Os 100 anos de Paschoal Carlos Magno têm programação especial no Centro Cultural que leva seu nome
"Uma história apaixonante". Assim, o diretor do Centro Cultural Paschoal Carlos Magno,
Luiz Carlos de Carvalho, define a relação entre o ator, poeta e diplomata Paschoal Carlos Magno e a arte. E é com esta mesma intensidade que, a partir de amanhã, o espaço abre as suas portas para uma programação especial em comemoração aos 100 anos de uma das figuras mais importantes da cultura brasileira.
Durante o evento, diversas personalidades de Niterói participarão de palestras e mesas-redondas. Além disso, o público poderá conferir uma grande exposição de fotos, documentos e livros de Paschoal, apresentação teatral; oficina; exibição de filmes, muita música e dança.
Paschoal Carlos Magno foi o coordenador da comemoração do aniversário de 400 anos de Niterói e fez a cidade crescer culturalmente. Na época, o centro cultural foi construído para abrigar parte dos eventos e com o fim dos festejos, recebeu o nome do artista.
"Paschoal foi um grande incentivador da cultura em Niterói. Ele deu força aos artistas jovens, ao teatro e à música. Esta é uma homenagem de toda a cidade a este grande artista", afirma Carvalho.
O diretor explica que a participação de Carlos Magno na cidade foi esquecida pela população. "Se você perguntar para uma pessoa na rua quem foi Paschoal, ela não sabe dizer. A ideia é que com a homenagem a gente resgate essa memória, lembrar a importância tanto de Paschoal quanto do centro cultural", ressalta.
Durante os 11 dias de comemoração, o centro irá respirar o melhor da arte. Para isto, o espaço contou com uma equipe, formada por Luiz Carlos, o artista
Rafael Vicente, a produtora cultural Daniela Magalhães e a assistente de produção Lúcia Freitas, para preparar uma programação especial.
Segundo Rafael, a programação tem o perfil de Paschoal. "Ele sempre teve uma vontade de ajudar muito grande. Incentivou o amador, os jovens, a experimentação, o teatro. E é isso que nós trazemos na comemoração. Ο encontro entre jovens, o teatro popular, a leitura de poesias", afirma ele.
Rafael também conta que o objetivo da homenagem é fazer o público se aproximar não só da figura de Paschoal, como também do CCPCM. "Até hoje, o Centro Cultural mantém as suas atividades muito ligadas à ideia que Paschoal tinha quando criou o espaço. É um lugar plural com música, artes plásticas e teatro. E tudo isso aberto ao público", garante.
Para abrir a grade de eventos, a partir de amanhã, 06 de dezembro de 2006, o espaço recebe a exposição 100 anos de Paschoal Carlos Magno. Com a curadoria de Luiz Carlos e Rafael, a mostra traz 57 fotos, dois romances e documentos de Paschoal. Uma parte do material integra o acervo do Centro de Documentação e Pesquisa da Fundação de Arte de Niterói e a outra foi cedida pelo maior pesquisador de Paschoal no Brasil, Martinho de Carvalho.
Além disso, o público poderá conferir na mostra o vídeo 20 anos do Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, que reuniu amigos e pessoas que tiveram contato com Paschoal.
"Desde janeiro, estamos coletando o material para a exposição. Embora não tenha conhecido Paschoal, segui uma linha intuitiva, mas dentro da poética dele. Ele deixou uma história e, por isso, não queremos mostrar o que ele fez, mas sim quem ele foi", enfatiza Rafael. A exposição poderá ser visitada até o dia 07 de janeiro.
Festival de Atrações
A programação de comemoração do centenário de Paschoal Carlos Magno está recheada de diferentes eventos. O pontapé inicial será dado pelo pesquisador de Paschoal Carlos Magno, Martinho de Carvalho, que ministrará, amanhã, a partir das 16 horas, a palestra 100 Anos de Paschoal Carlos Magno. Também amanhã, a partir das 18 horas, acontece a abertura da exposição que contará a história do poeta.
Na quinta, às 19 horas, acontece o lançamento do livro "Um Sol maior que o Sol", do poeta
César de Araujo. Durante a noite, o radialista Pedro Paulo Gil lerá poemas do livro e serão exibidos vídeos feitos durante a década de 1990 com
a fala do poeta, que faleceu no início do ano.
Já no sábado, a partir das 11 horas, na varanda do CCPCM, será a vez das artistas plásticas
Edilene Capanema,
Juliana Cerqueira e
Daniele Meireles apresentarem o tema "Poesia em movimento". Elas irão ler as poesias de Paschoal interagindo com o público.
O músico
César Nascimento participa da comemoração e lança, no domingo, dia 10, a partir das 11 horas, o CD "Quero fogo". No mesmo dia, também na varanda do centro cultural, com direção de
Leonardo Hinckel, Nelson Reis e Pablo Blois, os alunos e ex-alunos da Oficina Social de Teatro fazem uma homenagem aos 100 anos de Paschoal Carlos Magno. Em formato circense, a
Oficina Social de Teatro - OST vai apresentar trechos de comédias teatrais consagradas com o espetáculo "No Picadeiro do Paschoal".
Com o tema Paschoal Carlos Magno, o espaço promove, no dia 13, a partir das 16 horas, uma mesa-redonda, que contará com a participação da Secretária de Cultura de Niterói,
Daniele Nigromonte; de
Martinho de Carvalho; do coordenador da Rede Nacional Artes Visuais Funarte,
Nelson Ricardo Martins (sobrinho-neto de Paschoal); do diretor do Teatro Municipal de Niterói, ator e diretor de teatro,
Sohail Saud, do historiador
Luiz Antonio Pimentel; do coordenador do Centro de Documentação e Pesquisa da Fundação de Arte de Niterói,
Maurício Vasquez; e da jornalista
Lou Pacheco.
Outra mesa-redonda ocupará o CCPCM no dia 14, a partir das 19 horas. Também neste dia, a partir das 16 horas, em uma realização da Funarte, serão exibidos vídeos da Rede Nacional de Artes Visuais de 2004 e 2005 (Conexão Contemporânea).
Para fechar a programação com chave de ouro, no dia 16, a partir das 11 horas, na varanda do Centro Cultural, a Companhia de Teatro
Artecorpo apresenta o espetáculo "Piatã: O Amor de um Índio", uma contação de história teatralizada.
Paixão pelo Teatro
Paschoal Carlos Magno nasceu no dia 13 de janeiro de 1906, no Catete, no Rio de Janeiro. Foi ator, diretor teatral, dramaturgo, escritor, poeta, diplomata e crítico de teatro do jornal Correio da Manhã. Suas grandes paixões foram a juventude e o teatro.
Inaugurou, em 1952, na sua casa em Santa Teresa, o
Teatro Duse, espaço de experimentação que promoveu o lançamento de atores, diretores, cenógrafos, figurinistas, técnicos e autores. Fechado em 1957, o teatro foi reaberto no início de 2006. Hoje, o Teatro Duse é administrado pela Funarte, que trabalha para que o espaço volte a ser uma referência na dramaturgia.
Entre as realizações de Paschoal Carlos Magno destacam-se a 'Casa do Estudante do Brasil' (1929); 'Teatro do Estudante' (1938); 'Caravana da Cultura' (1964); 'Barca da Cultura' (1974); 'Teatro Experimental do Negro' (1944); 'Inauguração da Aldeia de Arcozelo', Paty de Alferes, RJ (1965). No resumo de todas as suas atividades, Paschoal dizia: "não podendo ser o grande poeta que sonhei aos 20 anos, que este trabalho de ação seja a forma de exprimir minha poesia".
Uma de suas peças mais importantes, "Pierrot", ganhou, em 1930, o prêmio de teatro da Academia Brasileira de Letras. Quando estreou pela Cia. Jayme Costa, contou com a presença do presidente Getúlio Vargas. Paschoal Carlos Magno morreu no dia 24 de maio de 1980.
Por Fabiane Moreira
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