Prédio construído entre 1906 e 1907, no antigo Largo da Detenção, pela Companhia Cantareira Viação Fluminense, para abrigar a usina geradora de eletricidade e as oficinas reparadoras dos bondes elétricos de Niterói, que, no ano anterior, teve seu sistema de tração animal convertido em elétrico. Atualmente, o imóvel abriga o Centro Cultural Abrigo dos Bondes - Espaço Antônio Callado, além de lojas.

A edificação, que fica na Rua Marquês do Paraná, entre a Rua São João e a Rua Marechal Deodoro, no Centro da cidade, de caráter industrial, possui no seu galpão principal uma estrutura metálica importada, conferindo ao espaço amplidão e versatilidade. Essa estrutura é envolvida por fachadas de alvenaria com elementos decorativos classicizantes. Sua empena forma um frontão constituído de entablamento e cornijas descontínuas, onde se destaca um relógio. A fachada lateral interna é de alvenaria com quinze vãos em arco pleno conferindo-lhe um caráter clássico.

A fachada principal, voltada para a Rua Marechal Deodoro, embora parcialmente mutilada em 1977 quando do alargamento da Avenida Marquês de Paraná, ainda mantém suas características arquitetônicas; sua empena forma um frontão constituído de entablamento e cornijas descontínuas; chama a atenção um relógio, de origem inglesa, colocado na abertura central do frontão.

Os motores dos bondes provinham da Companhia Westinghouse. Os trucks vieram da empresa J. G. Brill e a lotação, de quarenta passageiros, distribuía-se em dez bancos de teca (teak-wood) envernizados. Os bondes, que inicialmente ficavam guardados nas oficinas de seção de navegação em São Domingos, após a inauguração do Abrigo, passaram a ocupar aquele espaço.

Por seu valor histórico e arquitetônico para a cidade, em 7 de abril de 1993 a Prefeitura Municipal tombou provisoriamente o imóvel, situado à rua São João, 383, Centro, por meio do Decreto nº 6.595/93.

Mais tarde, um acordo com uma rede de supermercados permitiu a criação do Centro Cultural, inaugurado em 10 de junho de 2009. A empresa revitalizou o prédio e foi autorizada a instalar no terreno anexo, uma de suas lojas.


História

Data de 1871 o aparecimento, na cidade, dos primeiros bondes, tornando-se Niterói a sétima cidade brasileira a contar com tal meio de transporte. A primeira concessão foi dada ao Tenente-Coronel João Frederico Russel, em janeiro de 1871. Logo em seguida, a Companhia de Ferro Carril Nictheroyense adquire a concessão e inaugura, em agosto daquele mesmo ano, a primeira linha de bondes, a qual saía da estação das barcas de São Domingos, atravessava os bairros do Ingá e Icaraí e findava junto ao Morro do Cavalão.

Aos poucos, outras linhas iam sendo construídas e, logo, vários pontos da cidade puderam contar com aquele tipo de transporte: Largo do Marrão, Largo do Quartel, Viradouro, Santo Rosa, Canto do Rio, Cubango etc. Posteriormente, a Ferro Carril compraria a empresa de Barcas Fluminenses.

Durante os anos seguintes, várias empresas estiveram à frente das atividades: Trilhos Urbanos de Nictheroy (1877); a Companhia Carris Urbanos de Nictheroy (1883); Empresa de Obras Públicas no Brasil (1889) e, finalmente, a Companhia Cantareira e Viação Fluminense que, em 1892, ficou como responsável pela expansão da malha.

Em 1905, por pressão de Nilo Peçanha, então Presidente do Estado, a Cia. Cantareira transformou o sistema de tração animal em tração elétrica, inaugurando esse serviço em 31 de outubro de 1906. Para tanto, foi necessária a montagem de uma usina geradora de eletricidade, além de toda a estrutura de maquinaria, trilhos e fiação que dariam suporte para as novas transformações urbanas. O antigo Abrigo de Bondes foi construído, então, para abrigar a usina e oficinas de reparos dos veículos.

A partir da década de 1960, com o fim dos bondes e a criação da SERVE, a edificação passou a servir como garagem de trólebus e ônibus, dando início a um processo de degradação do prédio. No início da década de 1970, o prédio foi reformado, tendo uma parte demolida para permitir o alargamento da rua Marques do Paraná, necessário para construção dos acessos para a Ponte Rio-Niterói. Pode-se observar que, com isso, o prédio ficou assimétrico, mas a fachada principal ainda que mantendo suas características arquitetônicas originais.

Ao longo dos anos, o espaço foi sendo sucateado e esquecido, até que em 1999, a Prefeitura tornou-o de utilidade pública para fins de desapropriação.

O Centro Cultural Abrigo dos Bondes - Espaço Antônio Callado conta com sala multiuso com capacidade para 400 pessoas, para apresentações de teatro, shows, palestras, workshops e exposições. A área construída é de 3.500 metros quadrados. Além do supermercado, abriga 17 lojas. Também apresenta uma exposição permanente sobre a história do sistema de bondes da cidade.

Antes revitalização o prédio serviu a uma das bases de vistoria do Detran-Niterói. O nome duplo faz referência à história do imóvel e homenageia o escritor niteroiense Antônio Calado.





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Publicado em 15/03/2013

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