Paraense de nascimento, a pianista Ruth Vianna dedicou grande parte de sua vida ao Conservatório de Música de Niterói (CMN), como aluna, professora e diretora. Ao longo de sua carreira, realizou inúmeros concertos solo e a dois pianos, com sua irmã Raymunda Vianna Magalhães.

Nascida em setembro de 1917, desde muito nova a artista descobriu seu talento. Ainda criança, veio residir na então capital fluminense em uma espaçosa residência na Vila Pereira Carneiro, na Ponta da Areia. Começou a gostar de música dentro da própria casa, estudando violino e piano com a mãe. Já aos 11 anos ensinava música para os amigos e vizinhos, compartilhando o incrível dom.

Em 1938, Ruth diplomou-se pelo CMN e dois anos mais tarde foi convidada pelo Maestro Felício Toledo a lecionar. Foi também professora de canto orfeônico do Colégio Estadual Hilário Ribeiro e vice-presidente da Ordem dos Músicos do Brasil.

Em 1966, assumiu a vice-direção do CMN e junto com sua irmã Raymunda Vianna Magalhães, então diretora, iniciou um novo ciclo de projetos em prol do crescimento dessa Escola que tão gentilmente a acolheu.

Entre muitos trabalhos desenvolvidos destaca-se o reconhecimento de seus cursos como de nível superior pelo governo federal. A criação do 'Tardes Musicais', projeto aberto à comunidade, levava música de boa qualidade a todos, sobretudo aos que não tinham acesso à salas de concertos. A criação da Orquestra Sinfônica do CMN permitia aos alunos exercitar prática de conjunto.

Com o falecimento da irmã, Ruth assumiu a direção do Conservatório em 1995, onde permaneceu até 2013, dividindo seu tempo entre a administração e o ensino de piano.

Aos 85 anos, lançou seu primeiro livro de poemas. Sobre ele falou ao 'O Fluminense': "É difícil publicar porque é preciso muito trabalho, estudo e dedicação. Mas, de repente, as coisas acontecem e surge aquela fome de escrever sobre a vida. Em um anoitecer, notei que um pássaro cantava triste. Observei tanto aquele pássaro e, então, surgiu um soneto. As análises contidas no livro partiram dos porquês sobre as coisas da vida."

Em Maio de 2004, a Sala Carlos Couto, anexa ao Theatro Municipal de Niterói, apresentou a exposição 'Homenagem a Ruth Vianna', com fotografias pessoais e profissionais da pianista.

Em 2010, com 92 anos, lançou seu primeiro CD, 'Sentimentos', que, segundo ela mesma disse, "reúne parte da minha trajetória com a música, meus sentimentos nas músicas". No repertório, suas referências musicais, Frédéric Chopin, Beethoven, Clementi e outros mestres da música clássica, estão presentes. O CD contou com a participação de seus ex-alunos Daniel Möller e Débora Tinoco.

Ruth Vianna faleceu a 06 de Outubro de 2015, 15 dias depois de ter completado 98 anos, deixando uma filha, cinco netos e três bisnetos. De aluna a professora, de professora a diretora, sem dúvida uma trajetória vitoriosa de uma grande mulher que dedicou sete décadas do Conservatório de Música de Niterói.




Crítica

"A Dona Ruth era de uma delicadeza e paciência admiráveis. Era como se ela não tocasse o piano e sim afagasse. Tocava acariciando o instrumento. Além disso, prestava muita atenção no aprendizado dos alunos. Era perfeccionista e exigia o melhor deles" (Pianista Laís Villela, de 62 anos, ex-aluna de Ruth).

"Tive aula com pianistas internacionais. Quanto mais eles falavam sobre teoria musical, mais eu lembrava dos ensinamentos da Dona Ruth e via o quanto ela estava certa. Ela tinha um amplo conhecimento e transmitia aos seus alunos com muita propriedade". (Itajara Dias, ex-aluno e pianista do Theatro Municipal do Rio).








Publicado em 12/12/2022

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