Faleceu nesta sexta-feira, 06 de setembro, aos 83 anos, em Los Angeles, o lendário músico
Sérgio Mendes, aos 83 anos. Um dos artistas brasileiros mais reconhecidos no exterior, Mendes nasceu em Niterói, a 11 de fevereiro de 1941.
Um dos principais expoentes do
samba-jazz, gênero tipicamente brasileiro, o artista, que se consagrou mundialmente por sua contribuição à música e por colaborar com grandes nomes do jazz como
Herb Alpert e
Cannonball Adderley, teve uma carreira de quase 60 anos marcada pela divulgação da música brasileira, em especial da Bossa Nova, no exterior.
Em especial, sua banda, Brasil '66, ganhou fama mundial ao mesclar o samba com o jazz de uma maneira única e inovadora, conquistando uma legião de fãs nos Estados Unidos e ao redor do mundo. Ao longo de sua trajetória, Mendes colecionou prêmios e reconhecimentos. Foi vencedor de um Grammy e de dois Grammys Latinos, além de ter sido indicado ao Oscar em 2012 pela canção 'Real in Rio'.
A marca registrada de Sergio Mendes é a habilidade de fundir ritmos brasileiros autênticos com elementos contemporâneos, criando um som que transcende fronteiras culturais. Suas composições e arranjos inovadores abriram novos horizontes musicais e influenciaram gerações de artistas.
A prefeitura de Niterói anunciou que dará ao Cinema Icaraí, hoje em obras de retauro, o nome de 'Cine Concerto Sergio Mendes', além disso, o artista ganhará uma estátua na Praça Getúlio Vargas, na altura do Le Petit Paris, bar onde iniciou sua carreira.
Trajetória
Mendes iniciou sua vida musical como pianista clássico. Dos seis aos 14 anos, frequentou o Conservatório de Música da então capital do estado do Rio de Janeiro, onde estudou piano. Em 1956, reza a lenda, escutou na casa de um amigo seu primeiro disco de jazz, de Dave Brubeck. A experiência transformou sua percepção musical, e o pianista americano virou uma forte influência, ao lado de Horace Silver e Art Tatum. Mendes, então, passou a tocar em diversas formações jazzísticas: trios, quartetos e quintetos.
Na virada dos anos 1950 e 60, niteroienses costumavam encontrá-lo, com o parceiro e amigo Tião Neto, no
Le Petit Paris, um bar, musical por excelência, que existiu ao lado do Cinema Icaraí. Sérgio tocava lá com frequência e muitas vezes, depois da apresentação, pegava a barca para fechar a noite no Beco das Garrafas, em Copacabana, local onde começou a ser reconhecido com artista de peso.
Com o sexteto Bossa Rio gravou o
Dance Moderno em 1961, um álbum puramente instrumental. Em viagem para a Europa e Estados Unidos, gravou álbuns com Cannonball Adderley e Herbie Mann. Em 1962 participou do prestigioso
Bossa Nova Festival do Carnegie Hall, ao lado de Gilberto, Tom Jobim, Luiz Bonfá, Stan Getz, Charlie Byrd e outros.
Mudou-se definitivamente para os EUA em 1964 e produziu dois álbuns sob o nome de Brasil '64, com a Capitol Records e a Atlantic Records. Com os músicos niteroienses Chico Batera e Tião Neto, fez uma curta temporada no icônico
Shelly’s Manne-Hole, na Cauhenga Boulevard, em Hollywood. Era um jazz club de propriedade do grande Shelly Manne, baterista da era bebop do West Coast Jazz. O trio, que se conheceu no Beco das Garrafas, gravou
Brasil '65 e
So Nice (1968), este com participação de Bud Shank, Rosinha de Valença e Wanda de Sá.
O álbum
Herb Alpert Presents Sergio Mendes & Brasil '66, de 1966, ganhou disco de platina, e a música "Mas Que Nada", de
Jorge Ben Jor - em versão Bossa Nova - foi posteriormente regravada com o Black Eyed Peas, em 2006. Apimentada com harmonias jazzísticas e percussão latina, estava cristalizada a fórmula que garantiria décadas de sucesso.
Nos EUA, Mendes foi o brasileiro com mais gravações emplacadas no Top 100 das paradas americanas, com 14 músicas. Em 1967, ele conquistou o 4º lugar nas rádios do país com a versão bossa nova de
"The look of love", de Burt Bacharach e Hal David. Também em 1967, gravou, pelo selo Elenco, um festejado álbum em parceria com
Antônio Carlos Jobim, que já havia feito arranjos para o álbum
Você Ainda Não Ouviu Nada! (1964), de Sérgio com o Bossa Rio.
Passou longo tempo lançando discos que, apesar de festejados pela crética especializada, tiveram pouco sucesso comercial. Seu reencontro com o grande público se deu em 1983, com o lançamento do single
"Never Gonna Let You Go", chegando a quarto lugar nas paradas. Pouco depois lançou o álbum
Confetti (1984), contendo entre outras músicas "Olympia", feita para as Olimpíadas de 1984 em Los Angeles.
Nos anos 1990, criou a banda
Brasil '99, com a qual gravou o disco 'Brasileiro', que, além de levá-lo de volta às paradas de sucesso, rendeu-lhe o Grammy de 1993 na categoria World Music. Tem mais de 50 discos lançados, e o mais recente deles conta com participações especiais de, entre outros, Stevie Wonder e Black Eyed Peas. O artista ainda ganhou dois Grammys latinos.
Em 2020, ganhou seu próprio documentário,
Sergio Mendes: In the key of joy (No tom da alegria), dirigido por John Scheinfeld, traçando sua vida desde a infância. Fora isso - seja em 'Austin Powers', 'Be cool', 'Mad men' ou 'Os Simpsons' - toda vez que cabe evocar "Brazil" nas telas, grandes ou pequenas, o som de Mendes está presente.
Para o cinema, ele compôs apenas uma trilha sonora, da
cinebiografia Pelé (1977). Mas atuou como produtor musical em '007 - Nunca mais outra vez', de 1983, e nos longas de animação
Rio (2011) - com a canção Real Rio, composta em parceria com John Legend, indicada para o Oscar, e 'Rio 2' (2014).
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