Exposição individual de pinturas do artista plástico Cláudio Pegorim, no Centro Cultural Pascoal Carlos Magno.
" ...a arte como ferramenta de transgressão, questiona as certezas do corpo e mantém a alma suspensa, na dúvida da evolução"...
"Escolhi a arte. Foi rápido, acho que aos 12 anos. Ivan Serpa me apresentou as cores, e um olhar especial, que permitia recortar o mundo ao meu redor. Desde então não duvidei, nem perguntei nada. Segui em frente, convivendo com todos esses olhares.
E a cada dia, confirmo a importância da arte na minha vida. Esses trabalhos são parte de uma vivência íntima e pessoal.
Representam o meu olhar, e sua imoralidade. Imoralidade essa, que me conduz à transgressão para tocar a alma, e q trair para sobreviver. Assim, meu corpo segue se esbaldando nesses momentos de entrega e descoberta.
Na Galeria Quirino Campofiorito, guardadas pela luz do vidro, apresento 10 pinturas, médias e pequenas, comandadas pelas cores, e pela vontade de me presentear com algo meu, mas desconhecido por mim. Aí, então, pintadas com muita alegria e tinta acrílica.
Na Sala Hilda Campofiorito, guardadas pela sinuosidade orgânica das paredes, apresento 12 trabalhos em técnicas diversas, sobre madeira e papel, comandados pelos cortes, pela prodigiosa materialidade da madeira, e pela imoralidade do meu olhar."
Claudio Pegorim graduou-se em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal Fluminense. Estudou pintura com Ivan Serpa, Ricardo Queiroz, Aloísio Carvão, Daniel Senise, Umberto França e João Magalhães. Em 1996 expôs suas obras no Museu do Ingá, em Niterói, e no ano seguinte, no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, também em Niterói.
Participou da mostra coletiva 48 Contemporâneos, no Centro de Arte UFF, em 1996. O artista recebeu um prêmio especial, no I Salão do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, em 1997.
Horário: 18 novembro 2009 às 19:30 a 10 dezembro 2009 às 20:00
Local: Centro Cultural Pascoal Carlos Magno
Rua: Av Roberto Silveira s/n. Campo de São Bento, Icaraí
A obra
Você me Corta e Vai, escolhida para ilustrar o convite da mostra, revela o universo da marcenaria, talvez oriundo da formação em arquitetura do artista, sua relação com a madeira e com o verniz. “Esse quadro é tratado como o princípio de tudo. A madeira falando pra mim. É um diálogo meu com a tela. Quando interfiro, deixa de ser madeira e vira obra. Por conta disso, oito trabalhos receberam o nome de Exercício de Ver Você. São oito pequenos formatos em óleo sobre madeira, uma série com o mesmo nome onde usa a lixa para dar cor e origem as imagens:
"Nomeio meus trabalhos embora considere a visão do espectador uma experiência sensorial única. É muito comum procurarem uma posição e se não encontram encantamento é porque a bagagem pessoal não permite. Penso nisso toda vez que lembro de situações vividas, como a morte do meu pai, uma mudança pessoal radical. O ser humano tá estressado. O olho não pára mais. Há uma necessidade de renovação. A arte é inversa a essa corrida desabalada. É preciso deixar fluir a emoção", observa o artista.
Para ilustrar o conceito do evento, o pintor cita o escritor Nilton Bonder:
"Há um olhar que discerne, há um olhar que enxerga, há um olhar que reconhece, há um olhar que desnuda, e não hesita em afirmar fidelidades perversas e traições de grande lealdade. Este olhar, é o da alma."
Cláudio Pegorim deixa na alma do espectador as dúvidas da evolução, a angústia, a decepção, a expectativa e a frustração de não poder viver só de sua arte. Uma arte que já foi trabalhada com pigmentos retirados das terras de Tiradentes, em Minas Gerais, mais uma demonstração de sua verve visceral agora transmutada em passionalidade a ser vista no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno.
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