Poeta, romancista, memorialista, ensaísta, tradutor, editor e membro da Academia Brasileira de Letras, Marco Lucchesi é um carioca que adotou Niterói desde a infância. Graduado em História pela UFF, recebeu três vezes o Prêmio Jabuti, além do título de Honoris Causa da Universidade de Tibiscus, na Romênia. Em 2023 tomou posse como Presidente da Fundação Biblioteca Nacional.
Primeiro brasileiro de uma família italiana da Toscana, Marco Americo Lucchesi nasceu em 9 de dezembro de 1963 no Rio de Janeiro. Filho de Elena Dati e Egidio Lucchesi, que migraram para o Brasil nos anos 1950, vive desde os oito anos de idade em Niterói. "Nos mudamos para Icaraí, junto com a minha avó materna, porque meu pai estava implantando um sistema para as rádios Tupi e Tamoio, em São Gonçalo", conta Lucchesi.
Na cidade, estudou no antigo Colégio Pio XI, que ficava na Rua Otávio Carneiro, depois, no colégio Marly Cury, em uma grande casa localizada na rua Mariz e Barros. Completou seus estudos no Colégio Salesianos, em Santa Rosa, onde ingressou na quinta série. Nos intervalos das aulas, ia para o interior da Igreja Nossa Senhora Auxiliadora, ouvir o padre Marcelo, tocar Bach e Cesar Franck, no maior órgão da América Latina. Em 2018 seu nome foi dado à biblioteca da escola.
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Sobre sua relação com a cidade, diz que Niterói o capturou desde cedo, tornando-se com o passar do tempo, um excessivo amor, uma quase obsessão. "A minha relação com Niterói é uma tríade composta pelo Colégio Salesiano, pela UFF, onde me formei em História, e a minha relação com pessoas que promoviam encontros no calçadão. Eu devo muito a Niterói. As inquietações do mundo, da vida. Não tenho nenhuma razão para morar em Niterói do ponto de vista objetivo, mas pelo lado sentimental, tenho todas as razões. É de uma fidelidade canina. Eu me sinto muito niteroiense, a cidade me pertence de direito e de fato".
Por conta de sua origem italiana, os versos da 'Divina Commedia' e de Orlando Furioso fazem parte da memória de sua infância. Precoce, suas primeiras publicações foram feitas na adolescência, no 'Noticiário Jovem', jornal do Salesianos. Teve, ainda muito jovem, diálogos, que foram decisivos para sua trajetória, com Antônio Carlos Villaça, Nise da Silveira e Carlos Drummond de Andrade. Lucchesi estudou piano até os vinte anos com a professora Carmela Musmano e canto com o professor Domenico Silvestro.
Formado em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), recebeu os títulos de Mestre e Doutor em Ciência da Literatura, pela UFRJ, com pós-doutoramento em Filosofia da Renascença pela Universidade de Colônia, na Alemanha. É professor titular de Literatura Comparada na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Graças ao amplo conhecimento de mais de 20 idiomas, criou inclusive uma língua artificial denominada "laputar". Traduziu diversos autores, dentre os quais, publicados em livro, dois romances de Umberto Eco, a Ciência Nova, de Vico, os poemas do romance Doutor Jivago, obras de Guillevic, Primo Levi, Rumi, Hölderlin, Khliebnikov, Trakl, Juan de la Cruz, Francisco Quevedo e Angelus Silesius.
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Premiado pelas mais importantes instituições culturais, no Brasil e exterior, publicou, entre outros livros: -
Romances - O Dom do Crime (2010), O Bibliotecário do Imperador (2013) e Adeus, Pirandello (2021); -
Poesia - Bizâncio (1997); Poemas Reunidos (2002); Sphera (2003); Meridiano Celeste & Bestiário (2006); Clio (2014), este vencedor do Prêmio Jabuti; Hinos Matemáticos (2015); Rebis (2017); Mal de Amor (2018); Domínios da Insônia (2019); Maví (2022); Microcosmo (2023); -
Memória - Saudades do Paraíso (2017) e Os Olhos do Deserto (2000); -
Ensaios - Breve Introdução ao Inferno de Dante (1985); A Paixão do Infinito (1994); O Sorriso do Caos (1997); Teatro Alquímico: Diário de Leituras (1999); A Memória de Ulisses (2006); Ficções de Um Gabinete Ocidental (2009); O Livro de Deus na Obra de Dante (2011); Nove Cartas Sobre a Divina Comédia (2013); Carteiro Imaterial (2016); Cultura da Paz (2020). Seus livros foram traduzidos para o árabe, romeno, italiano, inglês, francês, alemão, espanhol, persa, russo, turco, polonês, hindi, sueco, húngaro, urdu, bangla e latim.
Seu conjunto de obras tem sido objeto de pesquisas extensivas no Brasil e no exterior (destaque-se um grupo de pesquisadores específico, CNPq, cujo objeto é Marco Lucchesi: Práticas das transformações silenciosas). Assim como tem sido central em seminários, cursos de extensão em diversas universidades e em redes públicas de ensino municipal, estadual e federal – para formação de professores – e até disciplinas em programas de pós-graduação stricto sensu.
Com diversos prêmios literários, destacam-se o Prêmio Alceu Amoroso Lima, o Marin Sorescu, na Romênia e o Del Beni Cultural da Itália. Sétimo ocupante da cadeira nº 15 da Academia Brasileira de Letras, eleito em 3 de março de 2011, na sucessão de Fernando Bastos de Ávila, foi eleito Presidente da Casa, cargo que exerceu de 2018 a 2021.
Para além de sua atividade artística, sobretudo na poesia e na ficção, sua pesquisa se baseia numa atitude multidisciplinar, que abrange a filosofia, a literatura, a música, a filosofia da matemática, a teologia, a astronomia e as artes em geral. Em 2016, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Tibiscus, de Timisoara, e, em 2020, o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Aurel Vlaicu de Arad.
Foi curador de exposições na Biblioteca Nacional como as que celebraram o centenário da morte de dois grandes escritores brasileiros: "Machado de Assis, cem anos de uma obra inacabada" e uma poética do espaço brasileiro, sobre Euclides da Cunha. Lucchesi foi também o responsável pela grande exposição "Biblioteca Nacional 200 anos: uma defesa do infinito".
Foi pesquisador-visitante, no ano de 2022, do Centro de Estudos da Ásia Central, Cáucaso, Turquia, Tibé e Irã do Departamento de Ásia, África e Mediterrâneo da Universidade Oriental de Nápoles (UniOr) e de outras instituições nacionais e internacionais.
Editor das revistas Poesia Sempre, Tempo Brasileiro (de 2007 a 2015 – vol. 171 a 203) e Mosaico Italiano (de 2005 a 2008 – ed. 21 a 52). Entre 2012 e 2017 foi diretor da fase VIII da Revista Brasileira da ABL, tendo coordenado a publicação dos números 70 a 93. Membro do conselho da Editora da UFRJ (2016-2020), assim como de várias revistas científicas e literárias no Brasil, na América Latina e na Europa.
Lucchesi notabilizou-se também dentro do setor de Coordenação Geral de Pesquisa e Editoração da Biblioteca Nacional, responsável pela edição de catálogos e fac-símiles no período entre 2006 e 2011. Foi membro do Conselho Nacional de Política Cultural do Ministério da Cultura (2015-2017). Editor das coleções "Espelho do Mundo" e "Memórias do Futuro", editora Rocco.
Colunista do Jornal de Letras (Lisboa), da Revista Humanitas (mensal), Off The Record (Santiago de Chile) e do jornal Comunità Italiana, foi dramaturgo em montagens teatrais cariocas; organizou seminários para o Centro Cultural Banco do Brasil e a Funiarte (Fundação Niteroiense de Arte, hoje FAN), assinou a curadoria de exposições na Biblioteca Nacional, Câmara dos Deputados e Museu Vale do Rio Doce. De 2014 a 2021 foi responsável pelo programa Música de Câmara na Academia Brasileira de Letras.
Notória a sua atuação em defesa dos direitos humanos, como sua constante presença em comunidades e prisões cariocas, mediante projetos literários e educativos.
Pertence a diversas instituições, dentre as quais se destacam a Academia das Ciências de Lisboa (sócio correspondente); Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Académie de la Latinité, Accademia Lucchese di Scienze, Lettere e Arti (sócio correspondente); Academia Paraguaya de la Lengua Española (sócio correspondente); Associação Mundial de Esperanto (comitê de honra); Sociedade Brasileira de Geografia; Sociedade de Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente; Movimento Humanos Direitos; Pen Clube do Brasil; Academia Fluminense de Letras; Academia Amazonense de Letras (sócio honorário); Academia Norte-Riograndense de Letras (sócio correspondente); Academia Espírito-santense de Letras; Academia Alagoana de Letras (sócio benemérito); Academia de Letras de Aracaju (sócio correspondente); Gabinete Litterario Goyano (sócio honorário); Academia Niteroiense de Letras; Instituto Histórico e Geográfico de Niterói; Cenáculo de História e Letras de Niterói. Associado à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Presidente licenciado da Sociedade de Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente.
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br