Em outubro de 1924, a prestigiosa revista semanal Fon-Fon resolveu realizar uma enquete entre os seus leitores, com a finalidade de conhecer os Maiores Brasileiros Vivos em diversas categorias profissionais e artísticas. Os cupons eram retirados na própria revista e enviados pelo correios.
Para muitos pode ter sido uma surpresa o fato de que em duas categorias artísticas, cito "O Maior Artista" e "O Maior Ator", os vencedores anunciados, na edição de abril de 1925, fossem profissionais nascidos na então "Cidade de Nictheroy".
O pintor
Antonio Parreiras (1860-1937) e
o ator Leopoldo Fróes (1882-1932) são, sem nenhuma dúvida, dois dos maiores orgulhos dessa cidade reconhecida internacionalmente pela excelência de sua produção artística e cultural.
Na categoria "Maior Poeta" venceu Alberto de Oliveira (1857-1937) que, embora nascido em Saquarema, adotou aos 17 anos a então Capital da Província do Rio de Janeiro para viver, até sua morte.
Segue, na grafia original, o anúncio do concurso.
Estimulados pelo exito obtido pelo concurso que acabámos de encerrar, na semana transacta, para a eleição do Principe dos Poetas Brasileiros, apresentamos agora aos nossos leitores e leitoras, em geral, um outro, de feição altamente nacionalista, que, esperamos, obterá o mesmo successo.
Nelle poderão votar todas as pessoas que desejarem manifestar-se a seu respeito, bastando para que seu voto seja apurado pela nossa redacção trazerem suas respostas, collado ao alto, o coupon abaixo, que deve ser cortado dos nossos numeros.
Trata-se, neste concurso, de saber quaes os Maiores Brasileiros Vivos, sem cogitações politicas, ou de outra qual quer especie de sentimentos que não o da admiração sincera. Esta redacção reservar-se-á o direito de não apurar os votos que forem julgados tendenciosos, ou ironicos.
Quais os Maiores Brasileiros na categorias:
O maior estadista (politico, diplomata, administrador, ou parlamentar); O maior militar (tanto do Exercito como da Marinha); O maior poeta; O maior escriptor; O maior artista (escultor, desenhista ou pintor); O maior musico (compositor, ou executante); O maior actor (comico, ou tragico); O maior cantor; O maior sabio (astronomo, mathematico, physico, chimico, etc.); O maior medico (clinico, cirurgião, bacteriologista); O maior engenheiro (civil, militar, ou architecto); O maior jurisconsulto; O maior industrial; O maior financista; O maior inventor; O maior educador (theorico, ou pratico); e O maior sportmant.
Concebida por Jorge Schmidt, a
revista Fon-Fon circulou de 1907 a 1958. Tendo como um de seus idealizadores o célebre escritor e crítico de arte Gonzaga Duque, tinha no enfoque dado a ilustração uma de suas principais características. A revista, inclusive, tornou célebres ilustradores como Nair de Tefé, J. Carlos, Raul Pederneiras e K. Lixto e contou, inclusive, com a colaboração do pintor Di Cavalcanti em 1914. Seu nome remete à onomatopeia da buzina dos automóveis e sua logomarca foi desenvolvida pelo cartunista e poeta Emílio de Meneses. Em seu início, a publicação tinha um chofer de nome Fon-Fon como personagem principal, enfatizando a identificação do periódico com os preceitos da modernidade. A intensa utilização de caricaturas coloridas, charges e fotografias, litografia e xilogravura passavam de forma visual essa identificação. Até junho de 1943, recebeu o slogan de "Semanário alegre, politico, crítico e esfusiante”, quando uma mudança editorial ocorrida a partir de julho alterou este subtítulo para "Uma revista para o lar", indicando o enfoque de seu conteúdo para o universo feminino.
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