instalação de dutos de ar-condicionado sobre elementos construtivos e estéticos, no pavimento térreo, somado à estabilidade climática verificada nesta área conduziram à decisão de mecanizar a climatização apenas no pavimento superior, onde a adequação é necessária para atender às finalidades previstas para o uso do prédio.












Publicado em 10/05/2013

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