Abrangendo temas relacionados à arte contemporânea, o acervo museológico sob a guarda do MAC Niterói é fruto de processos de aquisição que demarcam a importância histórica das atividades museológicas e artísticas da instituição ao longo dos anos.

Esse conjunto é formado (2021) por 1.832 obras, divididas entre as duas coleções do museu: a Coleção Sattamini conta com 1.219 obras de artistas do período concreto, neoconcreto, abstrato informal e neoexpressionista, enquanto na Coleção MAC, somam-se 613 obras, de 129 artistas. As duas coleções abrangem obras de diversos materiais e técnicas, sendo as mais comuns esculturas, desenhos, grafites e telas.

A Coleção João Sattamini chega ao museu em 1996 e algumas obras foram agregadas à coleção ao longo dos anos. O mesmo ocorre com a Coleção MAC, que é formada completamente por doações e recebeu em média 24 obras por ano, desde a sua fundação. Cabe ressaltar que devido ao regime de comodato, algumas obras da Coleção Sattamini foram retiradas do acervo por iniciativa do comodante, tornando necessário que seja realizada uma revisão no contrato de comodato.

A instituição foi criada, inicialmente, para abrigar, preservar e expor a primeira coleção, do economista e colecionador de arte João Leão Sattamini Neto. Esta coleção foi iniciada em 1966, quando Sattamini morava em Milão, na Itália, e teve o incentivo do artista Antonio Dias.

Conforme expõe Luiz Camillo Osório: "Quando de sua volta ao Brasil, em dezembro de 1969, o espírito colecionista já era irreversível. A partir de um determinado ponto não se trata mais de investimento financeiro e passa a ser misto de obsessão e vocação. Ambas necessárias para alavancar o meio de arte. Sem colecionadores, não há mercado, e, sem este, a arte contemporânea não teria a mesma cara: para o bem e para o mal (OSÓRIO, 2006, p. 56).

O pintor Antônio Dias (à esquerda) e o colecionador João Sattamni - João Sal/Folhapress


Contudo, foi a partir dos anos 1980, com a proximidade de Victor Arruda e Ruben Breitman, que João Sattamini optou por incluir na coleção obras de artistas brasileiros e pelo recorte da arte contemporânea (dos anos 1950 a 1990). Desta forma, a constituição da coleção possui um caráter horizontal, que oferece um panorama da arte brasileira no pós-Guerra, além de alguns núcleos encorpados, nos quais é possível perceber a história de certas passagens decisivas na arte brasileira e trajetórias individuais dos artistas representados.

Com o desejo de evoluir a coleção do caráter privado para público que, em 1991, João Sattamini, juntamente com Anna Maria Niemeyer e Victor Arruda, procuraram Ítalo Campofiorito, então Secretário da Cultura de Niterói.

Nas palavras do próprio Sattamini: "Uma coleção só existe se puder ser vista, comparada com as outras, analisada em suas possíveis deficiências e na sua dinâmica de crescimento. Ela deve servir para que artistas a usem em seu processo de aprendizado, além de instrumento para a permuta entre instituições para suas exposições (SATTAMINI, 1996, p. 55).

Neste sentido, o MAC Niterói abriga desde sua inauguração, em 1996, a Coleção Sattamini, em regime de comodato. Além disso, desde sua abertura, o museu começou a formar a Coleção MAC a partir de obras doadas por colecionadores e por artistas, dentre os quais estão alguns que realizaram ou participaram de exposições temporárias no museu, sendo as primeiras obras doadas: “Óvulo Fecundo”, de Farnese de Andrade; e “Móbile Stábile”, de João Carlos Goldberg.


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A Visão do Colecionador
"A Visão do Colecionador",
por João Leão Sattamini Neto
A Coleção João Sattamini e o acervo do Museu
"A Coleção João Sattamini e o acervo do Museu", por Luiz Camillo Osório

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"A Dinâmica de uma Coleção", por Claudia Saldanha
Uma Coleção a Caminho de Niterói
"Uma Coleção a Caminho de Niterói", por Marcia Muller



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Publicado em 10/05/2016

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