Tombamento estadual em 26/01/1983
Processo INEPAC E-03/18.213/78
Praça da República, s/n – Centro
Na gestão do prefeito Feliciano Pires de Abreu Sodré, de 1911 a 1914, surgiu a ideia de construir, no centro de Niterói, uma praça que reunisse as principais sedes do Governo do Estado, em prédios modernos - O Centro Cívico de Niterói. A praça foi originalmente batizada D. Pedro II, e mudada para Praça da República em 1927.
Foram assim construídos a Assembleia Legislativa, atual Câmara Municipal de Niterói, o Palácioda Justiça, onde hoje funciona o Fórum de Niterói, e a Biblioteca Pública. No entorno imediato desses prédios, o Liceu e a sede da Polícia Estadual completam o conjunto arquitetônico.
A construção da biblioteca teve início em 1927, mas questões políticas retardaram as obras, que foram paralisadas, por falta de recursos financeiros, durante cinco anos. Em 1933, o interventor Ary Parreiras providenciou a finalização do prédio. Estava concluído parcialmente em 06 de setembro de 1934, quando nele se instalou a Academia Fluminense de Letras e a exposição 'História Administrativa do Estado', que homenageava o centenário de criação da Província do Rio de Janeiro.
Como Biblioteca Universitária e Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, foi inaugurada festivamente a 15 de março de 1935, nas comemorações do centenário da elevação de Niterói como cidade e capital da província recém criada.
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Edifício de arquitetura eclética com inspiração neoclássica, é projeto do arquiteto italiano Pietro (Pedro) Campofiorito, então funcionário do Governo do Estado do Rio de Janeiro. O projeto foi assinado por Lothar Kastrup da Secretaria estadual de Obras por não ser Campofiorito diplomado no Brasil. Trata-se de obra monumental, assim como os demais prédios da praça.
Trata-se de raríssimo caso em que o ecletismo belas-artes - no caso, a combinação imaginosa de traços de diferentes arquiteturas históricas - ultrapassa os temas individuais de cada prédio, para articular-se na linguagemem que dialogam todos entre si.
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O vocabulário arquitetônico clássico pode ser observado nas meias-colunas duplas com capitéis jônicos e portas em arco pleno entre as colunas. Seu tímpano é ornamentado por duas alegorias masculinas apoiadas num livro aberto, em relevo. O telhado é escondido por platibanda sóbria. No segundo piso, as portas abrem-se para balcões com balaústres torneados.
No interior, duas escadas simetricamente opostas levam ao segundo pavimento, onde destaca-se o amplo hall decorado com pilastras e frontões, dois vitrais retratando José Bonifácio e José de Alencar. A cor azul da alvenaria acentua a homenagem acadêmica à cultura literária francesa.
Em 1955, o prédio sofreu algumas reformas. Em 1959, o governador Roberto Silveira adquiriu para ela a preciosa biblioteca de Antonio Noronha Santos, emérito pesquisador e historiador. A Sala Matoso Maia, que recebeu esse nome em homenagem ao historiador fluminense José Matoso Maia Forte, guarda em suas estantes obras raras pela antigüidade e pela importância histórica como um raro dicionário jurídico de bolso, escrito em latim e impresso em 1614; o álbum comemorativo do centenário da Independência do Brasil, com fotografias da cidade; ou ainda o exemplar do periódico "A Lanterna - edição especial para Nictheroy", publicado em 1904.
Em 2011, o edifício foi restaurado com intervenções na área interna e externa, retornando as formas originais. Além disso, ganhou um novo conceito de Biblioteca Parque. Em 2017, prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, assinou a municipalização do espaço público.
Sendo o prédio integrante do conjunto cívico da Praça da República, foi tombado pelo Instituto Estadual de Patrimônio - INEPAC, em 26 de janeiro de 1983, através do processo E-03/18.213/83.
Na imagem de Capa, sem autoria conhecida, registro oficial do término da construção do prédio da Biblioteca ("O Governo do Estado do Rio de Janeiro e de suas Municipalidades durante o ano de 1933, de Ary Parreiras").
Fotos de Vivian Rosa
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