Pedro Campofiorito foi um arquiteto, pintor, decorador, cenógrafo e professor, nascido em Roma, na Itália, em 29 de junho de 1875, sendo naturalizado brasileiro em 1938, nas vésperas da Segunda Guerra Mundial.

Tendo colaborado com o pintor Zeferino da Costa na ampliação dos estudos para execução dos grandes painéis que decoram a Igreja da Candelária, foi por aquele notório mestre da pintura acadêmica no Brasil, convidado a assumir o ensino de desenho na Escola de Belas Artes de Belém do Pará, que seria criada sob a sua direção.

Palácio da Justiça
O jovem artista romano chegou em 1899 ao Pará, onde viveu e trabalhou como arquiteto e decorador até 1913, ano que se mudou para o Rio de Janeiro, onde reiniciou suas atividades de pintor e arquiteto. Assumindo a direção arquitetônica da firma Leonídio Gomes, projetou residências e prédios públicos, chegando a vencer o concurso para a sede da Cruz Vermelha, hoje tombada pelo patrimônio cultural do Estado do Rio de Janeiro.

Construiu então a sua residência em Niterói, onde já colaborava, desde 1913/14, com os projetos encomendados ao engenheiro francês Émile Dupuy-Tessain e destinados a constituir a Praça da República (antes chamada praça D. Pedro II), Centro Cívico da capital fluminense.

Em destaque, a Biblioteca de Niterói. Postal Colombo.
Dupuy-Tessain dominava os estilos históricos, tais como os classificava o ecletismo, na versão Belas Artes do final do Século XIX. Quando voltou à sua pátria com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, recomendou Pedro Campofiorito para dar continuidade às obras dos diversos palácios. A Câmara Legislativa, o Fórum, o Liceu e a Polícia do Estado viram suas novas sedes inauguradas entre 1917 e 1919, sendo a Biblioteca Pública do Estado, inteiramente a cargo de Pedro Campofiorito, construída mais tarde e inaugurada em 1935, dez anos depois da Praça propriamente dita. Todo o conjunto está hoje tombado pelo INEPAC-RJ.

Em 1939, face à guerra dos aliados contra o eixo nazifascista, naturalizou-se, adotando a cidadania brasileira. Ao aposentar-se do serviço público do Estado do Rio, foi nomeado diretor fundador do Museu Antônio Parreiras, em Niterói. Após comemorar a libertação de Roma pelos aliados, faleceu Pedro Campofiorito na sua residência em Icaraí, no dia 17 de maio de 1945.

Vista aérea do Centro Cívico do Centro de Niterói
Campofiorito assina diversas obras importantes, como o Fórum de Campos, o Mercado Municipal de Petrópolis e a Penitenciária de Rio Bonito, entre outros projetos. Também foi autor, sobretudo, de residências, construídas na Praia de Icaraí (Gustavo Schmidt) ou à jusante da Estrada da Fróes (família Seabra), entre outras.

Seu quadro, de pintura alegórica, "O Cruzeiro do Sul", foi escolhido por Pietro Maria Bardi, Diretor do MASP, para figurar em exposição de italianos do Brasil e integrou também a mostra Tradição e Ruptura na Fundação Bienal de São Paulo em 1987.

Pedro Campofiorito casou-se com Delfina Paniagua, no Pará, e teve quatro filhos. Seu primogênito se tornou o futuro pintor, professor e crítico de arte Quirino Campofiorito; sua filha Stella foi pianista, aluna de Villa Lobos e professora; sua outra filha, Violeta, tornou-se criadora e diretora da Escola de Assistentes Sociais da UFF e, seu filho mais novo, Orlando, virou arquiteto, chegando a projetar, a serviço do Estado, inúmeros prédios públicos, entre os quais a Escola Pública de Jurujuba e o Hospital Getúlio Vargas Filho em Niterói.

Conheça algumas obras de Campofiorito em Niterói:
Praça da República,
Antiga Sede do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro,
Biblioteca Pública,
Forum,
Câmara Municipal.


Crítica

    [...]"Assim, escrevo para saber para onde devo enviar os dois quadros que participaram da exposição "Itália-Brasil". O quadro de seu pai suscitou muita curiosidade. É verdadeiramente uma das obras primas dedicadas ao Brasil." P.M.BARDI-1980. "Sob o título geral de Tradição e Ruptura foram reunidas nada menos que 1333 obras, incluindo urnas arqueológicas, preciosos relicários, móveis de pesadas madeiras entalhadas, fina prataria e a pintura que se realizou no país ao longo de cinco séculos. (...) Se alguns estrangeiros vinham e partiam com críticas, outros transformavam o Brasil em sua verdadeira pátria. Este foi o caso do italiano Pedro Campofiorito, que em Roma, recebeu do pintor brasileiro Zeferino da Costa um convite para vir ao Brasil. Zeferino da Costa trabalhava, na época, na decoração da igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, e convidou Campofiorito como auxiliar. Este aceitou, e por aqui permaneceu. É dele uma curiosa Alegoria ao Cruzeiro do Sul, datada de 1917, obra em que, no azul do centro da bandeira nacional, entrevê-se a Baía de Guanabara." CASIMIRO XAVIER DE MENDONÇA - 1984









Publicado em 10/07/2013

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Thereza Brunet
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