Cantor, compositor, violonista, guitarrista e percussionista, Antônio Quintella foi uma lenda musical. Seu primeiro contato com a música se deu aos seis anos de idade, e o primeiro prêmio veio logo aos 10, quando iniciou sua carreira profissional como vocalista do grupo "Os Streggas". O talento vocal e o tom psicodélico de suas composições deram ao artista a oportunidade de tocar com grandes nomes da música e de ganhar diversos prêmios em festivais nacionais e internacionais.
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Quintella teve a voz reconhecida na banda "Os Lobos", formada ainda por Cássio Tucunduva, Dalto, Luizinho Batera, Roberto Gomes, Fábio Motta e Fred Vasconcellos. "Santa Teresa", "Avenida Central" e "Carro Branco" são algumas das canções de sucesso do conjunto. A banda chegou ao primeiro lugar no 'hit parade', em 1968, com o compacto Fanny, e gravou seu primeiro LP, "Miragem", em 1971, pelo selo Discobertas, que tornou o grupo um verdadeiro sucesso dos anos 70. Parte do repertório da banda foi regravado em 1991 pelo selo Niterói Discos.
Grande fã dos "Byrds" e com certo caráter místico e ligado às filosofias orientais, Antônio Quintella, foi peça primordial para o tom psicodélico da banda. Em entrevista para o jornal O Globo, em 2011, o cantor contou que tinha visões quando criança e acabou evoluindo para a filosofia iogue. Pensava em ser monge, mas não levou a ideia adiante.
Depois de ganhar, em 1970, o Festival Internacional da Canção, com a música "Aleluia Aleluinha para 5 Cavalheiros", de Chico Aguiar e Miguel Coelho, Quintella recebeu um convite para cantar no grupo Karma, produzido por Nelson Motta, e que tinha como líder Jorge Amiden, Vinícius Cantuária na bateria, Danilo Caymmi nas flautas, Paulinho Soledad no violão e vocais, Jr. Mendes no violão de 12 e vocais e Rick Werneck nas guitarras.
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A carreira do cantor, então, só evoluiu. Em 1973, foi convidado por Emile Zoghby para gravar com sua banda de jazz, blues e r&b em Nova York. Quintella fez também backing vocal para Erasmo Carlos, Ivan Lins, Celso Blues Boy, Eduardo Dusek, Nico Rezende, Dalto, entre muitos outros, e gravou mais de 300 jingles comerciais. Seu vozeirão impressionou até o brilhante Tim Maia, quando liderava a banda Vitória Régia, com quem trabalhou por mais ou menos dez anos.
Em 1979, foi para Saint Louis, no Delta do Mississipi, onde cantou com várias bandas de esquina. Frequentou e cantou em várias festas de gospel e soul music, e acabou descendo o rio até chegar em New Orleans, onde mergulhou na noite, rica em música e alma.
Em 1994, gravou o CD "Araribóia Blues", pelo selo Niterói Discos, com produção de Luiz Antonio Mello. O disco dos anos 90 foi gravado no Castelo Estúdio, de Fábio Motta, com duração de quase seis meses. "Araribóia Blues" dá nome à faixa de abertura, de autoria do próprio Luiz Antonio Mello, autor de várias outras canções do disco. A música é tema do programa semanal de TV CAFÉ PARIS.
Na televisão, seu trabalho foi difundindo quando gravou junto com seus amigos músicos o programa Misto Quente e Geração 80. Para Quintella, a música que mais representou a sua trajetória é "Since I Fell For You". É a canção que até sua mãe, Aracy Ornellas, pedia que fizesse parte do repertório em todos os shows.
Entre idas e vindas, Antônio ficou por 25 anos nos Estados Unidos para conhecer mais de música e trabalhar no que aparecesse. O artista também se casou com uma americana e chegou a se formar em Biologia naquele país. Em meados de 1973, gravou dois LP’s e integrou a Emil Zab Blues Band, mas o dono do grupo simplesmente, de uma hora para outra, desistiu da música.
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Trabalhou em uma fábrica de brinquedos, onde passava o dia empacotando produtos, e como lavador de pratos em um restaurante luso-brasileiro, chegando ao posto de chefe de cozinha. Quando estudou Biologia, chegou a ser da área de bacteriologia em um hospital.
Nos últimos anos de sua vida, com Lui Coimbra, seu parceiro do Religare, Antônio Quintella começou a gravar um novo CD, que seria lançado no Brasil e no exterior. O artista também voltou a se unir com Cássio Tucunduva para reviver "Os Lobos", em um concorrido show no Teatro Municipal de Niterói, em agosto de 2013. O trabalho, com produção de Cornelio Mello, resultou num CD, DVD e num livro. Além disso, ele seguia com a banda Alquimia e pretendia lançar o CD "Arariboia Blues 2".
Quintella morreu em 28 de janeiro de 2015. Poucos meses antes, em maio de 2014, participou do projeto Palco Niterói Discos, em um histórico show no Solar do Jambeiro, em Niterói, que também comemorou seus 50 anos de carreira.