O fotógrafo paulista Marcos Muniz expõe sua série "Baque Sagrado ou Travessia do Tambor", no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, de 08 a 31 de julho de 2014. A abertura será nesta terça, às 11h, e a mostra ficará aberta à visitação de segunda a sexta-feira das 10h às 17h; sábados, domingos e feriados das 10h às 15h. Na mostra, o fotógrafo traz consigo um sentimento agregador de um país católico, umbandista e que circula com legitimidade entre os dois universos. Do fervor dos festejos das Congadas e Moçambiques, a carne e o grave do tambor suam e soam universais. E trajados com suas roupas festivas, seus personagens revelam intensidade, gigantismo e, sobretudo, fé.

O projeto é uma forma de manifestar esse imaginário de mistura de culturas regionais que Muniz viveu por meio de um mergulho poético e documental bem familiar, porém muito distante do semiárido baiano: o estado de São Paulo.

De religioso e músico, todos nós temos um pouco. O grave do tambor nordestino ressoa Brasil afora e traz consigo o ritmo simbólico de um país católico, umbandista, rico em crenças e cultura, que se misturam de forma quase inseparáveis na terra do cangaço. Trajados com suas roupas festivas, os congadeiros revelam intensidade, simplicidade e muita fé. Por meio da dança, o protocolo religioso católico se desfaz em nome do sagrado.

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Quando bem jovem, Muniz e seus pais faziam a travessia São Paulo-Bahia rumo à casa de seus avós em uma cidade do interior do sertão chamada Milagres. De um lado seu pai, natural de Amargosa (BA), carregava uma viola "apaulistada" enquanto contava suas histórias da região semiárida baiana. Do outro lado, sua mãe, descendente de italianos, recordava com carinho e certa angústia reprimida os costumes tradicionais e religiosos dos "doces-brutos" italianos da região da Calábria, na Itália. "Meus sentimentos sempre estiveram divididos entre estes dois polos estéticos e culturais" – disse Muniz.

Para Marcos, o projeto Baque Sagrado ou Travessia do Tambor é "uma reflexão do autoconhecimento afetivo do passado que é fortalecido pelo catolicismo sincrético de colônia, pelo baque do tambor que abre os caminhos às entidades no terreiro e, sobretudo, da estética nordestina, calejada, simplista, porém feliz".

Lenda de Chico Rei

A lenda de Chico Rei revela que a origem a Congada está ligada à igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Segundo a lenda, Chico era imperador do Congo e foi para Minas Gerais com mais 400 negros escravos. Ele se instalou em Vila Rica, trabalhou, comprou sua libertação e criou grandes festas conhecidas como "Reisados" e, hoje, conhecidas como as festas das Congadas e Moçambiques.

Para retratar as histórias, o fotógrafo exercitou a intimidade da relação humana através da conversa, da aproximação, do toque, do detalhe e do quase contato físico, numa leitura poética e, ao mesmo tempo, documental. O ensaio é essencialmente uma homenagem aos santos negros, São Benedito e à Nossa Senhora do Rosário que zelam por seus filhos que, como a maioria, também são negros.

O artista

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Marcos Muniz, 30 anos, casado, graduou-se em Comunicação Social pela Faculdade Cásper Líbero (SP). Fotógrafo-colaborador da revista Época São Paulo (editora Globo), diretor de fotografia publicitário e curador/editor de conteúdo da agência de comunicação Rumba, possui uma herança multicultural [pai é baiano e mãe é descendente de italianos].

Sertão e Toscana. E, por meio desta pluralidade cultural, desenvolveu uma linguagem fotográfica voltada ao retrato documental-poético de temática religiosa, de resistência urbana e de extremos culturais. Com uma linha criativa pautada pela intimidade, suas imagens traduzem a extrema reciprocidade com o fotografado, uma característica marcante do artista, assim como uma premissa para o desenvolvimento criativo de seus ensaios fotográficos e projetos audiovisuais.


Serviço

Exposição do fotografo Marcos Muniz, "Baque Sagrado ou Travessia do Tambor"
Abertura: Terça-feira, 08 de julho de 2014, quarta-feira, 19h.
Período de visitação: 08/07/2013 a 30/07/2014.
Segunda a sexta-feira das 10h às 17h;
Sábados, domingos e feriados das 10h às 15h.

Centro Cultural Paschoal Carlos Magno
Rua Lopes Trovão, s/nº, Icaraí
Tel.: 2610-5748

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Publicado em 01/07/2014

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