Que tal um combo expressões artísticas? Essa é a proposta de "Pervertimento e outros gestos para nada", um projeto, composto por uma exposição e um espetáculo, que chega no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno. Terça-feira, dia 24 de janeiro, esse experimento cultural promete animar o público do Campo de São Bento.

Organizada pela produtora niteroiense Núcleo de Ensino e Pesquisa de Artes Cênicas (NEPAC), a exposição faz parte de um projeto cênico integrado que articula diferentes formas de expressão artística: artes visuais, teatro, música e performance. Instalar nesse espaço essa fusão de linguagens, alavancada por uma criação cênica, tem como motivação inicial o próprio Paschoal Carlos Magno, que dá nome a este Centro Cultural. Era um homem de teatro; visionário experimentador de possibilidades; incentivador de novos talentos; um transgressor de limites, cuja história se mistura às raízes do moderno teatro brasileiro.

A abertura da exposição, que acontecerá no dia 24 de janeiro, dá início a uma preparação para a estreia do espetáculo teatral no mês seguinte, nos dias 01 e 02 de fevereiro. Essa instalação será a ambientação cenográfica do espetáculo/performance teatral de mesmo nome (Pervertimento e Outros Gestos para Nada), com texto do espanhol José Sanchis Sinisterra, dramaturgo contemporâneo que em 2020 completou 80 anos de vida.

Como instalação cenográfica, a exposição tem a mesma proposta básica da peça, a partir das provocações dos textos de Sanchis Sinisterra, que assume a homenagem a uma grande referência do Teatro do Absurdo: o dramaturgo Samuel Beckett, autor de Esperando Godot, uma das obras mais revolucionárias do século XX.

Movida pela dramaturgia de Sinisterra, essa instalação cênica coloca um campo aberto de estranhamentos, deslocamentos e Compondo o ambiente fragmentário, que posteriormente será conjugado com a ação cênica, há diversos objetos do cotidiano mesclados a elementos cênicos do acervo do NEPAC, deslocados de seu uso comum. Dentre esses, destacam-se referências diretas a peças do Teatro do Absurdo: cadeiras enferrujadas e frases escritas (As cadeiras e A lição, de Ionesco); sapatos, malas e um velho gravador (Esperando Godot e A última gravação de Krapp, ambas de Samuel Beckett); grades e aramados (Piquenique no Front, de Arrabal). A isso, somam-se outros objetos banais desgastados pelo tempo, que indagam possibilidades e limites; o efêmero e a permanência, num cruzamento de finalidades e finitudes. No entorno da Galeria Quirino Campofiorito, emoldurando esses fragmentos de vida, algumas obras são compostas por tramas de elásticos brancos e fios vermelhos, formando desenhos diversos que exploram a transparência das paredes da sala.

Como partes isoladas ou pela visão do conjunto, a exposição problematiza a impossibilidade da comunicação humana; a existência como uma sucessão de fazeres enquanto se espera algo; o tempo e o espaço em fios cruzados pelo destino ou pelo acaso; a solidão; a finitude e a degradação das relações.

A peça, com livre tradução e encenação de Leonardo Simões, é um projeto contemplado na Chamada Pública para Teatro e Circo SMC 01/2022, da Prefeitura Municipal de Niterói, da Secretaria das Culturas de Niterói.

Ao todo, serão somente 2 apresentações totalmente gratuitas, no CCPCM. Em cena, Leonardo Simões, também como ator, ao lado da atriz Raquel Penner (ambos assinam a concepção desta exposição) e da violoncelista Gabriela Sepúlveda. O violoncelo, mais do que instrumento musical, atua como um quarto integrante. Com sua sonoridade que se aproxima da voz humana, será uma testemunha pulsante que irá reagir ao ato sacro-profano dos atores.

O espetáculo, assim como a mostra, se baseia na obra de Sinisterra. Seguindo essa linha de criação artística, a peça apresenta cenas quase abstratas, com textos descontínuos e muitas vezes cíclicos, que abordam principalmente o paralelo entre as relações humanas e os conceitos diluídos de personagem, autoria, representação e espectador. Retornar para o Paschoal também significa um novo olhar para este trabalho, que foi interrompido pela pandemia e possui uma vertente sobre a solidão, o abandono, a dificuldade de comunicação e tantas outras situações sofridas e vividas no período pandêmico por cada um de nós.


Serviço

Evento: "Pervertimento e outros gestos para nada" - exposição e espetáculo
Data mostra: de 24 de janeiro a 26 de fevereiro de 2023
Data peça: Quarta e quinta-feira, 01 e 02 de fevereiro de 2023
Horário exposição: 10h às 17h.
Horário espetáculo: 18h
Evento gratuito
Classificação: livre

Local: Galeria Quirino Campofiorito - Centro Cultural Paschoal Carlos Magno
End.: Rua Lopes Trovão, s/n, Campo de São Bento - Icaraí, Niterói








Publicado em 30/01/2023

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