Lecyr Miranda de Paiva Lessa nasceu em Niterói, no dia 12 de outubro de 1929, e foi batizada pelos seus pais, Odir Pimentel de Paiva Lessa e Yara Lemos de Miranda Lessa, na Matriz do Ingá.

Formada pela então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, em Niterói, que depois veio a constituir-se numa das primeiras unidades da Universidade Federal Fluminense, Lecyr, como professora de Língua Latina, destacou-se tanto pelo seu saber, como pela extraordinária vocação para lecionar.

Deixou muitos amigos entre os alunos que ensinou no Liceu Nilo Peçanha - onde também estudou, no Colégio Brasil e no Colégio Universitário da UFF. Aposentou-se como professora adjunta da Universidade no ano de 2002. Deve-se, sem qualquer dúvida, a Lecyr, a base da formação de um significativo número de professores que viriam a seguir seus passos na docência do Latim.

DDC-UFF

Em agosto de 1972 assumiu o Departamento de Difusão Cultural – DDC – da UFF, e que haveria de exercer por dez anos. No DDC, procurou dinamizar, ampliando qualitativa e quantitativamente, a vida cultural da UFF, de seu Centro Cultural na Reitoria, e porque não dizer, por tabela, para todo o Município de Niterói.

Dentre suas muitas realizações, estão a criação do Grupo de Teatro, do Coral e do Conjunto de Música Antiga da UFF; as programações artísticas das segundas-feiras no Cine-Arte UFF, onde recebeu grandes artistas nacionais; inúmeras exposições e salões de artes plásticas; inúmeros cursos de atualização cultural, além de séries como "Arte nas Igrejas" e "Praç-Arte".

Uma das mais importantes contribuições às artes em Niterói, foi, sem dúvida, a inauguração do Teatro da Universidade Federal Fluminense, inaugurado em agosto de 1982, e cuja construção se deve sobretudo à sua determinação, aos seus esforços, e à sua notável capacidade como gestora cultural.

No espaço que abriga a Galeria de Arte da UFF, com ela formando um harmonioso espaço de cultura, o Teatro da UFF veio a consolidar a UFF como uma das mais importantes instituições culturais do nosso Estado e do nosso País.

INDC

Não menos marcante foi sua atuação, no governo do prefeito Ronaldo Fabrício, como presidente do Instituto Niteroiense de Desenvolvimento Cultural – INDC (atual Fundação de Arte de Niterói), tendo aí realizado, entre sua posse em 19 de dezembro de 1975 e 31 de março de 1977, um trabalho que a distingue como uma das mais destacadas personalidades da vida cultural em nosso município.

Reorganizou o Instituto com base em um Plano Diretor que se desdobrava em 13 metas, incluindo aí a criação de dois polos de projetos e programas do órgão: O Centro de Promoção e Difusão Cultural e o Centro de Documentação Histórico Cultural.

Como fruto mais imediato desse esforço, os niteroienses tiveram inaugurado, em 30 de janeiro de 1976, o Museu da da Cidade de Niterói, instalado no prédio da antiga Câmara Municipal (Hoje Secretaria de Educação), defronte ao Jardim São João. O MCN tinha por objetivo abrigar toda a sorte de documentos e objetos que testemunhem o passado e o presente da cidade.

Em sua gestão criou, por exemplo, o Coral e o Balé da Cidade de Niterói, liderados pelo Maestro Ermano Soares de Sá e pela bailarina Juliana Yanakiwa, respectivamente; reformou os teatros Leopoldo Fróes e João Caetano, além do Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, onde promoveu programações, sempre da maior qualidade, bem como exposições de artes plásticas, com alguns dos mais renomados artistas brasileiros.

Empreendeu numerosos cursos, simpósios, palestras e conferências de variadas temáticas, além de ter levado a efeito o 'Fórum de Ciência e Tecnologia'; o 'Fórum de Problemas Comunitários'; o 'I Seminário Nacional de Arquivos Municipais'; a 'I Semana de Artes Visuais'; e a 'I Semana do Folclore de Niterói'. Foi também em sua gestão que o INDC passou a ocupar o sobrado na Rua Presidente Pedreira, 98, vizinho ao Palácio Nilo Peçanha, e inaugurou a Sala de Leitura do Barreto.

Segundo seu amigo e colega de universidade Alfredo Dolcino Motta, "não se esgota apenas em realizações o que Lecyr deixou; na verdade, seu maior legado é, por certo, o carinho, a dedicação e a amizade com que sempre tratou os que com ela pudemos conviver. Recordando Lecyr evoco o seu humanismo, o seu sentimento e a sua atuação cristãs, que tanto marcaram sua dadivosa existência. Os que, sem ela, em grande parte, órfãos e abandonados ficamos, lembremo-nos sempre dela, e nossa vida ficará, sem dúvida, melhor."

Lecyr Lessa faleceu no dia 3 de setembro de 2009 deixando um legado cultural para a cidade e uma legião de amigos. Tanto no DDC-UFF, quanto no INDC, assumiu instituições que ainda engatinhavam institucionalmente, fortalecendo, com seu talento, determinação e capacidade de promover parcerias, os alicerces desses dois importantes órgãos culturais de Niterói.


Com informações do Departamento de Pesquisa da Fundação de Arte de Niterói; do artigo de Alfredo Dolcino Motta, ASPI-UFF, setembro de 2009; e de jornais de época.

Pesquisa e Edição: Alexandre Porto


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Publicado em 01/09/2021

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