Reconhecido como "prefeito espiritual" do Rio de Janeiro, o carioca Albino Pinheiro foi produtor, diretor musical, crítico, jornalista e pesquisador da cena cultural brasileira. Advogado de formação, atuou como procurador do Estado do Rio de Janeiro no início de sua carreira profissional. Grande agitador cultural, em 1977 foi convidado pelo prefeito Moreira Franco a assumir a Fundação de Atividades Culturais de Niterói.

Albino Coelho Pinheiro nasceu no Rio de Janeiro no dia 23 de setembro de 1933. Pesquisador de música popular e um dos fundadores da Banda de Ipanema em 1965, contribuiu para revitalizar o carnaval de rua. Conhecido como 'General da Banda' e 'Festeiro-Mor', Albino tornou-se uma figura popular no Rio de Janeiro, tanto que uma vez o cartunista Ziraldo afirmou: "Cinquenta por cento da cultura popular do Rio de Janeiro era resultado do seu trabalho".

Torcedor da Portela e do Fluminense, era um apaixonado pelo Rio e fazia parte da classe boêmia da cidade. Também coordenava o "Projeto Seis e Meia", criado por ele nos anos 1970, no teatro João Caetano, na praça Tiradentes, onde promovia concertos musicais a preços populares. O Seis e Meia marcou época no Rio de Janeiro formando artistas hoje consagrados na MPB.

Como jornalista, escreveu para diversos jornais e revistas e foi responsável pelo programa, "Só Para Lembrar", exibido pela TV Educativa, onde focalizava os grandes compositores, instrumentistas e cantores populares. Foi, também, jurado de festivais de MPB em todo o país, além de ter sido comentarista dos desfiles das escolas de samba na televisão.

Fundação de Atividades Culturais

A FAC (hoje Fundação de Arte de Niterói) foi criada pela administração Moreira Franco em abril de 1977, substituindo o antigo INDC - Instituto Niteroiense de Desenvolvimento Cultural, com o objetivo de elaborar, no município, programações culturais, incentivando o desenvolvimento artístico na cidade. Segundo Albino Pinheiro, essa nova estrutura permitiria à Fundação uma autonomia financeira e de promoções o que anteriormente não ocorria com o INDC. O novo diretor, que assumiu em junho do mesmo ano, pretendia dar a Niterói uma projeção nacional em termos de atividades culturais.

A nomeação de Albino para o cargo não foi unanimidade entre os agentes culturais da Cidade, por este não ser da cidade e por acumular, o novo cargo, com a direção do Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. De fato, o produtor acumulou atritos com artistas da cidade como a bailarina Helfany Peçanha, o grupo teatral Expressão, entre outros intelectuais.

A transformação do Campo de São Bento num local de encontro dominical da arte, literatura, artesanato, música, recreação e cultura em geral era um dos mais importantes objetivos de Albino Pinheiro, quando assumiu a Fundação.

Albino assumiu pretendendo fazer do Teatro Municipal João Caetano seu ponto de desencadeamento de atividades, uma casa para espetáculos mais arrojados, de uma linha mais tradicional. Ainda com obras pendentes, com limitações em sua lotação, o teatro foi reinaugurado em junho de 1977, com os artistas Lúcio Alves e Dóris Monteiro, no Projeto Pixinguinha. Por outro lado, queria transformar o Leopoldo Fróes - na época arrendado pela prefeitura - num teatro experimental, de laboratório, de apoio aos jovens iniciantes na carreira.

Para o Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, levou o movimento "Recontar - Literatura Viva", que reunia os nomes da literatura em Niterói, procurando desenvolvê-la na cidade. Ainda no Paschoal Carlos Magno, reabriu a antiga Escolinha de Arte que funcionou no espaço desde sua inauguração em 1975.

Com a reabertura do Museu da Cidade, no antigo paço Municipal, na Praça São João, Albino se mostrou preocupado com a memória da cidade. No espaço foi organizada uma biblioteca da Cidade, com 3 mil livros, e que abrigou a Hemeroteca, com 180 mil títulos de periódicos e revistas, cuja doação foi feita pelo Ministério da Educação e Cultura à Prefeitura de Niterói. O Museu da Cidade abrigou ainda o Encontro de Escritores Jovens, que faz parte do Projeto Literatura Viva.

Com Albino Pinheiro a FAC sofreu uma grande reformulação administrativa, quando foram criados os cargos de Superintendente-Geral, Coordenador de atividades Artísticas e Coordenador de pesquisa. A prioridade para espetáculos artísticos de outras cidades foi um dos pontos fundamentais para seu desgaste no cargo. Segundo artistas da cidade, em pouco menos de um ano de gestão, a FAC não montou (ou cooperou) nenhum espetáculo de grupos da cidade, como também não promoveu apresentações deles nos dois teatros públicos da época. Para Albino, faltava à cidade grupos musicais e teatrais profissionais.

Albino Pinheiro faleceu aos 65 anos no dia 24 de junho de 1999 em sua cidade natal, vítima de um infarto provocado por câncer em estado avançado.


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Publicado em 15/07/2022

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