Fotógrafo com trabalhos publicados em periódicos nacionais e internacionais como The New York Times e Architeture Digest, EUA e Construire, Itália, Magno Mesquita produziu fotografias para vários catálogos do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, incluindo peças da inauguração, premiadas internacionalmente.
Carlos Magno Rowany Cortes de Mesquita nasceu em 23 de maio de 1958, em Barra do Piraí, RJ, mas desde a década de 1970 vive em Niterói. Autodidata, começou a fotografar com 15 anos de idade, mas teve seus primeiros contatos com a câmera aos sete, por meio de sua avó, também fotógrafa.
Nos anos 1980 fotografou para as colunas "Fashion News", de Haroldo Enéas, e 'Tempo Moda', de Denize Garcia. A parceria com Denize foi renovada anos mais tarde no caderno Niterói do Jornal do Brasil. Em 1983 fotografou para o livro "Estatuto do Sexo", de Roberto Santos de Almeida.
Por muitos anos prestou serviço para diversas autarquias da Prefeitura de Niterói, como a Fundação de Arte (FAN), Empresa de Turismo e Lazer e Turismo (Neltur) e Museu de Arte Contemporânea (MAC). Em 1995 foi convidado para ser editor de fotografia do jornal "Verbo & Imagem", da Secretaria de Cultura da cidade. Criou também várias capas de discos e CDs do selo Niterói Discos, incluindo peças promocionais para divulgação dos álbuns lançados.
Produziu fotografias para vários catálogos do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, incluindo peças da inauguração, premiadas no "How The Best Criative Edge", 2000. É de sua autoria a parede de abertura da exposição comemorativa do primeiro aniversário do MAC/ Niterói, em 1997, com o ensaio "Articulação de Formas e Volumes".
Além das exposições, já teve seus trabalhos apresentados em importantes publicações, nacionais e internacionais, com destaques para a edição comemorativa do aniversário de Joaquim Tenreiro, pelo Museu de Lisboa, "O Sonho do Arqueólogo" e "Missões e Descobrimentos", sobre as obras, respectivamente, de Arthur Barrio e Antonio Manuel.
Tem fotos publicadas em diversos periódicos mundo afora, como na revista "Construire" (Itália), "Light Review", editado pela Phillips de Amsterdã, "Architeture Digest" (EUA), "The New York Times" (EUA), "Cláudia" (Brasil) e "Vidro Planos" (Brasil).
Realizou ensaios fotográficos para empresas como "Amsterdam Sauer Joalheiros", "Maru Joalheiros" (Milão) e "Joana João" (moda infantil), sem contar as exposições coletivas em grandes galerias de arte, como: "Niterói é Assim..." (Museu do Ingá, 1995), "New Trends Visiones" (Barcelona Room, 2000), "Niterói Arte Hoje" (MAC, 2002), "New Trends" (Crisolart Galerie, Copenhagen, 2003), "Colours du Brazil" (Artspace Galleries Paris, 2010), entre outras.
Exposições
Em julho 1994 inaugurou a mostra "Ensaios de Luz", no CCPCM. Em 1998 expôs "Formas e Volumes" no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, simultaneamente com cinco cidades portuguesas, que também exibiram seus trabalhos. Esse intercâmbio foi proposto durante o evento Encontro com Portugal-Brasil 500 Anos. A mostra niteroiense apresentou nove fotos de 30cmx40cm reproduzidas a partir de cromos, que exploram as formas e os volumes de um frasco de perfume do estilista francês Claude Montana.
Em novembro de 2000, Magno abriu a mostra "Niterói Patrimônio Cultural" na Sala Carlos Couto, anexa ao Theatro Municipal de Niterói. A mostra traz um conjunto de imagens de 12 bens tombados pelo patrimônio artístico e histórico. Na ocasião, as fotos foram lançadas em cartões postais. Tanto a exposição como os cartões postais nasceram do livro homônimo, lançado pela Fundação de Arte de Niterói, com fotos de Magno e Thiago Côrtes.
Apaixonado por instrumentos musicais desde criança, inaugurou, na Sala Carlos Coutoem, em junho de 2002, a mostra "Metaismorfose", a partir do naipe de metais de variadas orquestras. As fotografias exibem detalhes de trombones, saxofones, pistons e trompetes, apresentando formas contemporâneas que lembram a figura feminina.
Inspirado por formas femininas, Magno Mesquita expôs, em novembro de 2003 no subsolo do MAC, em "Divina Gula", 11 fotos coloridas de verduras e legumes, em papel metálico.
O fotófrafo inaugurou em 2009 a exposição individual "Lumínias", da série Exercício do Olhar, iniciada em 1994 no CCPCM. Levada primeiramente ao Centro Cultural La Salle, em Santa Rosa, chegou depois à galeria LGC Arte Contemporânea, no Centro do Rio de Janeiro. As obras mostram um outro lado dos faróis de carros, que além de iluminar ruas e estradas, podem virar arte através da fotografia. Na série, o artista explora a peculiaridade da fotografia de modificar a percepção da escala na ausência de um parâmetro reconhecível capaz de nos permitir uma avaliação mental das dimensões do objeto focalizado.
A luz sempre foi inspiração para Magno Mesquita. Seu trabalho, eminentemente urbano, acompanha a arte contemporânea, mas tenta fazer algo diferente do que existe. "Uso minha emoção para embutir as fotografias, realizo meu trabalho de um jeito bem leve e deixo os temas que me vêm à cabeça fluírem", conta o artista.
Preocupado com o meio ambiente, o artista aboliu precocemente a máquina analógica, pois além de poluente, a tinta do cromo faz mal à saúde. "Com o arquivo digital, consigo brincar com os tons que nem se estivesse usando o cromo. Uso também para manusear os efeitos da captura de luz. Depois, o photoshop para dar um toque final na minha arte, mas sem grandes ajustes."
Um dos maiores medos do fotógrafo é o ócio criativo. "Não quero ser um artista 'duro, quadrado. Tema, luz e criatividade são os ingredientes que utilizo na seleção dos trabalhos. Gosto do que exercita o olhar, motivos que estimulam a criatividade do dia a dia; pois há arte em tudo."
Magno exercício do olhar
por Pedro Afonso Vasquez
A fotografia tem, em mãos de bons fotógrafos, o poder de transformar o real sem, contudo, alterá-lo em sua essência, de tal modo que uma transcrição fidedigna de um objeto ou de um local pode adquirir um aspecto abstrato pela simples alteração da escala ou do ponto de vista.
Da mesma forma, o que é infinitamente pequeno se confunde aos nossos olhos com o infinitamente grande, como as imagens do interior do corpo humano produzidas com o auxílio de microscópios eletrônicos se assemelham às astrofotografias realizadas com telescópios espaciais.
Na série de imagens abstratas que tem desenvolvido ao longo da última década, Magno Mesquita explora com sabedoria essa peculiaridade da fotografia de modificar a percepção da escala na ausência de um parâmetro reconhecível capaz de nos permitir uma avaliação mental das dimensões do objeto focalizado. Consegue assim embaralhar as pistas e extrair beleza desde as grandes obras de arquitetura - desmembradas em suas partes mais expressivas, como peças de um quebra-cabeça vistas em separado do conjunto - como também em objetos cotidianos, como vidros de perfume, que passam a adquirir contornos oníricos quando observados extremamente de perto com o auxílio da macrofotografia.
Leonardo da Vinci propunha como exercício de criação a observação das manchas de mofo nos muros, para que os artistas aprendessem a extrair das menores e mais banais coisas, vislumbres de seres e universos insuspeitos. Ao estudar detidamente lanternas e faróis de carros com idêntica atenção, na série Lumínias, Magno Mesquita realizou idêntico exercício do olhar, extraindo da frieza dos elementos industriais imagens de um universo futurístico imaginário. Visões de um fotógrafo que tem olhos de ver e vendo, transforma aquilo que é visto.
Publicado originalmente em 2012, para o Jornal do Commercio. Pedro Vasquez é escritor, tradutor, fotografo e curador.
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