Violonista, arranjador e diretor musical, Ricardo Gilly, um dos mais respeitados editores de Songbooks do Brasil, publicou ao longo de sua trajetória, mais de 150 livros pelas editoras Lumiar, Jobim Music, Acari Records, Luanda Records, Irmãos Vitale e Gilly Music.
Carioca radicado em Niterói, Ricardo Gilly de Miranda nasceu em 28 de agosto de 1963 e começou a se interessar por música ainda novo. Aos 13 anos aprendeu a tocar violão, sob forte influência da bossa nova, gênero que sua família ouvia com frequência, e a partir disso foi se interessando cada vez mais.
Seguindo sua vocação, estudou harmonia e arranjo com Ian Guest, que se tornou seu grande mestre e amigo. "Devo muito a ele. É um húngaro muito importante na história recente do ensino da música no Brasil. Aqui foi pioneiro no método Kodály, definiu um sistema decifragem que hoje é padrão em nossas publicações, formou uma geração inteira de bons arranjadores. Fiquei muito feliz quando ele me convidou para revisar seus livros de arranjo e de harmonia.", conta. Foi Ian Guest quem apresentou Gilly a Almir Chediack, com quem iniciou na carreira editorial.
"A genialidade de compositores como Mozart, Bach e Beethoven só se tornou conhecida para as gerações futuras porque as suas obras foram transcritas em partituras". Com essa ideia em mente, Gilly se especializou, e se dedica, há mais de três décadas, a passar para o papel as obras dos principais nomes da Música Popular Brasileira.
"O trabalho é minucioso e exige muita atenção. Além disso, sempre que possível, é essencial consultar o autor da obra para ter certeza de que nenhuma nota foi escrita de forma errada. O Brasil não tem uma tradição de ler música, o que faz com que a maior parte dos livros seja vendida no exterior. Mas esse cenário vem melhorando aos poucos com as novas gerações de músicos", conta.
Para a Lumiar Editora, de Chediack, colaborou nos songbooks de Noel Rosa, Tom Jobim, Gilberto Gil, Vinicius de Moraes, Carlos Lyra, Dorival Caymmi, Edu Lobo, Ary Barroso, Djavan, João Donato, Chico Buarque, Braguinha, João Bosco e Ivan Lins, entre outros. A convite de Tom Jobim, participou do projeto Cancioneiro que reuniu a obra completa do maestro, atuando como revisor musical e assinando várias adaptações para piano. Ainda pela Jobim Music, participou dos Cancioneiros Vinicius de Moraes, Moacir Santos, Chico Buarque, Guinga e Humberto Teixeira.
"Tom Jobim foi uma figura muito importante na minha carreira. Ele me convidou para trabalhar ao seu lado, o que me abriu muitas portas e me trouxe muito conhecimento. Além disso, me levava para tomar chopp ao lado dos seus ilustres amigos, o que para mim, na época um garoto de 27 anos, foi um barato total", conta Gilly.
Gilly colaborou nos 14 Cadernos de Choro da Acari Records e da Escola Portátil de Música. Editou a obra completa de Djavan, para a Luanda Records e "A Música de Edu Lobo", para a Edições de Janeiro. Colaborou na edição das Partituras Brasileiras Online da Funarte, atualmente com 22 volumes publicados. Ministrou oficinas de editoração de partituras nos Painéis de Música Popular da Funarte. Ministrou oficinas de editoração de partituras nos Painéis de Música Popular da Funarte. O Álbum Violão Brasileiro - 40 peças para violão, de Zé Paulo Becker, é o primeiro lançamento de seu próprio selo, a Gilly Music.
Em entrevista à revista musical da brasilianista Daniela Thompson, Gilly falou sobre seu trabalho: "Talvez por ser uma especialização muito nova no Brasil - acho mesmo que sou o único que vive disso há tanto tempo -, a importância do revisor musical ainda é desconhecida pela maioria das pessoas. Tom Jobim dizia que a música escrita é a que fica. Por isso tenho a consciência do desafio, da responsabilidade que eu e meus colegas carregamos."
Como instrumentista, Gilly acompanhou diversos cantores como Lica Cecato, Luís Capucho, Luciana Marinho, Luciana Lazulli, Denise Pinaud e Márcio Proença. Para o teatro, fez a direção musical dos espetáculos
'Passo a Passo no Paço Imperial' (1992), de Maria Clara Machado, Dora Pellegrino, Ricardo Tamm e Cacá Mourthé (1992), com música de Paulo Jobim (Prêmio Coca-cola de Teatro Infantil); e
'A Bela Adormecida' (1996) de Maria Clara Machado com direção de Cacá Mourthé, com quem também trabalhou, em 2010, no documentário
'Tudo Por um Fio', sobre a vida de Alexandre Graham Bell.
Principais fatos de sua trajetória editorial:
1991 a 1994 - Assistente de Antônio Carlos Jobim (revisão musical e arranjos para piano);
1991 a 2018 - Editor de Songboks da Lumiar Editora (Almir Chediak) e Irmãos Vitale – 48 livros publicados;
2007 - Editor da coleção "A música de Djavan", obras completas – Luanda Records;
2000 a 2008 - Editor dos Cancioneiros da Jobim Music - 15 livros publicados: Cancioneiro Jobim; Cancioneiros Vinicius de Moraes, Moacir Santos, Humberto Teixeira e Chico Buarque;
2000 a 2008 - Editor dos Cadernos de Choro da Acari Records e da Escola Portátil de Música - 14 livros publicados;
2012 e 2014 - Ministrou Oficinas de Editoração de Partituras nos Painéis de Música Popular da Funarte em Porto Alegre (2012) e Fortaleza (2014);
2015 - Editor da coleção "A Música de Edu Lobo" – Edições de Janeiro;
2017 a 2019 - Curador e editor do Songbook Internacional da Funarte (28 volumes, 15.600 páginas);
2020 - Editor do livro "Violão Brasileiro / 40 peças para violão", de Zé Paulo Becker – Gilly Music;
2021 - Editor do livro digital "Cancioneiro Joyce Moreno – Feminina" – Gilly Music;
2021 - Editor do livro "Cavaquinho Solo – Carlos Chaves" – Gilly Music;
2022 - Editor do livro "Cancioneiro Guinga – Zaboio" – Gilly Music;