Advogado e professor de Direito Agrário, o niteroiense Odilon Martins Romêo dedicou boa parte de sua vida à Universidade Federal Fluminense, onde foi aluno, professor e chefe de gabinete do Reitor, no período em que foi inaugurado o Campus do Gragoatá e incorporada a Orquestra Sinfônica Nacional. Com grande contribuição à cultura de sua cidade natal, presidiu a Fundação Niteroiense de Arte (Funiarte) de 1987 a 1988.
Nascido em Niterói, em 24 de novembro de 1945, Odilon era filho do engenheiro Luís José Martins Romêo e da professora Inah Bello Martins Romêo, e tinha por irmãos mais velhos os professores Luís José e José Raymundo. Fez os primeiros estudos no Externato Aparecida, ingressando no Colégio Salesiano, onde cursou o ginásio e o curso clássico.
Aluno aplicado, ingressou depois na Faculdade de Direito da UFF, conquistando o primeiro lugar no vestibular. Cursou a Faculdade de Direito com destaque e, ainda no último ano, inscreveu-se como participante na equipe zero do Projeto Rondon. Espírito Pioneiro, logo foi notado, sendo convidado, após a formatura, a trabalhar na Coordenadoria Central do Projeto. Nessa época, empolgou-se pelo desenvolvimento integrado do País.
Em 1970, com 26 anos, deixou Niterói e foi trabalhar no Amazonas, como subsecretario de Saúde, em seguida, secretário de Administração. Terminado o governo João Walter, mudou-se para Brasília, onde assumiu a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (SUDECO). Empolgou-se com a ideia de que o Centro-Oeste do Brasil seria a Terra da Promissão e por seu trabalho desenvolvido, 26 municípios de Goiás e Mato Grosso conferiram-lhe o título de cidadão honorário.
Procurador da República por concurso, em 1978, foi no mesmo ano convocado a chefiar a equipe de implantação do novo Estado do Mato Grosso do Sul. Passou a residir em Campo Grande coordenando as ações que levaram à implantação do novo Estado, no ano seguinte. Retornando à Brasília, lá permaneceu até 1983, quando voltou a Niterói para ocupar a chefia de gabinete do Reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), na primeira gestão de seu irmão, o professor José Raymundo Martins Romêo. No cargo, empenhou-se em firmar vários acordos de cooperação com instituições internacionais, como a FAO.
Em 1984, assumiu a Secretaria Especial para o Projeto Arariboia, que tinha como objetivo integrar ações do governo municipal e da UFF, em benefício da cidade.
Orquestra Sinfônica Nacional (OSN)
Após um período de muito descaso, em que esteve na iminência de ser extinta, a OSN foi incorporada, em setembro de 1985, à UFF. Na luta pelo seu renascimento, como reconheceram os próprios músicos, estava Odilon. Sob a batuta do maestro Chléo Goulart, a OSN voltou a se apresentar, após 3 anos de ausência, no palco do Theatro Municipal de Niterói (TMN).
Em 1987, exerceu a presidência da Funiarte - Fundação Niteroiense de Arte e cursou a Escola Superior de Guerra (ESG), sendo convidado para o corpo permanente de professores.
Gestão na Funiarte
Durante sua gestão na Fundação, entre 06 de janeiro de 1987 e 19 de abril de 1988, foram criados o Corpo de Atores, grupo teatral oficial da cidade que apresentou peças de diversos autores nos mais variados espaços da cidade; o Centro de Produções de Imagens, que promoveu um edital selecionando roteiros de autores niteroienses para produzir filmes de curta-metragem em 16 mm; a Banda Municipal Santa Cecília e os projetos Cinema e Leitura na Praça.
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Foto de Leandro Souza |
No Teatro Leopoldo Fróes, então arrendado pela prefeitura, criou o projeto Fim de Tarde, que apenas no primeiro ano levou ao público de Niterói 24 cantores consagrados da Música Popular Brasileira, como João Nogueira, Dona Ivone Lara, Celso Blues Boy, Luiz Ayrão e Elza Soares.
Odilon recriou o Corpo de Baile da Cidade, que estreou em julho de 1987 no TMN, com o balé "La Fille Mal Garde", de Dauberval. A adaptação da professora Helfany Peçanha contou com 31 bailarinos em cena. Também em 1987, como presidente da Funiarte, integrou as comissões criadas para coordenar a programação das comemorações dos centenários do compositor Heitor Villa-Lobos e do escritor Adelino Magalhães.
Em sua gestão, no mês de novembro de 1987, a Fundação voltou, 7 anos depois, ao seu antigo endereço, na rua Presidente Pedreira.
"Arquiteto de ideias" e "Agrarista"
Sua condição de especialista em Direito Agrário o levou a várias partes do mundo e mantinha correspondência assídua com as mais diversas instituições. Em 1992, foi agraciado pela Universidade de Maryland, EUA, onde foi professor visitante de geografia política latino-americana, com um título conferido pelo Comitê Companheiros da América. Esteve também na China, por quase dois meses percorrendo todo o país, examinando questões agrárias e a possibilidade de futuros convênios com a UFF.
O "Arquiteto de ideias", como era conhecido por seus colegas, criou o Observatório Fundiário da UFF, inédito no País, que se propunha a examinar a natureza e o valor das terras no Brasil. Um "agrarista", como gostava de se intitular, entre seus pares e alunos, foi também coordenador do Núcleo Especial de Referência Agrária da Universidade, que investigava a existência de centenas de litígios no Estado do Rio.
Nos últimos anos de vida sofria de artrose, doença da qual se recusava a falar, apesar dos sinais que se vinham acentuando. "Tenho muita coisa para fazer e não posso me dar ao luxo de ficar doente", dizia o professor.
Odilon morreu de infarto na madrugada do dia 06 de dezembro de 1992, aos 47 anos, quando dava entrada no Hospital Universitário Antônio Pedro, em Niterói.
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