08 de outubro de 1995

A novela da construção do Museu de Arte Contemporânea entrou em sua fase decisiva. A trama, iniciada em junho de 92, está caminhando a passos largos para seu feliz desenlace. Atualmente, 90 operários da Construtora Presidente trabalham diariamente na última fase das obras do grande disco voador do Mirante de Boa Viagem. Mas apesar de o mais difícil já ter passado - erguer a estrutura do museu, que exigiu o trabalho de 300 homens - a festa de inauguração ainda não pode ser marcada. Pela grandiosidade do projeto (3.400 metros quadrados de área construída), o último capítulo desta grande produção só vai mesmo ao ar no ano que vem (1996).

"No momento, estamos instalando o ar-condicionado, colocando as esquadrias de alumínio e terminando os sistemas elétrico, hidráulicos, sanitário e telefônico. Mas ainda está faltando todo o acabamento interno", informa o presidente da Empresa Municipal de Moradia, Urbanização e Saneamento (Emusa), Guilherme Tinoco.

Sem espaço - As obras da coleção de arte de João Sattamini, os futuros ocupantes do MAC, já estão sendo preparadas no Museu Antonio Parreiras. A cessão das peças será em regime de comodato, uma espécie de empréstimo acertado por contrato. "Já enviei mais de 600 peças para lá e não há mais espaço nas salas do museu. Só estou esperando o fim das obras para assinar o acordo com a prefeitura. Até que isso aconteça, ainda posso mudar muita coisa na relação das peças que vão para o MAC", diz o colecionador, aproveitando para desmentir uma nota publicada recentemente na imprensa, segundo a qual alguns quadros que comporão o acervo do museu estariam sendo vendidos por marchands do Rio.

A responsável pelo trabalho de catalogação das obras de arte de Sattamini que vão formar o acervo do MAC, Dôra Silveira, coordenadora da Diretoria dos Museus, órgão que administra nove museus em todo os estado, diz que o número de peças pode chegar a mil. "O mais importante desta coleção é que ela engloba os mais significativos artistas brasileiros, desde a década de 1960, entre os quais podemos citar Antonio Dias, Lygia Clark, Iberê Camargo, Jorge Guinle Filho e Di Cavalcanti", conta.

As peças ficarão guardadas em duas grandes salas no subsolo, preparadas com os equipamentos necessários para seu armazenamento. Um elevador de carga levará quadros e esculturas diretamente ao centro do salão de exposições, de mil metros quadrados.

Segundo o prefeito João Sampaio, que também é arquiteto, o MAC é a menina dos olhos de Oscar Niemeyer, que o projetou. "As inovações do projeto exigiram que boa parte do material fosse encomendada especialmente para o museu", diz o prefeito, que pretende fazer um livreto contando todas as inovações técnicas na arquitetura e na engenharia aplicadas na construção do MAC.

Panorama da Baía - Uma das novidades é a tinta utilizada na parte externa do museu, que além de pintá-lo de branco, também servirá como uma proteção contra a chuva e o calor. Como a vista para a Baía de Guanabara é uns dos principais atrativos do MAC, as janelas de sua galeria externa são de grande importância. Elas terão esquadrias, especialmente preparadas para a dilatação, e vidros capazes de suportar ventos de ate 200 quilômetros por hora.

À noite, o disco voador vai parecer ter decolado de verdade. Um sistema especial de iluminação, que será instalado este mês, dará a impressão de que o museu está suspenso no ar "O autor da proeza é o iluminador Peter Gasper da TV Globo, com enorme experiência em grandes shows, como o Rock in Rio", informa o presidente da Emusa, Guilherme Tinoco.

A novela da construção do Museu de Arte Contemporânea, uma das campeãs de audiência em Nite rói, já teve os seus capítulos de suspense, quando, durante alguns meses, foi reduzido o ritmo das obras, devido ao pedido do Tribunal de Contas do Estado para a investigação de despesas irregulares. Agora só falta esperar o final feliz, com o casamento das peças da coleção de Sattamini com as paredes, ainda em tijolos, do MAC.








Publicado em 13/02/2023

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