O mais tradicional estabelecimento privado de ensino de artes da cidade de Niterói, o Conservatório de Música de Niterói formou, ao longo de mais de um século, entre outros, ilustres artistas como o Mestre Affonso Gonçalves, Wilfred Berk, Paulo Nardi, Conceição Micheline, Nilo Hack, Eugén Ranevesky e os pianistas Douglas Iuri, Sérgio Monteiro e Itajara Dias.
Em 1913, renomados músicos niteroienses, como Felício Toledo, José de Castro Botelho, Hernani Bastos, Alice Amarante e Felix Cordiglia Lavalle fundaram a Sociedade Symphonica Fluminense, cuja missão era a difusão da música de concerto, conhecida também de música clássica ou erudita.
Conectados por essa ideia, instrumentistas profissionais, professores de música, amantes das artes, jornalistas, intelectuais e homens públicos promoveram o início de um grande movimento musical: a criação de uma orquestra permanente na cidade, sediada no Theatro Municipal João Caetano - TMJC, a promoção de séries de concertos e recitais com artistas nacionais e estrangeiros.
Essa ebulição cultural revelou a necessidade de se criar uma escola de música, um espaço formal de ensino de excelência para os jovens talentos que, até então, precisavam deslocar-se para a cidade do Rio de Janeiro. Foi assim que, na Assembleia Geral da Sociedade Symphonica Fluminense de 25 de janeiro de 1914, realizada no TMJC, foi fundado a Escola de Música de Niterói.
De pouso incerto, mantendo-se com os parcos recursos provindos de alunos e associados, mas fortalecida pela confiança que lhe depositavam seus dirigentes.
Em 1919, a Escola tinha cerca de 170 alunos conseguiu o valioso concurso gratuito dos professores Felício de Toledo, Hernani Bastos, José Botelho, Carlos Eckardt, Estephania Leal Barroso, Carmenia de Azevedo, Guiomar Pereira, Maria Costa Velho e Mercedes Barreiras.
Nove anos mais tarde, em 18 de fevereiro de 1923 (lei 1645/1919), a primitiva escola de música foi transformada em Conservatório de Música do Estado do Rio, sob a presidência do maestro Hernani Bastos. Em 1926, Bastos foi substituído pelo maestro Felício Toledo.
O novo instituto musical funcionou provisoriamente na sede da Escola Thecnica Fluminense, à rua Rio Branco, 65. O CMN ocupou também uma casa na XV de Novembro 56, além de usar algumas dependências da 'Casa Verdi', loja de instrumentos de Eduaro Luiz Gomes. Apesar de uma Lei estadual de 1936, que obrigava o Estado a "prover condignas instalações", foi a prefeitura da cidade que abrigou o CMN desde então. Seja ocupando provisoriamente o prédio do Theatro Municipal João Caetano, seja a partir de 1948, no atual prédio, em regime de concessão.
Em 1934, o CMN criou a Orquestra de Cordas. Em 1952, em convênio com o governo estadual, a Orquestra Sinfônica de Niterói, com 62 membros. Esta veio ocupar a lacuna criada com o fim da Orquestra Symphonica Fluminense. Visando a cultura musical no Estado do Rio de Janeiro, seguindo o exemplo de escolas superiores nas cidades mais adiantadas, o CMN criou em 1954 o Curso de Aperfeiçoamento de Piano, ou seja o curso de formação de professores.
Em 1964, em meio às comemorações de seus 50 anos de atividades, a prefeitura renovou a cessão gratuita da casa, garantindo como compensação 150 bolsas de estudos anuais. Em 1965, o CMN foi elevado à categoria de escola de nível superior, por meio de um convênio (Decreto nº 55.913/65) assinado com a UFERJ - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro -, hoje UFF. O convênio foi encerrado em 1975, mas o CMN continuou a oferecer seus cursos superiores até a década de 2010.
Em 1994, o CMN fundou a Camerata Acadêmica, a princípio formada exclusivamente por seus alunos. Já sua Orquestra de Sopros, um dos conjuntos representativos do CMN, é formada por alunos do Cursos de Formação Musical e por músicos convidados. A Orquestra de Acordeões teve início no ano de 2012, com a ideia do professor Waldenir Duarte de reunir alunos e convidados para preservar a prática do instrumento e desenvolver a versatilidade do acordeon, tocando ritmos diversos, além do nosso tradicional forró.
Ao longo de seus mais de 100 anos de história, o CMN vem, ininterruptamente, desempenhando sua missão: a de ensinar, educar e preparar crianças, jovens e todos os cidadãos para vida musical, seja ela como profissional ou diletante. A história do CMN confunde-se com a história de Niterói e, como reconhecimento aos serviços que presta à cultura, a cidade deu o nome de dois de seus fundadores, Maestro Felício Toledo e José Botelho, a ruas da cidade.
Família Vianna
Diretora do CMN desde 2012, Isadora Vianna faz parte de uma família que desde 1956 segura a batuta da casa centenária com maestria, sucedendo a duas pianistas: primeiramente sua tia avó
Raymunda Vianna Magalhães, que comandou o Conservatório por 38 anos; e depois sua avó,
Ruth Vianna, por 21 anos.
"Há muitas décadas a minha família está à frente do Conservatório, e eu, desde os 23 anos. Nasci e cresci nesse ambiente. Através da minha avó aprendi o valor do patrimônio cultural que é o CMN e reconheço a responsabilidade que tenho de perpetuar essa tradição centenária. Quero que o niteroiense tenha acesso a todo tipo de música, por meio de recitais, workshops, bolsas de estudos e oficinas gratuitas. Nossa maior dificuldade e preocupação é com a manutenção e reforma desse casarão tombado, para preservar os seus mínimos detalhes originais", afirma a diretora do Conservatório de Música de Niterói.
De acordo com a filosofia da instituição, qualquer um pode tocar um instrumento e até mesmo se tornar um grande, mas para isso, deve ser um amante da música.
Sua Sede
Tombado em maio de 1992 como patrimônio cultural de Niterói, o prédio do Conservatório de Música de Niterói (CMN) é, segundo a Lei n° 1.066/92 da Câmara Municipal de Niterói, "uma das mais significativas edificações residenciais do Jardim São João".
A edificação, conhecida como Vila Joaquina, foi residência do comerciante e cônsul honorário de Portugal, Francisco Rodrigues da Cruz, fundador da Associação Comercial de Niterói e do Banco Fluminense, em 1924. Uma das mais significativas edificações residenciais do entorno do Jardim São João, sua arquitetura é bastante representativa dos primeiros anos do século XX, na área urbana central da cidade.
Implantada em centro de terreno de esquina - rua São João com Maestro Felício de Toledo, a edificação possui dois pavimentos sobre porão alto. Apresenta influência romântica inglesa, com seu telhado de ardósia, beiral de madeira sustentado por pequenas mãos francesas, e mansarda circular com óculo. Possui ainda uma varanda de quina, com degraus de mármore e guarda-corpo, coberta por uma estrutura metálica semicircular. O terreno é circundado por muro com gradil metálico com delicados desenhos.
Além das aulas e cursos de instrumentos, canto, teoria musical e musicalização infantil, com frequência, suas dependências abrigam recitais de canto e de música instrumental.
Tombamento municipal em 06/05/1992
Processo n° 110/0029/91 - Lei n° 1066/92
Rua São Pedro, 96 - Centro