Área: 0,71 km2
População: 4619 habitantes (IBGE 2000)

São Domingos é um dos bairros mais antigos da cidade. Suas ruas ainda preservam um pouco da arquitetura do fim do século XIX e o ar de cidade do interior.

Localizado na Zona Sul de Niterói e originalmente banhado pelas águas da Baía de Guanabara, São Domingos é um bairro de grande interesse histórico e turístico para Niterói. Seus limites são, além do aterro ocupado pelo Campus da Universidade Federal Fluminense, os bairros do Centro, Ingá, Boa Viagem e Gragoatá, com os quais se confunde pelos acontecimentos marcantes de sua história.

Ligado ao Centro da cidade pela rua Andrade Neves, antiga rua Nova de São Domingos (1), e pela Avenida Visconde de Rio Branco, antiga rua da Praia Grande, sua área total é das menores (0,69Km2), comparada a de outros bairros do município, mesmo com o grande acréscimo do aterro em seu litoral. Sua paisagem natural está bastante modificada, nada restando da vegetação e das praias que proporcionavam um clima agradável e que tanto encantavam e atraíam os que para a Banda d'Além - como os moradores do Rio de Janeiro se referiam à região - vinham a passeio, curar suas enfermidades, morar e se estabelecer; ou que conhececiam de passagem, em direção a outros locais.

História

São Domingos é um dos bairros mais antigos de Niterói e nele aconteceram fatos significativos, que marcaram a história da cidade. Caminhando pelas suas ruas, observando edificações e praças, fica evidente a convivência e o contraste entre o passado e o presente.

Área pertencente à Sesmaria dos Índios, foi ocupada de forma semelhante a outros locais da cidade. Nela, o colonizador português se estabeleceu, chegando a existir no local propriedades agrícolas com plantação de cana-de-açúcar e um engenho, além da capela de São Domingos (hoje Igreja de São Domingos Gusmão), levantada sobre a praia por Domingos de Araújo e sua mulher Violante do Céo, em meados do século XVII. Até o início do século XX, seu território abrangia os atuais bairros do Ingá, Gragoatá e Boa Viagem.

A sua localização, ponto próximo da cidade do Rio de Janeiro e suas características geográficas naturais - as praias tranquilas, a pequena planície entre os morros e o mar - favoreceram a ocupação e o aparecimento de um povoado em torno do largo de São Domingos, ainda no período colonial. Alguns fatos contribuíram para esta ocupação: a ponte de atracação e a visita de D. João VI, em 1816. Foi também em São Domingos que morou José Bonifácio, amigo do imperador, na rua que hoje leva seu nome.

O principal meio de transporte e comunicação entre os diferentes locais era o marítimo. No litoral da Baía de Guanabara existiam diversas pontes de atracação, entre elas as de São Domingos e Guaxindiba (São Gonçalo), de onde partiam os caminhos que conduziam ao interior.

Em maio de 1816, D. João VI acompanhado por outros membros da Corte, passou uma temporada em São Domingos, comemorando seu aniversário e passando as tropas dos Voluntários Del Rey que em breve embarcariam para a Guerra da Cisplatina. Para melhor abrigá-lo, um rico comerciante de escravos, proprietário de vários imóveis, presenteou o monarca com um casarão de três andares que passou a ser chamado de Palacete. Outros imóveis foram cedidos para abrigar os membros da Corte e o palacete, localizado no largo de São Domingos, foi derrubado em 1904 devido ao seu precário estado de conservação.

Esta visita de D. João VI foi um fato marcante para o desenvolvimento de Niterói, facilitando o processo de elevação do antigo povoado à condição de Vila Real. O Alvará Régio estabelecia que a sede da Vila deveria ser erguida "no lugar chamado de São Domingos da Praia Grande". Em virtude do acanhado espaço do largo de São Domingos para erigir o Pelourinho (símbolo da autonomia), a Casa da Câmara e a Cadeia, a sede da Vila foi deslocada para outro local, o antigo Campo de Dona Helena, na parte voltada para a rua da Conceição.

Mesmo não tendo sido escolhido como sede da Vila, por todo o século XIX e início do XX, São Domingos continuou sendo um dos locais de maior significação da cidade em crescimento.

Os caminhos naturais por entre os morros do bairro têm seus antigos nomes referendados nos primeiros planos de urbanização da cidade (no início do séc. XIX) sendo gradativamente arruados, pavimentados e iluminados, inicialmente a óleo de baleia. A estes foram acrescidos novos caminhos, destacando-se a extensão da rua da Praia Grande ao longo do litoral, com o corte de morros, derrubada de imóveis, o arruamento e construção do cais, que permitiram e facilitaram o deslocamento de pessoas e mercadorias.

Transitavam também os bondes de tração animal e depois elétrica, nas suas rotas em direção ao Centro, Ingá, Icaraí, etc.

Com a criação do Município Neutro, a Vila Real de Praia Grande passou, em 1835, a ser a nova capital da Província do Rio de Janeiro, tendo seu nome modificado para Nictheroy. O lugar escolhido para abrigar os primeiros presidentes da Província, além da sede da Assembleia Legislativa, foi o antigo Palacete.

Em torno do largo de São Domingos, atual praça Leoni Ramos ou da Cantareira, prédios residenciais foram construídos, abrigando o endereço de diversos nomes ilustres da Província. Também no bairro, considerado um subúrbio do Centro no século passado, estabeleceram-se negócios como armazéns de secos e molhados, farmácias - com médicos e armarinhos; colégios, hospital, hotéis e pensões, gráficas e outros. A primeira agência do correio de Niterói foi estabelecida em São Domingos - a Travessa Alfredo Azamor era conhecida como o Beco do Correio.

O bairro tem vida noturna agitada com os bares que cercam a Praça Leoni Ramos, que fez com tenha ganho o apelido de "Lapa de Niterói", em alusão ao bairro carioca da Lapa.




A regularização das comunicações entre o Rio e Niterói, necessária pelo grande movimento de passageiros e mercadorias, passou a existir através da concessão do serviço de navegação a particulares que recorreram a barcos a vapor. Esses vapores atracavam para embarque e desembarque na Praia Grande e em São Domingos. As embarcações e os bondes funcionavam com horários sincronizados, para melhor atendimento aos usuários. Em São Domingos, a Companhia Cantareira possuía um estaleiro para reparos de embarcações, hoje um dos símbolos do bairro.

Já possuidor de feição residencial, companhias estrangeiras (inglesas e alemães) estabelecidas no Rio de Janeiro escolheram São Domingos e os atuais bairros vizinhos como local de moradia de seus funcionários. Os estrangeiros introduziram novas práticas esportivas ligadas ao mar, especialmente o remo e a vela. Eles foram responsáveis pelo aparecimento de clubes como o Audax (remo) e o Iate Clube Brasileiro, o primeiro clube de vela do Brasil. O ICB esteve instalado em terreno próximo ao Audax, de 1910 a 1923, até a sua transferência para a Estrada Fróes.

O antigo estaleiro, hoje Estação Cantareira, que já abrigou muitas atividades culturais e shows, foi transformada em polo de cultura. Ao lado, foi erguido o Centro Petrobras de Cinema, uma obra que faz parte do Caminho Niemeyer e foi projetado pelo próprio arquiteto que dá nome ao complexo. No espaço funciona um Complexo de Cinema, o Reserva Cultural, e a Sala de espetáculos Nelson Pereira dos Santos, ligada à Fundação de Arte de Niterói. Na rua Presidente Domiciano se encontra o Solar do Jambeiro, espaço cultural no antigo e luxuoso Palacete Bartholdy (1872), e o Museu Janete Costa de Arte Popular.

O bairro também tem tradição acadêmica e abriga muitos campi da Universidade Federal Fluminense (UFF) como os campi de Comunicação Social (IACS), de Economia e o Campus da Praia Vermelha, além das Faculdades Maria Tereza. Para crianças em idade escolar, o bairro abriga o tradicional colégio Marília Mattoso, localizado na Rua José Bonifácio, e o IEPIC - Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho, que foi fundado em 1835 e ocupa um imponente casarão ma Travessa Manoel Continentino.

(1) Em 1824 foi aberta da rua Nova de São Domingos que vai do Largo do Pelourinho a São Domingos pelas terras de D. Helena Francisca Casimira;

Leia também: Igreja de São Domingos Gusmão










ÍNDICE DOS BAIRROS DE NITERÓI

REGIÃO DA BAÍA REGIÃO NORTE REGIÃO PENDOTIBA REGIÃO LESTE
Ponta D'Areia Ilha da Conceição Ititioca Muriqui
Centro Barreto Largo da Batalha Rio do Ouro
São Domingos Santana Maceió Várzea das Moças
Gragoatá São Lourenço Sapê
Boa Viagem Engenhoca Badu REGIÃO OCEÂNICA
Ingá Fonseca Cantagalo Jardim Imbuí
Morro do Estado Cubango Maria Paula Piratininga
Icaraí Tenente jardim Matapaca Cafubá
Fátima Viçoso Jardim Vila Progresso Jacaré
Pé Pequeno Baldeador Santo Antônio
Santa Rosa Caramujo Camboinhas
Vital Brazil Santa Bárbara Serra Grande
Viradouro Maravista
São Francisco Itaipu
Cachoeira Engenho do Mato
Charitas Itacoatiara
Jurujuba








Publicado em 14/08/2013

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