Membro das Academias Niteroiense e Fluminense de Letras, o jornalista, poeta, escritor e historiador Emmanuel Bragança de Macedo Soares foi, em janeiro de 1983, nomeado pelo prefeito Waldenir de Bragança, presidente da Fundação de Atividades Culturais, cargo que exerceu por 12 meses.

Emmanuel nasceu na cidade fluminense de Araruama em 3 de setembro de 1945. Filho de Argemiro Ribeiro de Macedo Soares, perdeu a mãe, Leonor de Bragança, no seu parto. Primo por parte de mãe do ex-prefeito de Niterói, Waldenir de Bragança, por parte de pai era parente de Edmundo de Macedo Soares e Silva, ex-governador do antigo Estado do Rio.

Fez estudos primários na Escola particular da professora Palmira Lopes e no grupo escolar Edmundo Silva, em Araruama, além do Grupo Escolar José Bonifácio, em Niterói. Começou a cursar o ginasial em 1957 no Liceu Nilo Peçanha, em Niterói, onde teve aulas de história com Almeida Cousin, professor que influenciaria profundamente sua vocação pela pesquisa histórica. Completou os estudos no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro e iniciou, na Universidade Federal Fluminense (UFF), os cursos de Jornalismo e História, que não chegou a concluir.

Sempre estimulado pela escrita, em 30 de agosto de 1961, poucos dias antes de completar 16 anos, teve o artigo "Antonio Parreiras" publicado em "O Fluminense", sobre o pintor niteroiense e seu Museu, um chamamento para que a população o visitasse após sua reinauguração.

Seguiu no jornalismo estudantil no Liceu, onde, em maio de 1962, foi escolhido para dirigir um periódico feito em mimeógrafo, "O Chuvisco", de circulação restrita ao curso clássico. Com Carlos Eduardo Matos, fundou o mensário "O Temporal", que emplacou uma concorrida entrevista com uma estudante americana sobre o Bloqueio de Cuba, mostrando como os jovens estudantes estrangeiros o encaravam. O periódico chegou a entrevistar Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado e Manuel Bandeira.

Em 1962, foi repórter do "Grande Jornal Fluminense", jornal radiofônico de grande repercussão no antigo Estado do Rio. Estreou em maio de 1963 no suplemento literário "Viveremos amanhã", do semanário "Praia Grande em Revista" de Niterói, com Carlos Couto. Em junho do mesmo ano, integrou a antologia "37 Poetas Fluminenses", organizada por Lyad de Almeida, e nesse mesmo ano lançou seu primeiro livro de versos, "Poemas", editado pela Revista Rural. Muito bem recebida pela crítica, reuniu textos escritos entre os 15 aos 17 anos. Levado por Tácito Tani, colaborou, entre 1963 e 1964, no jornal "Última Hora".

Seu segundo livro de poesias, "Tempo de Orvalho", editado em 1967 pela Pongetti e prefaciado pelo poeta Gomes Filho, reúne 46 poemas, que foram do estilo clássico romântico à experiência concretista.

Foi redator na revista "Atualidade" de Araruama, em 1964; na sucursal fluminense do Diário Carioca em 1965; e na agência de notícias Asapress, em 1965. Colaborou no suplemento literário "Prosa & Verso" do jornal "O Fluminense", de 1964 a 1971. De 1966 a 1968, foi assessor de imprensa da empresa responsável pelos eventos no Pavilhão de São Cristóvão. Nesse período dedicou-se também à tradução de Jacques Prévert e Vladímir Maiakóvski.

Escreveu para a revista "Niterói" do Instituto Niteroiense de Desenvolvimento Cultural, entre 1971 e 1977. Ainda em "O Fluminense", entre 1973 e 1975, editou o suplemento de cultura "Encontro", e implantou e chefiou, até 1978, o Departamento de Pesquisa do jornal. Fundou e editou em sua cidade natal, em 1979, a revista "Presença" e dirigiu o semanário "Araruama Jornal", em 1979 e 80.

Atuou no semanário "LIG" (1981 e 1991/1992), dos mensários "FAC/Fatos & Notícias" e "Nictheroy/Niterói", na "Revista do Ateneu Angrense de Letras e Artes" (1975 a 1982), órgãos da Fundação Atividades Culturais, hoje Fundação de Arte de Niterói.

Em 1988 assumiu o setor de Projetos Especiais da Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro, onde fundou e dirigiu a revista cultural "O Prelo". Entre 1997 e 1998, colaborou no semanário "Folha de Niterói".

Entre Poesia e Prosa teve centenas de trabalhos publicados em vários jornais e revistas de Niterói, do Rio, Araruama, Campos, Barra Mansa, Volta Redonda e em outros municípios fluminenses.



Setor público

No setor público, ocupou diversas funções: diretor-adjunto do Museu Histórico do Estado do Rio de Janeiro (1976 a 1979); diretor adjunto do Museu da Imagem e do Som (1979); diretor adjunto do Museu Antônio Parreiras (1979); Chefe do Departamento de Pesquisa e Documentação (1980 a 1985) e pesquisador especialista (1985 a 1989) da Fundação Atividades Culturais de Niterói; Presidente da mesma instituição (1983/1984); coordenador de Documentação e Pesquisa da Empresa Niteroiense de Turismo (1994/1995) e diretor do Arquivo da Câmara Municipal de Niterói (1995 a 1998). De 1998 a 2003, exerceu o cargo de secretário extraordinário de Preservação da Memória Histórica de Niterói.

Desenvolveu, desde 1964, os projetos "Dicionário Histórico e Biográfico Fluminense" e "Cronologia Histórica de Niterói" atualmente com mais de cinco milhões de verbetes, banco de dados que serviu de base ao Centro de Memória Roberto Silveira, implantado em 2003 no "Caminho Niemeyer", em Niterói. Foi consultor de História e Paleografia do Cartório do 1º Distribuidor de Niterói e coordenador de projetos especiais do jornal "O Fluminense".

Também foi membro do Conselho Consultivo do Projeto de Restauração do Teatro Municipal de Niterói, diretor do Arquivo da Câmara Municipal de Niterói e integrante do Conselho Editorial do Arquivo Público do Estado do Rio. De 1996 a 2005, dirigiu o Arquivo da Câmara Municipal de Niterói.

Aos 71 anos, Emmanuel Bragança de Macedo Soares morreu no dia 14 de abril de 2017, em Niterói, deixando quatro filhos e dois netos. Autor de mais de 20 livros, foi eleito em 1975 para cadeira número 32 da Academia Fluminense de Letras, ocupada antes por Kleber de Sá Carvalho. Tinha profunda admiração pelo poeta Fagundes Varela, sobre quem deixou um livro biográfico não concluído.

    Crítica

    "De fato, a sua capacidade de composição não de um passarinho de voo curto: ele não busca os seus efeitos somente dentro da métrica fácil, apertada e certinha de sete, de dez ou de doze sílabas, nem repousa suas pinceladas de beleza nos cânones de rimas ricas, de vogais preciosas. Seus versos, às vezes, têm vinte e três e vinte e cinco sílabas, mas se compõem com uma música admirável, num élan atonal que é muito "marca-de-fábrica" do poeta. Esse autêntico poeta menino Emmanuel de Bragança, quando penetrar na sua zona de completo amadurecimento artesanal e filosófico, terá, por certo, a visão das grandes verdades e irá cantar para nós com mais força ainda" (Gomes Filho em Prefácio do livro "Tempo de Orvalho")

    "Os versos de Emmanuel de Bragança compõem uma agradável musicalidade, sem métrica e sem rimas, com o simples Jogo tonal das palavras. Tudo indica que é um poeta nascendo". (Geir Campos sobre o livro "Tempo de Orvalho", citado por Alberto Torres, O Flu, 12 de outubro de 1975)

    “Não se trata de um menino prodígio, mas de um poeta profundamente autêntico, que surge sem se deixar influenciar pelos figurinos em voga. São versos feitos até os 17 anos. Não se trata de poeta que se inspire em leitura ou que viva a procurar figurinos nos clássicos ou manuais de estilística. Devemos dizer que o livro de Emmanuel de Bragança é apenas uma pequena mostra de seu talento poético de sua grande sensibilidade, e principalmente de sua produção, que é deveras impressionante". (Luis António Pimentel sobre o livro "Poemas", citado por Alberto Torres, O Flu, 12 de outubro de 1975)


Obras históricas

- Emiliano Fagundes Varela (1975),
- O angrense Quaresma Júnior (1977),
- Raul Veiga no governo fluminense (1978),
- José Clemente e a Vila Real da Praia Grande (1980, FAC),
- Pequena história do Teatro Municipal de Niterói (1983, FAC),
- História política do Estado do Rio de Janeiro (1987),
- Os monumentos de Niterói (1992),
- A prefeitura e os prefeitos de Niterói (1992),
- As ruas contam seus nomes - Vol.1 (1993, Niterói Livros),
- Epigrafia do Teatro Municipal de Niterói (1994),
- Figuras e fatos da Medicina em Niterói (1994),
- Notas à obra "Minha terra e minha vida", de Everardo Backheuser (1994),
- Cem anos de Regatas (História do Clube de Regatas Icaraí – 1995),
- Câmara de Niterói – 180 anos de ação legislativa (1999),
- Conversas sobre o Saco de São Francisco (2002),
- Subsídios à História da limpeza urbana de Niterói (com Emílio Maciel Eigenheer – 2006),
- Curiosidades e revelações dos registros notariais (2008),
- Contribuição à história da magistratura fluminense: 1835 – 1889 (2008)

Fontes: Discurso de Alberto Torres na posse de Emmanuel na Academia Fluminense de Letras (O Flu, 12/10/1975); O Prelo (Ed.46, Maio de 2017, pag. 27); Arquivos da Fundação de Arte de Niterói; Páginas de O Fluminense.


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Publicado em 29/06/2021

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