Produtora cultural, cantora e gestora cultural, Marilda Ormy é parte da história artística de Niterói. Sócia e diretora da lendária casa de shows Duerê, desde os anos 1990 acumula diversas funções na Fundação de Arte de Niterói, que chegou a presidir de maio de 2005 a março de 2007.

Marilda Ormy Ferreira Barreto nasceu em 21 de outubro de 1953, em Itaperuna, no interior do Estado do Rio de Janeiro, mas vive desde os três meses em Niterói, onde se dedica, desde os anos 1980, à produção cultural. "Tudo começou com a música", ela conta. Ainda na adolescência, participou do coral da 1ª Igreja Batista de Niterói, mas foram as músicas de Chico Buarque e Caetano Veloso que tornaram a arte e a cultura motores da sua vida pessoal e profissional. Marilda graduou-se em Produção Cultural pela Universidade Cândido Mendes.

Depois de uma ousada passagem experimentalista de quatro anos, em educação infantil na Escola Aldeia Curumim, em Pendotiba, onde teve o privilégio de apreender Montessori e Paulo Freire, em 1978 recebeu um convite para se apresentar com uma trupe de amigos na Europa. Pouco depois estava formada a banda Pau Brasil, que a levou por rotas pouco navegadas entre Europa e África. Desde casas famosas em Portugal até as ruas de Paris, passando pelas escadarias da Sacré Coeur e as galerias do metrô, pelas cidades da Itália, pelas ilhas Gregas, Iugoslávia e Suíça tocaram e cantaram a música brasileira.

"Era um grupo que cantava bossa nova, samba... Nesse tempo, alguns foram desistindo, outros foram entrando, mas sempre músicos de Niterói. Foi uma experiência maravilhosa! Cinco anos de vida na estrada, viajando com amigos e fazendo música."

De volta ao Brasil e com algumas economias, abriu, em 1984, na então longínqua Pendotiba, a casa de shows / restaurante Duerê, que virou referência de boa música, graças à qualidade do som; e point do Rio de Janeiro e Niterói, devido à simplicidade do ambiente e atendimento acolhedor. Na casa, que tinha cobertura de sapê e algumas bananeiras no quintal, receberam músicos ilustres como Johnny Alf, Lenny Andrade, Alceu Valença, Zélia Duncan, Roberto Menescal, Wanda Sá, Arthur Maia, Hermeto Pascoal, dentre tantos outros artistas, além, é claro, das bandas da cidade, ávidas por um espaço pra tocar. O espaço, um dos primeiros na cidade com este foco, funcionou durante 10 anos, de 1984 a 1994.


Duerê, casa de shows em Pendotiba, que Marilda comandou por 10 anos



Depois de uma agitada passagem nos anos 1990 na Estação Cantareira, assumiu funções públicas na Fundação de Arte de Niterói.

Em 1995, foi convidada por Cláudio Valério Teixeira para ser a produtora do Theatro Municipal João Caetano, assim que o Teatro foi restaurado. Permaneceu, já como Diretora Artística, até 2003, quando tomou posse na Subsecretaria Municipal de Cultura. De maio de 2005 a março de 2007 assumiu a presidência da FAN e de setembro a dezembro de 2008 a Secretaria de Cultura. Em sua gestão à frente da FAN foi realizado o festival cultural ‘Encontro com a Espanha’ e recriado o Conselho de Cultura.

Em 2008, foi a diretora responsável pelo desafio de inaugurar do zero o Teatro Popular Oscar Niemeyer (TPON). Em 2009, passou a se dedicar à sua produtora, a Mosaico Cultural, e em 2013 voltou ao Teatro Municipal, desta vez como diretora geral, a convite do prefeito Rodrigo Neves.

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Depoimento


Marilda inaugurando o Teatro Popular. Foto de Beatriz Cunha - O Flu,

"Ousaria até dizer que minha fase da presidência da Fundação de Arte de Niterói foi mais burocrática, porque foi nessa época que começamos a desenvolver o Conselho Municipal, que começamos a estudar as leis de incentivo. Foi quando preparamos o concurso para a cultura. Como presidente, eu entendi como era o manejo burocrático na área de administração, na área financeira. Antes eu tinha o prazer de criar a programação e de fazê-la acontecer, mas era a Fundação que viabilizava financeira, jurídica e administrativamente. Quando eu virei presidente, parei e falei: "opa! Aprendiz na área!". Então comecei com o meu caderninho perguntando para Inês Oliveira, superintendente à época, como as coisas funcionavam, como é o custeio?, como se organiza isso?, como se faz aquilo?, o que é uma licitação?, como, quando e por que se faz uma carta-convite?. A presidência da Fundação de Arte para mim foi, portanto, um aprendizado administrativo, financeiro e jurídico muito grande." (Marilda Ormy)


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Publicado em 09/02/2022

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