"A arte é mais importante do que tudo. Ela se sobrepõe a credos e governos. Ela é livre"
Uma das escolas que mais contribuiu para o ensino da dança na cidade de Niterói foi o Ballet Juliana Yanakieva. Fundada em 1954, formou grandes nomes da dança, como Aurea Hammerli, Mirian Santos, Sonia Vilela, Maria Helena Brandão, René Simon e Cláudia Araújo, entre outros.
Bailarina, coreógrafa e professora Juliana encontrou a dança quando seu padrinho, General Miller, a encaminha a Madame Olga Preobrajenska, primeira bailarina do Teatro Mariinski, em São Petersburgo, para estudar balé. Juliana é então indicada a participar da Opéra Russe Privé de Paris. Com a Companhia, em 1929 faz turnê de um ano, passando por países como Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Peru, Panamá, Cuba e México. De volta a Paris, inicia sua vida profissional e trabalha em teatros como Théâtre Mogador, Théâtre des Ambassadeurs, Théâtre des Folies Wagram e Théâtre du Petit Monde.
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Em 1931, vence a primeira edição do Championnat du Monde de Danse, prêmio criado pela Instituição Maré, o que faz com que seu nome seja escrito nos Archives Internationales de la Danse, também organizados pela Instituição. Em 1934, é aprovada na audição do Russian Ballet, criado por Victor Dandré (1870-1944). Quando volta a Paris, assina um contrato com o Studio Wacker e faz outras temporadas pelo mundo (Estados Unidos, Grécia, Itália, Egito, Côte d’Azur, Monte-Carlo, Nice, Cannes).
Voltou ao Brasil aos 16 anos, em 1939 com a Opera Cómica de Paris, que havia sido convidada para uma temporada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A poucos dias de sua viagem de volta para Paris, onde morava, recebeu a notícia do início da Segunda Guerra Mundial.
A guerra durou mais do que o esperado e, para se manter no Brasil junto com a avó, Juliana aceitou o convite de dançar em cassinos. Foi assim que conheceu Niterói, dançando no Casino Icarahry, prédio onde hoje é a reitoria da Universidade Federal Fluminense. Foi lá que conheceu Júlio, com quem se casaria em 1943, e teria Vera, sua única filha. Juliana Yanakieva dançou em teatro de revista e chanchadas na década de 40. Foi a primeira coreógrafa da TV Tupi e comandou um programa de balé no canal, com a participação de suas alunas de Niterói.
A artista dava aulas de dança desde que chegou ao Brasil. De 1948 a 1952, lecionou na Escola de Bailados, que funcionava no anexo do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Lá, ensinou e coreografou grandes bailarinos, entre eles, a então aspirante a bailarina niteroiense Márcia Haydée, que mais tarde, durante uma entrega de prêmio, revelaria que aprendeu a amar a dança com Juliana.
Em 1976, comandou o recém criado
Ballet Oficial da Cidade de Niterói, que estreou no Theatro Minunicipal em 2 de setembro daquele ano, com as coreografias "Les Silphydes", de Michel Forkine, com musica de Frédéric Chopin; "Suite Española", de Yanakiewa, com músicas de Gerônimo Gimenez, Vives Echegaray, Chuecae Manuel Senella; "Minha", com música de Rui Guerra e Francis Hime; "Sonata ao Luar", com música de Beethoven, além de três danças populares russas - todas as coreografias de Juliana Yanakiewa.
De acordo com Vera Yanakieva, filha de Juliana, ela era tão apaixonada pela cidade que construiu uma igreja Ortodoxa Russa, no Bairro de São Francisco, com o dinheiro que ganhara em apresentações. Filha de russo, ela havia herdado a religião do pai, embora tenha nascido em Viena, se naturalizado búlgara e sido criada em Paris. Segundo a filha, seu sotaque denunciava que não era brasileira.
Depois da morte de Juliana Yanakieva, em maio de 1994, em Niterói, sua escola de balé continuou funcionando sob a direção de sua filha Vera, até fechar definitivamente em 2000.
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