Tombamento estadual em 06/09/1990
Processo INEPAC E-18/000.164/89
Entre a Av. Ernani do Amaral Peixoto e a Rua Dr. Celestino - Centro
Na gestão do prefeito Feliciano Pires de Abreu Sodré, de 1911 a 1914, surgiu a ideia de construir, no centro de Niterói, uma praça que reunisse as principais sedes do Governo do Estado, em prédios modernos.
Sodré e o governador Oliveira Botelho promoveram o projeto de obras de embelezamento e urbanização da área conhecida como "Campo Sujo" para dar lugar ao "Centro Cívico". A partir do aterro do antigo Campo Sujo, com o desmonte do morro ao lado, construiu-se a Praça D. Pedro II. Em 1927, a praça foi reinaugurada como Praça da República. No centro da praça ergue-se o Monumento à República, monumento criado e executado pelo escultor fluminense José Otávio Correia Lima, então diretor da Escola Nacional de Belas Artes.
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Monumento à República, obra de José Otávio Correia Lima |
O projeto do conjunto de prédios foi encomendado ao engenheiro francês Émile Dupuy-Tessain, que contou com o auxílio do arquiteto e pintor italiano Pedro Campofiorito. Dupuy-Tessain dominava os estilos históricos, tais como os classificava o ecletismo, na versão Belas Artes do final do Século XIX. Quando voltou à sua pátria com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, recomendou Pedro Campofiorito para dar continuidade às obras dos diversos palácios. A Câmara Legislativa, o Fórum, o Liceu e a Polícia do Estado viram suas novas sedes inauguradas entre 1917 e 1919, sendo a Biblioteca Pública do Estado, inteiramente a cargo de Pedro Campofiorito, construída mais tarde e inaugurada em 1935, dez anos depois da Praça propriamente dita.
Leia a biografia de Pedro Campofiorito
Em 1970, o governador Geremias de Mattos decidiu construir no local o Tribunal de Justiça do Estado, que nunca foi concluído. A partir de 1978, houve grande mobilização da sociedade fluminense para a reconstrução da praça. Em 1989, o Governo do Estado determinou a implosão do esqueleto do prédio e a reconstituição da praça na sua forma original, sendo reinaugurada em 4 de dezembro de 1889.
Tombamento
O tombamento visou preservar o caráter das edificações, bem como as significações culturais da praça, construída no centro da antiga capital do Estado, de forma a conservar não só a arquitetura como a escala, a expressão e o ambiente urbano do conjunto cívico. Trata-se de raríssimo caso em que o ecletismo belas-artes - no caso, a combinação imaginosa de traços de diferentes arquiteturas históricas - ultrapassa os temas individuais de cada prédio, para articular-se na linguagemem que dialogam todos entre si.
É assim que, por exemplo, as próprias cores originais das alvenarias acentuavam a homenagem de cada construção à sua finalidade ideal de uso: Justiça, República, Literatura, etc. Sabe-se que o ocre da Itália alude, no Fórum, ao Direito Romano, e o azul Nattier da Biblioteca, àc ultura francesa, assim como o colorido figurado dos tijolos aparentes entre cunhais na sede da Polícia remeteria às típicas cavalariças inglesas da época.