O Museu de Arte Contemporânea de Niterói inaugura, no sábado, 22 de maio de 2003, a exposição "Formal/Suporte - Suporte/Forma". Reunindo 26 obras de variados artistas que integram o acervo Mac-Niterói/Coleção Sattamini, a curadoria propõe uma reflexão sobre a relação entre o suporte e sua forma na construção do espaço plástico. Ocupando o mezanino do museu, a mostra fica em cartaz até 17 de agosto.

Com curadoria de Marcia Muller e Guilherme Bueno, a instalação conta com trabalhos dos artistas plásticos: Abraham Palatinik, Athos Bulcão, Dudi Maia Rosa, Emanuel Nassar, Frans Weissmann, Glauco Rodrigues, Hercules Barsotti, Ione Saldanha, Ivens Machado, João Carlos Galvão, Joaquim Tenreiro, Jorge Duarte, Luciano Figueiredo, Luiz Paulo Baravelli, Lygia Clark, Manfredo Souzanetto, Marcelo Nitsche, Marcos Coelho Benjamin, Paulo Roberto Leal e Rubens Gerchman.

Dividida em três módulos - Construção do espaço por adição; Estrutura interna e espaço externo; e Estrutura externa e espaço interno –, a mostra evidencia aspectos como a autonomia adquirida pela obra de arte, a partir do modernismo e coloca em evidência a eleição pelos artistas de diferentes suportes como tecido, madeira, pedra e metal.

"Forma/Suporte" não pretende assumir um caráter extensivo nem esgotar o seu tema, mas, a partir de um problema bastante específico, levantar outros parâmetros de aproximação e percepção sobre a produção contemporânea brasileira.

Forma/Suporte - Suporte/Forma

Dentro do programa de exposições dedicadas a apresentação e divulgação da Coleção João Sattamini, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, com esta mostra, propõe ao seu público uma reflexão acerca da relação entre o suporte e sua forma na construção do espaço plástico.

A partir da arte moderna, a relação de pertencimento a um mundo em comum mediado pelos limites determinados pela moldura - entre o que está dentro ou fora, além ou aquém - constrói-se a partir de um novo estatuto referente a natureza da obra de arte. Ao invés de como se estabelecera desde o Renascimento, o espaço representar uma "imersão" do mundo "real" para dentro dos confins da tela, ocorre um processo diferenciado de contiguidade, em que a obra passa a se projetar exteriormente, como mais um dentre os vários elementos constituintes do mundo das coisas.

A realidade da obra, portanto, não reside mais na duplicação que executava do mundo, mas no fato de, em si existir como um objeto próprio, autónomo (e, por conta desta mesma objetividade, nem por isso menos capaz de comunicar-se com o mundo).

Neste contexto, aquele sentido e hierarquia entre real e representado outrora regulados pelos limites da tela altera-se, dilui-se, fazendo com que esta propriedade física do suporte seja afirmativa da presença concreta, efetiva da obra.

I - Construção do espaço por adição. O suporte se constrói pela adição dos seus elementos constituintes. A forma externa final é determinada pelo prolongamento desta repetição. A ideia de "composição"- organização, a partir dos limites do chassi, do espaço interno por meio de sobreposição e intercalação de contrapontos rítmicos - é prescindida em favor do estabelecimento de uma série regular

II - Estrutura interna e espaço externo. Ocorre uma equivalência entre os limites externos do trabalho e a "ocupação" de seu interior, ambos coincidem. Também neste caso, adota-se um novo raciocínio construtivo. Em substituição ao princípio tradicional de composição, desta vez determina-se uma espécie de sobreposição entre forma externa e interna, fazendo com que resultem em uma unidade.

III - Estrutura externa e espaço interno. Através dos limites externos do suporte, configura-se uma "silhueta", a partir da qual se desenvolvem os elementos internos. Estes regulam-se a partir deste "formato final". Como nos outros casos, mas de modo diferente, cancela-se o limite entre o que está dentro ou fora da pintura, uma vez que ambos tornam-se interdependentes. Também em função desta relação, o formato retangular usual do "quadro" é prescindido.


Serviço

"Forma/Suporte - Suporte/Forma", coletiva
Curadoria: Márcia Muller e Guilherme Bueno
Local: Mezanino
Abertura: 22 de maio de 2003
Visitação: 22 de maio de 2003 a 17 de agosto de 2003

Museu de Arte Contemporânea - MAC
Endereço: Mirante da Boa Viagem, s/n - Niterói RJ
Informações: 21 2620 2400 / 2620 2481


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Publicado em 24/08/2023

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