A exposição “Das coisas que vimos pelo caminho” poderá ser vista a partir do dia 08 de julho, às 19h, no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno. Eloá Carvalho e Rebeca Rasel apresentam um conjunto de obras que mostram, não apenas as pesquisas teóricas e técnicas desenvolvidas pelas artistas, mas pinturas, colagens e fotografias que propõem ao espectador um universo narrativo em que a paisagem se dissolve, o texto se fragmenta e os personagens silenciam.

As obras aqui expostas pelas artistas Eloá Carvalho e Rebeca Rasel tecem um diálogo constante com a palavra "neutralidade", que as relaciona entre si de maneira intrínseca. Do latim medieval neutralitas, neutralidade significa, em seu sentido amplo, isenção, imparcialidade, recusa a tomar partido em um conflito ou em qualquer situação que envolva posicionamentos opostos; e, ainda, anular, tornar inútil.

Em seu trabalho, Rebeca se apropria de objetos marcados pelo tempo e detentores de memória. Utiliza antigos diários destruídos e os reconstrói de modo a ser possível reconhecer somente os elementos estéticos, como a caligrafia dos antigos donos, a cor do material de suporte acidificado, as texturas obtidas com as sobreposições; o conteúdo verbal dessas escritas tão íntimas permanece desconhecido, velado pela colagem e pela pintura que a artista constrói sob o signo da ilegibilidade. A obra se constitui no momento em que a artista produz imagens que oferecem possibilidades abertas, não mais as narrativas de um objeto de uso cotidiano. Rebeca cola e remonta o texto/imagem sem que a escrita seja compreensível, anulando a funcionalidade do diário.



Por sua vez, Eloá desenvolve uma pesquisa através da pintura e do desenho – suas personagens/silhuetas se fundem por meio de técnicas pictóricas, diluídas pelas aguadas ou encorpadas pelos volumes de empaste, tornando-se a própria paisagem, "o outro como paisagem". Essas imagens pertencem às suas memórias pessoais ou são apropriações de narrativas que se relacionam com seu universo íntimo. O processo de captação dessas imagens parte da fotografia, depois do que são manipuladas e transpostas para as telas ou para papel; é nesse momento que a artista oculta, vela suas paisagens e as negocia com o fruidor – possibilita que cada indivíduo veja, ou crie, a sua paisagem, de forma que ela também, a paisagem, de individual se torne universal.

A neutralidade se revela nas obras de Eloá através da cor, e desta maneira sua obra está aberta para a "possível paisagem" do repertório de cada observador, instaurando possibilidades de poéticas e encontros. Rebeca se utiliza da imagem fotográfica como texto e do texto como imagem; de narrativas que não pretendem contar nada; de caminhos que não levam a lugar algum; de uma ação que anula outra ação. Eloá e Rebeca encontram formas de mediar os processos de troca, de negociação das coisas que vimos pelo caminho.

Abertura: 08 de julho, quarta-feira, às 19h.
Visitação: de 09 de julho até 01 de agosto de 2010.
Encontro com o Artista: 21 de julho, quarta-feira, as 19h.

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Publicado em 01/07/2010

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