Sensação dos bailes niteroienses na segunda metade da década de 1960, o conjunto 'Os Corsários' contava, entre seus integrantes, com o guitarrista Jorge Roberto Silveira, que 3 décadas depois se tornaria prefeito de Niterói.
O conjunto formou-se em meados de 1965, com a proposta de tocar, além de composições próprias, Beatles, Stones, The Hollies e Byrds. A formação inicial contava com Jorge Roberto Silveira (guitarra base), Hélio Franco Tavares (guitarra solo), Paulo Kastrup (baixo) e César Romero (bateria).
Os Corsários foram vencedores do primeiro festival do
Iê Iê Iê e Rock de Niterói, realizado no Cao Martin. Além disso, realizaram shows na TV Globo, Excelsior, Rio e Tupi, nos clubes Pioneiros, Central, Regatas e Monte Líbano além de eventos beneficentes para hospitais e casas de detenção. Apresentaram-se ainda em cidades como Cachoeira de Itapemirim, por ocasião do aniversário de Roberto Carlos, e Friburgo, entre outras.
O grupo realizava gravações regularmente para o programa Sala de Visita, de Paulo Bob, na Rádio Federal. Em 1967 gravaram um compacto simples pela gravadora Continental, com as músicas 'Como Deixei de te Amar' e 'Pedindo Perdão', ambas de autoria do baixista Paulo Kastrup.
No ano de 1971, a banda encerrou suas atividades, naquele momento ela era formada por Jorge Roberto Silveira (guitarra base), César Romero (bateria), Kastrup (baixo), Maurinho (guitarra solo), Névio Caparica (vocal) e Otávio Escobar (teclados).
Crítica
"Anteontem, Kastrup e Jorge Roberto; ontem, mais o César Romero; hoje, tem também o Helinho. Primeiro, 'The Beatles', depois, 'The Goldfingers' e, finalmente, 'Os Corsários', o melhor conjunto de 'iê-iê-iê' da cidade. Tudo isto é história. A história da formação de um conjunto musical, de quatro jovens, que nas horas de lazer, em versões que dominam, atualmente, a juventude de todo o mundo, se entregam ao estudo da arte da música. São quatro rapazes, uma só vocação, embora não possamos afirmar seja um só destino. [...] 'Os Corsários' é o mais procurado conjunto niteroiense de 'iê-iê-iê', e desde o início das suas atividades, apontado como dos melhores no gênero ..." (O Fluminense, 1967).
"Você tá gostando dos Corsários? Eu acho que o som dos Corsários é um som bem "garagem" bastante Rock & Roll, gosto muito desse baixista (Kastrupp) e desse cantor, como é o nome dele? - Jorginho - ah! Essa era a pergunta que mais me faziam quando eu tinha tempo para assistir uma apresentação dos Corsários. Claro, nós tocávamos praticamente na mesma hora, mas em lugares diferentes eu nos Lobos, eles nos Corsários, arquirrivais em Niterói. Não posso esquecer o dia que nós tocamos juntos, no Regatas. Eles abriram o espetáculo, tudo corria bem, a festa estava lotada, até que o cantor anunciou a última música. Não sei o que deu nele. Era uma música chata que durava mais de meia hora e que com certeza ninguém iria gostar. Ninguém gostou mesmo, só eu. Aquilo foi loucura, alguma coisa mais parecida com atitude que eu jamais havia visto nos Lobos ou em qualquer outra banda que eu tivesse assistido. Foi ali, naquele instante, que eu comecei a prestar mais atenção na musicalidade daquele menino chamado Jorginho [...] As bandas e as tardes de baile foram para o espaço, nós viramos amigos e parceiros. Foi Jorge quem escreveu o release do meu primeiro disco solo, minha primeira entrevista em jornal, e estamos juntos até hoje compondo canções com a mesma vontade que tínhamos quando éramos apenas um lobo e um corsário." (Dalto, 2000).
"Quando conheci os Corsários, eu era um menino começando o sonho de ser músico, eu sempre pedia para o meu professor de violão me ensinar àquelas músicas que os caras do conjunto tocavam, eram canções dos Beatles, por ser muito novo eu não sabia quem era quem, só depois de muito tempo fui entender as coisas, como o Jorginho já declarou por várias vezes quando se refere a aquela época, ele era o Paul McCartney e eu tinha certeza disso." (Marcos Sabino, 2000)
"Ter participado como empresário do grupo 'Os Corsários' me porporcionou a chance de conhecer e criar amizade de irmão com Jorge Roberto." (Julio Rabinovici, 2000).
"Os Mesmos Corsários, Pioneiros, Marajoara, Regatas, Marieta, Pró-Cubango quatro jovens talentosos, mas um especialmente sobressaía: magricela, bom músico, afinado, não necessariamente nessa ordem. Bateria de um Tonton, três amplificadores valvulados Gianninni, guitarra e baixo idem... dois microfones Aiwa... um fantástico repertório com fantásticas canções... Ah! As canções são as que sempre me emocionavam / hoje... Jorginho e os Corsários tocavam / cantavam a trilha sonora de toda a minha vida..." (Chico Aguiar, 2000).
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